O Açougueiro
Cortando os membros mutilados,
Dissecar esses cadáveres recém chegados,
Retirar água dos pulmões afogados
Dos corpos que chegam todos necrosados!
Abrir os crânios com um serrote,
Na tarefa de colher um laudo de necropsia
Tampar a hemorragia em garrote
Sentido a pestilência para a nova autopsia!
Refazer em esforço outras suturas
Calculando o número em mórbida precisão,
Destes corpos construir as ligaduras
Para concluir a minha trabalhosa compleição
Carnes podres sendo ajuntados,
Vermes consumindo o carne diante do sol
Daqueles que foram mutilados,
Conservá-los em cada pote cheio de formol
Aguardando o nefasto reconhecimento
Do morto que foi encontrado em um matagal
Desde a hora de seu mortal falecimento
Até a entrada para este instituto médico legal
Sangue e vísceras em cada dia,
Respirando os aromas como um perdigueiro
Para aliviar dos vivos essa agonia
E me transformar no sanguinário açougueiro