A morte lhe espera...
O odor fétido de putrefação poderia lembrar ratos em decomposição, mas o olfato já acostumara-se com o ambiente. Com as mãos tentava afastar os mosquitos que circulavam esfomeados em voos ligeiros na busca do melhor pedaço de carne deteriorada.
Talvez faltasse água no casebre, mas não queria pensar nisso. Somente alguns filetes da luz do sol atravessavam as paredes de madeira e o frio do inverno pesava nas suas pernas gangrenadas. As formigas diariamente carregavam os detritos que foram se acumulando nos cômodos muito úmidos.
Dentes lhe faltavam para comer o último pedaço de um assado quase pútrido pela ação do tempo. E quando olhou desanimado para si mesmo, para o seu corpo escaveirado, repleto de larvas acomodadas nos sulcos ulcerados, pensou estirar-se logo num caixão antes que a noite chegasse, porque a escuridão o aterrorizava.