Quando éramos jovens gostávamos de desafios e sempre estávamos procurando algo novo para nos nutrir de adrenalina.
 
    Numa noite escura estávamos eu e mais quatro amigos sentados em frente de casa e Toninho lançou um desafio.
 
    - Duvido que exista um cara macho que vá até o cemitério agora!
 
    - Agora é fichinha. – disse o Magrão – Tem de ser à meia-noite!
 
    - Eu topo – eu falei no impulso já me arrependendo de tê-lo dito.
 
    - Combinado – disse todos de uma vez.
 
    A partir daquele momento os minutos correram soltos e antes que eu pudesse arranjar uma desculpa para sair dessa o relógio soou doze batidas.
 
    Toninho muito esperto disse:
 
    - Traga algo para comprovar sua imensa coragem ah, ah, ah!
 
    Da esquina meus amigos ficaram à minha espera e mergulhei na escuridão...
 
    As arvores traziam refrigério com suas sombras refrescantes durante o dia, e traziam agora o medo da escuridão que inundava minha alma.
 
    A cada passo que eu dava meu coração acelerava mais ao ponto de senti-lo bater dentro de minha boca.
 
    O vento assoprava calmo e me fazia ouvir assovios eriçando os pelos de meu corpo inteiro.
 
    A placa solta sobre o tumulo seria a prova ideal de minha coragem. Peguei-a e saí em disparada de volta para a segurança da companhia de meus amigos.
 
    Mas o que narrarei agora muitos não darão credito e ainda dirão que sou mentiroso, mas acreditem é a mais pura verdade...
 
    Avistei meus amigos, eles estavam me esperando enquanto gargalhavam com alguma piada como sempre faziam.
 
    Ao avistá-los diminui a carreira para passos rápidos para demonstrar que não estava me borrando de medo.
 
    Eles agora já estavam convencidos de minha coragem e sorriam a espera de lerem o que estava escrito naquela pequena placa de metal amarelada pelo tempo que comprovaria minha coragem...
 
    Os sorrisos cessaram e os olhos dos meus amigos ficaram sérios e sombrios ao constatarem o que estava gravado na placa.
 
    Quatro nomes estavam gravados naquela velha placa, eram os nomes dos que me esperavam. Meus melhores amigos.
 
    Neste instante montada num esquelético porem robusto cavalo que soltava fogo pelos orifícios onde talvez um dia existiu um par de olhos estava bem à nossa frente e sorria estranha, a morte, que num passe de magica levou meus quatro amigos, me deixando aqui sem nenhuma explicação para o sumiço deles e agora meus advogados pediram para não contar essa historia para o juiz, pois ninguém acredita em mim...



Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 13/04/2013
Reeditado em 13/04/2013
Código do texto: T4239221
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