a estranha visita.

Aconteceu há muito tempo, mais a história continua viva na memória do peão. Ele devia fazer uma vagem, para atender uma necessidade. Naquele tempo os vilarejos do município eram distantes e as casas muito longe uma das outras. Foi numa noite como qualquer outra que ele decidiu fazer essa viagem, desobedecendo a um conselho que lhe deram. Na realidade ele não ligava muito para as histórias do povo local, mesmo assim a superstição que tentava driblar, era algo inerente ao sangue, Já trazia isso em sua cultura campestre. Talvez por isso, se encheu de cachaça, subiu no cavalo, e saiu sem nenhum senso de orientação. Teve essa coragem porque o dono do cavalo, outro viajante que o emprestou, disse a Dimas que ,por fazer tantas viagens por esse mesmo caminho escuro, o animal já sabia ao certo como chegar a comunidade desejada. Dimas devia sair mesmo o mais rápido possível e assim que a escuridão da noite foi iluminada pela lua cheia, ele partiu. Atravessou cemitérios, antigas cabanas abandonadas e pegou no sono.

Acordou horas depois no chão, e o cavalo havia desaparecido, ele viu que estava num caminho de mata fechada, e, portanto, seguiu a pé para achar ajuda. Começou a caminhar devagar, quebrando o desconfortável silencio da madrugada. Em meio ao brilho dos vagalumes enormes, avistou uma cabana aparentemente abandonada. Começou a chover forte de repente, foi à fonte de sua pressa pra entrar. Abriu a velha porta de madeira.

Começou a desarrumar suas coisas. Então disse uma frase.

- desse lugar nem o diabo me tira.

Foi então que ouviu alguém bater na porta. Abriu e viu algo surpreendente. Uma linda mulher, que não esperava ter visto nem em seus sonhos.

- Por favor, entre, saia da chuva.

Convidou ele.

Ela deu-lhe um belo sorriso e entrou.

- pode se secar com isso.

Ele deu um pano a ela, dizendo:

- sabe senhora, eu tenho aqui um pedaço de charque que vou fazer para o nosso jantar.

A mulher sugeriu como retribuição:

- deixa que eu cuido de prepará-lo então. Enquanto isso vai atando sua rede.

.

Então ela foi em direção à cozinha preparar o jantar. As cozinhas eram tradicionais, os fogões eram feitos de barro. Como usavam carvão vegetal, tinham que fazer brasa como num churrasco.

Dimas achou estranho ela não pedir fósforos, afinal, como ela poderia fazer o fogo? Ele seguiu silenciosamente para ver o que ela estava fazendo. Quase ficou paralisado de medo quando a viu tirar brasas da própria boca. Ela praticamente vomitava brasas.

“ Vigie Maria ! esse é um satanás” – pensou.

Então ele retornou muito devagarinho para arrumar suas coisas, desarmou a rede sem fazer barulho, e quando conseguiu, saiu desesperado pela porta afora.

Quando ela deu pela falta dele, correu para persegui-lo. Pega e não pega, pega e não pega. Até que ele atravessou uma cerca de arame farpado, invadindo uma fazenda. E se escondeu embaixo do gado.

Ele não viu a criatura, mais podia ouvi uma voz aterrorizante saindo das sobras lhe dizendo algo como:

- você só escapou porque o gado é um animal abençoado por Deus. Isso é para nunca mais dizer besteiras.

Tesla da escrita
Enviado por Tesla da escrita em 08/04/2013
Reeditado em 08/04/2013
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