Anjo negro
Naquela noite o anjo negro assustou-a. Ela conseguia vê-lo como uma fumaça densa, no entanto muito brilhante, todas as noites quando a escuridão acostumava-se aos seus olhos.
Às vezes pensava escutar a sua bela voz conselheira, e os sonhos rumavam para o aconchego nos seus braços gigantes. Ele possuía enormes asas como todos os outros, mas essas eram negras, com um inconfundível brilho azul marinho.
Agora os seus olhos denunciavam uma imensa agonia, uma tristeza que estava sufocando-a. Procurou pelo sol, num último lampejo de consciência, contudo não se encontrava ao seu alcance.
Então notou que o mal se aproximava velozmente em forma de mãos flamejantes que finalmente envolveram o seu pescoço com incontroláveis labaredas, queimando e derretendo a sua pele, tão quentes eram. Tardiamente pôde perceber que a sombra ao pé da cama não era angelical, pois lhe transportou para um abismo sombrio, sem brechas para a luz.