O cárcere dos sonhos
A mão da loucura algemava Estefânia. Com o medo de que o transtorno perdurasse até o definhar de sua carcaça, mantinha a concha do imaginário sempre aberta. Restou para o azar, os devaneios obscuros quando a sua mente mantinha-se ausente.
Notou que eram frequentes as vezes em que o relógio atrasava. Quando estava dentro do casulo, na escuridão do desconhecido, o tempo já caminhava lentamente para despertá-la daquela vida insana de ilusão.
Necessitava desesperadamente desse momento de lucidez, por mais efêmero fosse.
Mas certa vez, sem conseguir evitar, aprisionou-se na lacuna entre o certo e o incerto dessa janela imaginária e não mais despertou do cárcere dos sonhos, pois nesse labirinto das horas não havia ponteiros.