Dama de Copas: Reconhecendo Parentes
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Todos esperavam que Lisandra estivesse certa, e no fundo eu também esperava isso, mas não poderia me prender a essa esperança minha decisão já estava tomada e nada me faria voltar atrás, se fosse preciso faria sim o feitiço original e torceria para que aqueles que estavam ali ao meu redor, e também Fabbyanne e Lisandra ficassem bem.
Estavamos ali parados quando ouvi um grito de Fabbyanne vindo do quarto dela.
Me desvencilhei de todos e sai correndo em direção as escadas e subi correndo em direção ao quarto de Fabbyanne, cheguei um pouco antes de uma das empregadas chegar até a porta.
- Pode deixar que eu vejo Kim.
- Tudo bem Milady, eu posso verificar...
- Kim, isso eu resolvo, por favor vá la para baixo e fale para ninguem mais vir aqui pra cima.
- Sim senhora.
Os outros chegaram logo que a garota saiu então eu abri a porta, Fabbyanne estava caida no chão, se contorcendo, parecendo agoniada, eu entrei no quarto e avisei aos outros que não entrassem pois eles não conseguiriam sair rapidamente se fosse preciso. Me ajoelhei ao lado dela, e a abracei, ela tremia muito, estava descontrolada.
- Oo quue estata aaacoontecendo?
- Calma Fabbyanne, tente se acalmar.
- Esta tudo doendo, paparece que....
Eu lembrava um pouco daquela dor, sabia que ela estava no seu limite, então fiz um conjuro que iria fazer ela dormir, em poucos segundos ela havia relaxado nos meus braços, coloquei ela de volta na cama, e fui em direção à porta, retirei o feitiço, sai e coloquei novamente.
- Ela está bem?
- Sim Grayce, ela esta sentindo seu corpo reagir à transformação, e sinceramente eu não sei como ela ira ficar até o final de toda a transformação, é uma situação totalmente nova.
- Posso ficar junto com ela?
- Não Grayce, é arriscado demais, não sei como ela pode reagir, e não quero que nada aconteça com você.
- Mas...
- Grayce, não insista por favor, será horrivel pra vocês duas se algo acontecer.
- Tudo bem, mas posso pelo menos ficar aqui na porta, mesmo do lado de fora?
- Pode Grayce.
Abri a porta novamente e Grayce se sentou ali, olhando Fabbyanne enquanto ela dormia.
Logo escutei o mesmo grito de dor vindo do quarto de Lisandra, fui para lá e já entrei encontrando ela caida no chão, o corpo se contorcendo de dor. Fiz o conjuro rapidamente, e logo ela já havia relaxado e dormia, peguei ela, e coloquei na cama. Desfiz o conjuro e sai do quarto refazendo ele assim que sai.
- Isso quer dizer que está dando certo?
- Não sei Eva, tudo indica que sim, mas eu sinceramente não sei o que dizer, o que esperar.
- Calma amor, tudo o que você poderia fazer você esta fazendo.
- Eu sei Wilton, mas como eu posso ficar aqui esperando sabendo que elas estão sofrendo.
- Mas você já as acalmou meu amor, agora temos que esperar.
- Eu sei... Eu preciso dar uma volta, elas vão ficar bem por pelo menos umas duas horas, qualquer coisa a Grayce pode refazer o conjuro.
- Eu não sei que conjuro fazer Danielle.
Falei o conjuro pra Grayce e pedi para que ninguem entrasse nos quartos. Avisei-os de que se elas acordassem novamente para lhes dar o restante do sangue que estava nas garrafas que ficaram na biblioteca.
Desci as escada, e fui em direção aos estabulos, peguei eu mesma tudo o que era necessario, arrumei um dos cavalos e sai, eu precisava pensar um pouco, precisava sair da casa e de toda aquela tensão, montei e fui em direção ao um dos lugares mais afastados da propriedade, uma colina que existia quase nos limites da propriedade e que sempre foi meu refugiu quando queria ficar sozinha, aticei o cavalo para ele ir mais rapido e em pouco tempo estava no alto da colina.
Desmontei e fiquei ali apreciando o vento que soprava levemente no meu rosto e nos meus cabelos, soltei o cavalo tirando a cela e os arreios e o deixei ali pastando, me deitei na grama olhando para o céu e fiquei perdida em pensamentos.
Me lembrei de quantas vezes quando ainda era humana eu havia feito isso, fugido para essa mesma colina apenas para sair de dentro de casa e poder apreciar a natureza, poder fugir de minha tutora...
- Não pode ser possível...
Me levantei assutada com aquela voz, e olhei em volta, procurando de onde vinha aquela voz, foi então que a vi, estava um pouco longe, mas reconheci de imediato, era minha irmã mais nova, e estava exatamente do mesmo jeito que eu me lembrava dela no dia em que ela fez quinze anos, foi a ultima vez que vi minha familia de perto, antes de Lorde de Copas me convencer de que eu ficar na Inglaterra era arriscado demais alguém me reconhecer já que fazia tres anos que minha familia havia me dado como morta.
Olhei com descrença para o moça que estava a poucos metros de mim. Mas as roupas eram novas, modernas. Nada do tipo que minha irmã usava.
- Quem é você?
- Eu me chamo Alexandra.
- Me desculpe, mas acho que não nos conhecemos Alexandra.
- Não, nós não nos conhecemos, mas é que você me lembrou muito um retrato muito antigo que minha bisavó possuia.
- Sua bisavó?
- Sim, ela tinha em sua posse um retrato de uma irmã dela que foi rapitada por ladrões, minha bisavó sempre olhava para o retrato e falava que queria muito saber a verdade do que havia acontecido.
- E você me achou parecida com a pessoa do retrato?
- Sim, a semelhança é incrível, poderia dizer que é até a mesma pessoa.
- Alexandra, porque você não se aproxima mais e me conta mais sobre a sua bisavó e esse retrato misterioso?
- Com prazer...
Vi a moça se aproximando de mim, e conforme ela se aproximava mais a incrivel semelhança ficava evidente, mas ela passou pela barreira de proteção que havia na propriedade, o que tudo indicava que ela era humana, mas seria apenas coincidencia ou realmente aquela garota era descendente de minha irmã mais velha. Assim que ela chegou perto de mim a convidei para sentar.
- Agora que estamos mais próximas, porque não me conta mais sobre sua bisavó? Como ela se chamava?
- Minha bisavó chamava-se Jane, Jane Winsconsin.
- E esse retrato que ela possuia você sabe a história dele?
- Sim, pelo que eu me lembro que ela contava quando eu era pequena era que ele tinha sido pintado como presente para a irmã dela, no aniversário de 16 anos dela. E tinha sido entregue no primeiro baile que ela foi, vovó Jane não sabia muito os detalhes pois ela não pode ficar durante todo o baile, mas lembrava de que a irmã passou horas no dia seguinte falando de como estava feliz pelo presente e também porque ela iria poder finalmente começar a realizar o sonho de encontrar um marido e ter sua própria família.
- E o que mais você sabe?
- Vovó sempre falava que após cada baile a irmã dela sempre lhe contava como estava feliz e que ela achava que havia encontrado um bom rapaz e que eles iam ser muito felizes, mas por algum motivo eles não puderam ficar juntos, o pai delas proibiu de eles se verem novamente, até que no ano seguinte ela foi pedida em casamento por um importante Conde, mas foi rapitada na mesma noite e nunca mais se teve notícias dela. Mas minha bisavó sempre falava que a havia visto de longe no baile em que ela foi apresentada à sociedade, mas conseguiu ver a irmã apenas por alguns instantes e depois nunca mais a viu. Todos falaram que aquilo era impossível, já fazia três anos que a irmã dela estava desaparecida. Mas vovó Jane sempre falava que sentia que sua querida irmã não poderia estar morta.
- E como se chamava a irmã da sua bisavó?
- Eu não tenho certeza, mas acho que era Danielle, só sei que minha bisavó sempre falava que enquanto a família permitia ela vinha a essa casa para ver o quarto que havia sido da irmã dela.
Enquanto ouvia Alexandra contar a história da sua bisavó parecia que podia ouvir a voz da própria Jane contanto tudo aquilo, todas as lembranças da minha querida irmãzinha vieram à tona, todas as nossas travessuras, as nossas brincadeiras, as lágrimas vieram aos meus olhos, e não pude segurá-las.
- Desculpa moça, mas você está chorando?
- Desculpa, foram só algumas lembranças que não pude evitar...
- Entendo..
- Mas Alexandra, uma coisa me confundiu na sua história.
- O que?
- Essa propriedade pertenceu à família de Conde Woodhouse, que se não me engano o sobrenome era Frosty.
- Sim, é verdade, o nome de solteira da minha bisavó era Frosty, Winsconsin foi o nome que ela passou a usar quando ela se casou com o Conde Wandervill.
- Me desculpe a curiosidade, mas em que ano foi isso?
- Foi em 1854, porque?
- É que eu gosto muito de história, e se eu não estou enganada o Conde Wandervill deveria ter por volta de 40 anos nessa época.
- Sim, é verdade, o irmão mais velho do Conde tinha 42 anos quando ele morreu um ano antes.
- Irmão mais velho?
- Sim a vovó se casou com o segundo herdeiro dos Wandervill, seu nome era Taylor.
- Sua bisavó se casou com Taylor Winsconsin?
- Sim, eles se conheceram na segunda temporada dela na sociedade, e fazia apenas seis meses que ele havia adquirido o titulo e as propriedades da família...
Eu estava totalmente sem condições de falar nada, as lágrimas invadiam meus olhos e o choro fechou minha garganta, minha irmã não sabia o nome do rapaz por quem eu havia me apaixonado, e eu nunca lhe contei por que não pudemos ficar juntos. Mas como eles se conheceram? E porque eles se casaram?
- Moça, você está bem?
- Me desculpe Alexandra, mas isso me trás muitas lembranças, não pude evitar as lágrimas...
- Tudo bem, mas você conhece alguma coisa da história da minha família?
- Sim, consegui descobrir algumas coisas com algumas pesquisas.
- E você poderia me contar?
Quando ia responder escutei a voz de Wilton me chamando ao longe, sabia que logo ele estaria ali e não queria ter que dar muitas explicações pra ele. Ele com certeza reconheceria a semelhança entre aquela moça e minha irmã.
- Vamos fazer o seguinte, está ficando tarde, e eu preciso voltar pra casa. Mas porque não nos encontramos amanhã aqui na parte da manhã e eu te conto tudo o que eu sei.
- Eu iria adorar.
- Ótimo, e quem sabe você não vai conhecer a casa onde sua bisavó cresceu.
- Sério mesmo? Você me mostraria a casa?
- Sim, mostraria Alexandra.
- Muito obrigada...
- Pode me chamar de Dama de Copas.
- Igual a carta do baralho?
- É sim, igual a carta do baralho..
- Tudo bem.
- Eu preciso ir agora, mas te espero aqui amanhã cedo.
- Estarei aqui com certeza.
Ela me mostrou um sorriso autentico, então eu me despedi e montei virando o cavalo em direção à casa, antes porém fiz ela esquecer que havia me visto, deixei-a apenas com a lembrança de ter encontrado uma amiga e que iriam se encontrar novamente naquele local no dia seguinte, aticei o cavalo e fui rapidamente para a direção de onde vinha a voz de Wilton, rapidamente o encontrei. Vi que a expressão dele era de alívio ao me ver.
- O que aconteceu?
- Tentaram nos atacar.
- Quem?
- Não temos certeza, mas sabemos que foi alguém ligado à magia negra, e que tentou penetrar na propriedade pelo lado sul.
Era o lado oposto de onde eu tinha estado, mas quem poderia ser eu não tinha a menor idéia.
- Eu estou bem, estava do outro lado da propriedade.
- Sim, mas ficamos preocupados então eu sai pra lhe procurar, e segui assim que senti que seu cheiro ia para o lado oposto fiquei mais tranquilo, mas mesmo assim queria te encontrar.
- Fique calmo, estou bem.
- Sim, agora seu disso, mas precisamos voltar pra casa as meninas também estão precisando de ajuda, a Fabbyanne e a Lisandra não estão nada bem.
- O que aconteceu?
- Vamos voltar e você mesma poderá ver.
Wilton subiu na minha frente no cavalo e voltamos rapidamente para a casa, chegando nos estábulos pude ouvir os gritos de agonia de Fabbyanne e Lisandra...
(...CONTINUA...)