Abduzido na Praia de Santos

Nota: Abdução - Rapto com violência, fraude ou sedução. (fonte dicionário Aurélio)

Abdução Alienígena - Pessoas que foram levadas secretamente, contra a própria vontade ou não, por entidades aparentemente não humanas, e então submetidas a procedimentos físicos e psicológicos de complexidade não compreendida. Aqueles que alegam terem sido abduzidos frequentemente relatam exames médicos forçados. A natureza dos relatos de abduzidos varia, com alguns relatando experiências assustadoras e outros relatando uma experiência agradável ou transformadora. (fonte Wikipédia)

“Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que permite sonhar nossa vã filosofia”. — William Shakespeare

Roger, 23 anos, vinha de uma rotina exaustiva de estudo e trabalho. Cursava engenharia da computação na FIAP e trabalhava com desenvolvimento de software para uma empresa conceituada, já estava no 4º ano. Estava namorando há três anos com uma moça que conheceu na faculdade, Julia, de 22 anos, sentia que por causa da sua vida corrida ele não dispunha da atenção que a moça merecia, eles se gostavam muito.

Dia 15 de Novembro, feriado prolongado, todos seus amigos indo para praia ou interior e ele quebrando a cabeça com mais um TCC, mas prometeu a si mesmo que no próximo fim de semana iria molhar as canelas na praia, nem que fosse um bate-volta, precisava de um pouco de descanso para sua mente estafada.

Sábado dia 24, no seu quarto com sua namorada, após uma tarde de amor, ele estava entusiasmado para ir logo descer até a baixada santista, seria até melhor que no feriado, menos gente e mais sossego na hora da volta para casa, queria apenas passar aquela noite de sábado e à tarde de domingo, voltaria depois das 17 horas.

Julia não conseguia disfarçar o mal estar que estava sentindo naquele momento, enjoos, náuseas a faziam quase desfalecer na frente de Roger.

— O que aconteceu meu bem?! Vou te levar agora pro pronto socorro...

— Roger preciso te contar uma coisa...

— Fala Julia, você está doente?

— Fiz o teste de gravidez e deu positivo.

O rapaz caiu no sofá com os olhos vidrados em direção à barriga da moça, parecia enfeitiçado, abobado, surpreso.

— Fala alguma coisa Roger...

— Caracas!... Vou ser pai. Que coisa linda!

Roger abraçou Julia, ainda estava se recuperando do baque, não sabia nem oque dizer e nem precisava, seu rosto era de sublime êxtase, acariciou o abdômen da moça, chorando, feliz, muito feliz.

— Não vamos pra Santos... Iremos em outra vez.

— Vai você amor. Você necessita de distração, anda muito preocupado com muita coisa e agora vai ser pai... Será uma boa relaxar e colocar a mente em modo diversão. Prometo que na próxima eu irei contigo.

— Tá bom Julia. Mas hoje você dorme aqui, irei lá pelas 3:30 e antes do meio dia eu volto.

A hora chegava perto das onze da noite quando o casal foi até a sala onde estavam os pais do moço, Roger ainda com as pernas bambas. Deram a noticia aos futuros avós que se preparavam para se recolher. Gritos de festejo e risadas regadas a cerveja sucederam-se até perto da meia noite. Roger e Julia voltaram para o quarto, dormiram, perto das 3:20 hs o rapaz levantou, deu um beijo no rosto da moça, trocou de roupa rapidamente e foi até a garagem pegar a moto. Empurrou a moto por uns 50 metros, para não despertar ninguém próximo de sua casa, subiu na motocicleta, deu partida e acelerou ganhando o mundo, não existia quase movimento nenhum aquela hora e mesmo assim guiou devagar, rumo a uma aventura que ficaria cravada em seu ser.

Mesmo de moto, levou mais de uma hora para chegar à cidade de Santos, primeira parada: Praia José Menino.

4:30 e quase ninguém na rua, praia bem iluminada, pelo menos assim estava a avenida principal, poucas luzes acesas nos apartamentos. Estava perto do parque municipal Mário Santini, ao longe avistava o monumento Tomie Ohtake, desceu da moto, a deixou próxima ao meio fio e andou em direção a praia, tirou um cantil do bolso ao qual estava cheio de vodka, desroscou e tomou um gole, apreciando o barulho das ondas e o vento mormaçado no seu rosto. Respirava fundo sentindo o aquele ar, aquela sensação que tanto ansiava. Um mendigo estava deitado em um monte de areia e aparentemente bebaço, assim que Roger passou perto dele, o desafortunado lhe pediu um cigarro.

— Desculpe irmão, não fumo.

— Então me dê um gole da sua pinga irmão... – Disse o mendigo apontando para o cantil.

Roger encheu o copo plástico que o homem estendeu em sua direção com um sorriso de satisfação. O mendigo agradeceu e bebeu o liquido que descia quente dentro do peito em um gole só. Acabou por deitar mais uma vez no monte de areia a fazendo de travesseiro.

Riu da cena balançando a cabeça negativamente, deu as costas e andou mais um pouco e bebericando o resto do líquido inebriante, porém delicioso. Parou de frente a imensidão do mar negro, descalçou os tênis, subiu as barras da calça e pôs-se a andejar com os pés nas águas gostosas de José Menino.

Resolveu tirar umas fotos, para testar a câmera do seu novo celular, ao qual a propaganda dizia que melhoraria as fotos em condições de pouca luminosidade e talvez postar numa rede social. Mirou o aparelho para o mar e tirou uma de teste, se surpreendeu ao ver a fotografia realmente ter ficado mais clara e sem borrões ou ruído, fitou com o aparelho mais uma vez direcionado para o mar, mas dessa vez existia uma luz bem ao longe piscando intermitentemente. A luz aproximava-se da praia e chegando mais perto ele pode notar que não era apenas uma mas varias luzes e o objeto foi ganhando uma forma discoide, mas nem um som provinha daquilo.

O objeto passou bem alto sobre sua cabeça, as luzes diminuíram em intensidade luminosa e em intervalos de piscadas. Estacionou no ar, e foi descendo lentamente, bem em cima da rede elétricas dos postes de energia ao lado da avenida, assim que ficou a uma pequena distancia, raios começaram a brotar dos fios de alta tensão, sendo sugados pelas luzes que agora brilhavam intensamente, a iluminação dos postes quase sumiu, de todas as poucas luzes acessas dos apartamentos também, Roger observava a tudo boquiaberto com o celular na mão, resolveu colocar o aparelho em modo de gravação de vídeo. Mirou a câmera do celular para o objeto que agora com brilho proveniente das suas luzes resplandecia uma cor prata da sua fuselagem.

Os relâmpagos que o óvni absorvia cessaram, elevou sua altitude mais um pouco e movia-se lentamente em direção à orla novamente, parando acima de Roger que filmava tudo com espanto e admiração, agora podia ter uma ideia real da dimensão do óvni, uns 30 metros de circunferência. Roger levantou sua cabeça o mais que pode para ver o objeto, com seu balé de luzes que dançavam circularmente, lindos, hipnotizantes, assombroso. Uma nova luz nascia do centro, mais brilhante que as outras, crescia, parecia que uma escotilha estava sendo aberta. Não teve mais tempo de pensar em outras hipóteses, a luz intensificou-se de tal modo que parecia um flash de máquina fotográfica, cegando momentaneamente Roger, que soltou o celular, quando seus olhos começaram a voltar ao normal, viu seu aparelho suspenso no ar, sentiu que não podia mover um músculo, não sentia mais o chão, não conseguia nem gritar por ajuda. O mendigo despertou e viu Roger e o celular suspensos no ar envoltos por uma luz que emanava do céu, no momento que alçou o olhar para cima e enxergou a nave, correu, largando seus poucos pertences para trás e gritando ensandecido.

Roger foi desaparecendo, se dissolvia no ar como se fosse dividido em milhares de partículas de areia, até sumir por completo. O óvni erigiu ainda mais e numa fração de segundo já estava em alto mar, sumindo no horizonte negro.

Com esforço conseguiu abrir os olhos, luz, muita luz, mal enxergava, estava deitado nu em uma espécie de plataforma, não conseguia se mover, não conseguia falar, apenas seus olhos tinham certa liberdade, viu vultos chegarem perto, 4 seres humanoides, pele acinzentada, olhos grandes e negros, magros, sem cílios e sobrancelhas, nenhuma expressão se via em suas faces tenebrosas.

Um equipamento estranho e automatizado se aproximava, um tipo de braço mecânico que tinha na sua extremidade uma agulha grossa, agarrou e puxou seu pênis, introduziu abruptamente a agulha em sua uretra, Roger estremecia-se, sentia uma dor imensurável, mas não conseguia gritar, apenas seu corpo tremia. Sentiu aquela agulha o sugar por dentro até encostar no seu saco escrotal, a maquina retraiu-se, mas outras surgiram, de ambos os lados e acima de Roger também.

Cada uma daquelas engenhocas do inferna a seu tempo entraram na carne do pobre homem, as lágrimas corriam pela face Roger, tudo isso aos olhos impassíveis dos seres de cor cinza, cada equipamento colheu sangue e líquidos de diversos lugares do corpo imóvel do homem, da barriga, dos braços, do peito, da virilha, dos ombros, da garganta.

No momento em que as agulhas eram retiradas da carne de Roger, uma luz curava e cicatrizava as feridas.

Um breve momento de pausa, o homem extenuado pensava que acabou, mas uma força invisível virou-o de bruços para a mesa. Uma sonda o invadiu pelo reto, alguma coisa inflamava-se no interior das entranhas de Roger, mais dor e agonia, sentia que estava sendo estourado por dentro até seu ânus. Desmaiou pelo flagelo sofrido.

Tornaram a virar Roger, e uma luz mirou o centro de sua testa, abrindo uma fissura, um pequeno cubo negro percorreu o caminho da luz e adentrou até o meio da cabeça do homem desacordado, alojando-se no interior do cérebro.

Manhã seguinte, Roger acorda, sem lembrar oque ocorreu, vomitou uma baba branca e espessa, descalço, o celular do lado, não reconhecia o lugar, não sabia mas foi deixado em outra praia, praia de Suarão, em Itanhaém, distante a 50 Km de Santos.

Não tinha muitas pessoas àquela hora na rua, o celular sem carga, nem sabia que horas seriam aquelas. Perambulando ainda tonto, caída vez ou outra, achou um telefone público que por sorte ainda funcionava, ligou a cobrar para sua casa.

O resgate chegou primeiro, ou melhor, o exercito, levando o desorientado homem para uma delegacia próxima, onde lá foi interrogado. Diante da negativa chance do homem lembrar oque ocorrera, tentaram uma “retrocognição”, com um sensitivo que trabalhava para as forças armadas.

Até certo ponto fluiu bem a sessão, até as lembranças de Roger aflorarem de uma vez, vindo a tona todo o horror que foi submetido pelos seres malévolos. Gritos e histeria tomaram conta do possesso Roger, que agora enxergava em todos os seres do mal. Foi sedado e no mesmo dia entregue aos seus pais, sem maiores explicações. O celular só foi devolvido dias depois, com a memória apagada.

Roger agora se tornou um homem calado, arredio, tinha medo do escuro, não olhava para o céu á noite, paranoico, ninguém acreditava nele, a única prova seria seu celular ao qual foram deletadas as provas, perdeu o emprego, largou os estudos, enfurnou-se no seu quarto, mergulhado na internet, procurando por evidencias/relatos de outras pessoas que passaram pelo mesmo terror. Julia não aguentou e abandou o namoro, teve seu filho sozinha, já que nem a paternidade fez Roger voltar a sua vida antiga.

A família do rapaz mudou-se para o interior, Roger agora só conseguia dormir com ajuda de remédios e sempre com a luz acessa, não gostava de tirar fotos, por causa do flash e nunca mais quis voltar á praia.