“Ladrão de Cadáveres”
(Aos amigos Julio Cezar Dosan e Zeni Silveira.)
Rio de Janeiro 1964; ano de golpe militar, perseguições, bombas, repressão. Uma época perfeita para um psicopata aflorar seus instintos aterrorizante.
Á na cidade uma onda de terror por parte da ditadura e no colégio á um Professor; Adauto tem manias estranhas.
Adauto é um Homem de trinta e nove anos, muito apegado em anatomia, ele mora numa vila afastada, fica numa região neutra, um tanto afastada do centro urbano onde fica o colégio estadual.
Ana, uma das colegas de Adauto precisa pegar livros na biblioteca, mas já é tarde, a biblioteca fecha após as vinte e duas horas, à noite esta fria, uma garoa cai constantemente molhando as ruas calçadas de paralelepípedos, Ana vê pela janela quando Adauto desce de um táxi no outro lado da rua, ele cobre a cabeça com um jornal e corre atravessando à rua em direção a entrada do portão da frente do colégio, Ana o perde de vista assim que ele entra embaixo do toldo.
Ana – Em pensamento, cogita a idéia de chamar Adauto para ir com ela a biblioteca.
Este setor fica numa área distante das salas de aula e Ana tem receios em ir ate lá sozinha.
Ela o espera por alguns minutos, mas o rapaz não aparece, ela decide ir só, ela pensa; por certo ele não entrou no colégio, apenas se protege contra a garoa forte e fria que cai na rua.
Vou ate lá, por sorte há de ter alguém lá para abrir a biblioteca.
Apesar de os professores terem a chave da porta da biblioteca, ela pensa em não entrar só.
Afinal, a biblioteca é um lugar meio assustador à noite.
Mas ao chegar frente à porta, ela não vê ninguém e abre a bolsa para pegar a chave; ao ir com a chave na fechadura, percebe que o ferrolho esta destrancado, tem alguém lá dentro ou esqueceram a porta destrancada; pensa a professora.
Ana entra cautelosamente, as luzes dos postes refletem uma claridade deficiente, mas é possível enxergar algo, ela procura o interruptor de luz para acender. Do local onde esta o interruptor ela vê um movimento assustador, no final do corredor, ela vê apenas os dois pés de uma pessoa sendo arrastada e em seguida um barulho de alguém caindo de uma escada de madeira.
Ana – Quem esta ai? Vou chamar a policia, quem esta ai? E vai saindo assustada para traz.
Ana sai correndo em busca de alguém, vai ate a sala dos professores e vê Adauto, ele esta cansado, e lava as mãos com força na torneira da pia do banheiro, ela o vê pela porta entreaberta.
Ana pede para Adauto chamar a policia.
Ana - Tem alguém na biblioteca, vem comigo, vamos.
Adauto agiu indiferente, não esboça reação favorável á solicitação de Ana e olha inquietamente pela janela, parece esperar alguém sair portão á fora.
Adauto parece proteger alguém.
Logo ele vê Inácio saindo, Inácio carrega um fardo comprido e amarrado nas duas pontas e o coloca na caçamba de uma caminhoneta.
Inácio é um dos zeladores do colégio, um homem forte, calado, não interage com quase ninguém no serviço prestado ao colégio, mas tem amizade com alguns professores, mas é com Adauto que ele se comunica mais.
Depois de muitas insistências de Ana, um dos zeladores á acompanhou ate a biblioteca.
Adauto permanece na sala dos professores, ele esta desconfiado, e reluta para Ana não desconfiar dele.
Ana não percebe.
Adauto não esteve no colégio hoje, ele voltou naquela hora para dar apoio a seu cúmplice no crime, se bem que Inácio apenas carrega os corpos para o esconderijo de Adauto, mas o cara sabe tudo sobre o amigo professor e o ajuda carregando as malas.
Ao entrarem na biblioteca Ana conduziu o zelador senhor Antonio ate o local aonde ela viu a pessoa sendo arrastada, havia uma trilha de sangue no assoalho, eles assustaram-se e chamam a policia.
E uma investigação iniciou-se.
Ana fica intrigada com Adauto, ela o viu chegando, não o vê entrar, mas esta na sala dos professores, ele não esteve no colégio aplicando aulas.
Isso a perturba! Ela não entende, mas Adauto voltou apos às vinte duas horas para dar cobertura á Inácio.
Mais tarde Inácio liga para Adauto; Professor, eu acabo de chegar a casa, o senhor vem? Adauto – Inácio coloca este corpo na sala, tranca a porta e vai pra sua casa. E bico calado, a Professora Ana esta desconfiada, não fala com ninguém, só eu vi você sair, entendeu? Ana conta á policia o que ela viu antes de entrar na biblioteca e menciona ter visto Adauto chegando.
A policia o intima a comparecer na delegacia para relatar um depoimento.
Na delegacia, Adauto contra diz a professora, isso faz com que o Delegado; Dr. Antonio Garcia determina uma diligencia para sondar Adauto.
Ao ser interrogado quanto a chegar à escola; Adauto diz não ter chegado na hora a que Ana o viu.
Ele diz que esteve na escola o tempo todo.
Perguntado por que não deu aula, o Professor informa que passou mal e ficou na enfermaria da escola.
Ana se revolta e diz; eu não estou maluca, eu vi você chegar.
Pensei em esperar você subir para eu lhe pedir a companhia; mas você não chegou.
Como pode estar na sala dos professores minutos depois de eu ver um corpo sendo arrastado? Como explica isso? Delegado – Espera ai Professora, quem faz as perguntas aqui sou eu.
Ana – Desculpa Doutor! Ana cita a presença de Inácio, ele também é convocado, ao dar depoimento, Inácio revela que Adauto tem um irmão gêmeo, seu nome é Rodolfo.
Ana fica estática, como assim? Um irmão gêmeo? Sim; diz Inácio.
Ana - Conheço o professor a mais de um ano e não sabia disso.
Delegado – Dou por encerrado este depoimento, a semana que vem eu os chamarei novamente.
Ana – Doutor, Doutor, como assim? Da por encerrado? Delegado – Preciso da intervenção mais intensiva da policia nesta investigação.
Tenho recebido denuncias anônimas de um Homem denunciando o esconderijo de cadáveres numa casa abandonada na zona rural próxima da cidade, agora as coisas começam ficar claras, tenho impressão que as coisas podem ter ligação.
O corpo da pessoa que a senhora diz ter visto sendo arrastada não foi encontrado, o professor Adauto é um estudioso no campo da Anatomia.
Tem muita podridão à vista minha cara Professora.
Temos que ter calma e pedir ajuda na policia Federal.
A semana que vem, iniciaremos as investigações, Adauto tem um irmão gêmeo, a senhora não sabia, viu um corpo sendo arrastado, não sabemos para onde foi. Muito estranho.
Muito estranho isso professora.
Passado uma semana; Os Federais chegam, a investigação começa.
Os federais; Roberto, Mauricio, Renata e Gregório.
Os quatro policiais agem em segredo, os dados para investigação são fornecidos pela Professora Ana e o Delegado; Doutor – Antonio Garcia.
A investigação tem inicio com os policias disfarçado de Professores e Gregório como técnico em necropsia, ele dará plantão no Necrotério da cidade.
Em pouco tempo, ele analisa as fichas de entrada e saída de corpos e percebe que em media; cinco corpos são furtados por semana.
O Técnico do Necrotério esta corrompido.
Mas ainda não pode ser notificado, Gregório começa a seguir os passos do Técnico, um homem de meia idade, dado a bebidas alcoólicas e divorciado.
Enquanto Gregório o segue, tem a missão de investigar também o Senhor Inácio; este é perigoso, é forte, do tipo faz tudo que lhe mandam, não tem problemas em matar pela gratidão ao seu mandante.
Renata; tem a missão de ser Diretora substituta da escola.
Mauricio tem a missão de seguir Adauto, ele é um Policial especializado em disfarce e se presta a ser representante Funerário.
Em uma semana, nenhum caixão vendido, mas quatro corpos saíram e foram levados por pessoas que dizem ser familiares, o técnico os liberam, o Policial Gregório vê tudo, com ajuda dos amigos, Renata, Roberto e Mauricio, apenas seguem os passos dos marginais.
Não foi surpresa encontrar o cativeiro, no caso; um esconderijo de cadáveres, Inácio é o Homem responsável pelo transporte, seu emprego na escola é apenas fachada, o professor é cúmplice de seu irmão, um Medico frustrado por ser expulso da Faculdade de Medicina, por tentar transformar Pessoas em seres perfeitos, igual Hitler tentava fazer.
Ele acreditava em sua mente insana, formar a “raça perfeita” e acreditava em ressuscitar os corpos, para os tornarem seres humanos perfeitos.
Adauto é um Professor aplicado, mas tem um comportamento irônico, ele vê seus alunos como quem vê um bando de inúteis, a Biblioteca da Escola é o lugar perfeito pra atrair suas vitimas, ele vê os alunos lendo e percebe que eles se desligam de tudo a seu redor.
São pessoas que vem de outras cidades, o desaparecimento deles demora ser reclamado por seus familiares, porem, não são todos que tem o perfil que ele tenta agrupar para seu irmão.
Os alunos devem ser inteligentes e muito aplicados.
A missão de Adauto é matá-los e leva-los com ajuda de Inácio para o esconderijo onde fica o Medico assassino, seu irmão.
Os policiais junto com o Delegado Antonio Garcia fazem campana em volta da casa, mas antes de prender os bandidos, eles querem ver o que tem dentro da casa. Ana esta com eles, ela quer saber de quem eram os pés que viu sendo arrastado na noite em que iria entrar na Biblioteca do Colégio.
Derrepente, sai um Homem, é Inácio, mais atrás, sai o Medico irmão de Adauto, o cara da medo só de olhar.
Em seguido sai Adauto.
Eles entram num jeep rural e vão à direção à estrada.
Nessa hora; os Policiais entram no galpão.
Logo na entrada tem uma mesa enorme.
Encima desta mesa tem oito corpos mutilados, mais ao fundo, já bem próximos a uma porta aberta, tem pessoas penduradas em ganchos de aço, tem pedaços de uns costurados em outros, tem órgãos genitais de Homens costurados em mulheres, cabeças de homens velhos costurados em corpos de meninos, uma verdadeira fabrica de gente, embora nenhuma heptose de dar certo.
Apenas carnificina e demonstração de atos de loucura, pessoas boas perderam a vida por uma causa sem nenhuma expectativa de vitória em nome da ciência, apenas por loucura de pessoas que apesar de terem uma mente brilhante, loucas, totalmente loucas. Ana – Vê um jovem pendurado num gancho e olha sem querer seus pés, ele ainda estava com as meias marrons, é o jovem aluno da turma de Adauto.
Seus pais o procuraram na Escola dias depois do seu desaparecimento.
A direção da escola informou seus familiares que o jovem não comparecia às aulas.
Mas não soube informar o motivo, pobre rapaz.
Agora terá um funeral descente.
Um barulho de motores se ouve lá de fora.
Os policias preparam para a prisão.
Quando eles entram, Ana ouve um pedido de socorro, ela reconhece a voz, é o senhor Antonio.
O zelador que ajudara a entrar na Biblioteca na noite em que Ana sentiu o maior medo de sua vida.
Ana - Doutor Antonio Garcia, eles tem uma pessoa viva, e a voz do Senhor Antonio o Zelador que me ajudou.
Psiu; gesticula Gregório, vamos pegar eles assim que soltarem o homem vivo.
Doutor Antonio Garcia – Ok, todos ao comando de Gregório.
Ana fique aqui, quando nos prender eles você vem.
Eles querem o Zelador vivo para tirar dele o coração e colocar num dos corpos mais perfeito que eles julgavam ser.
Era o corpo de um homem com mais de dois metros de altura, este corpo em vario pedaços de outros homens, segundo o entendimento do Monstro, irmão de Adauto; recebendo o coração ele teria vida.
Depois é só construir uma fêmea e os deixar procriarem.
O homem vivo implora por piedade, mas seu destino esta traçado, é a morte. Nessa hora, os policias se revelam e anunciam a prisão do bando de loucos cientistas.
O senhor Antonio muito machucado cai e Rodolfo ainda tenta arrancar-lhe o coração.
Vendo que ele esta obstinado a matar o homem, eles começam a atirar.
Em menos de cinco minutos foram disparado uma enorme quantidade de tiros contra o bando, o Doutor Rodolfo andava tomando tiros por toda parte em seu corpo e gritava, morro em nome da ciência, morte aos cientistas que procuram a “raça perfeita” vivam os ignorantes que não entendem a missão da ciência.
Enquanto isso, mais de cinqüenta tiros ele tomava, Adauto reagia também aos tiros, mas calado, sem dar uma palavra, caia aos pés de Ana, olhava em seus olhos e pedia-lhe perdão, Ana – Porque me pede perdão? Adauto - Tua irmã fui eu quem a matou, ela seria a fêmea perfeita, olha, olha na geladeira, ela receberia o teu coração em breve, mas vocês acabaram com tudo, você atrapalhou o progresso da ciência.
Mesmo assim, te peço perdão.
Inácio, mesmo com mais de trinta tiros por todo o corpo, ainda tentava matar Ana.
Porem, o doutor Antonio Garcia decepava-lhes os braços.
Os corpos foram retirados daquele galpão e entregue as seus familiares para que pais, filhos e mães pudessem enterrar com dignidade seus entes queridos.
“A ciência tem um curso doloroso, mas nunca poderá caminhar de mãos dadas com a loucura dos obstinados para o mal.”
Espero que gostem deste conto.
Prezados leitores, em breve vou postar a quarta e ultima parte de “A cobaia” Informo que recebi convite de amigos Médicos para intensificar pesquisa sobre o tema e tornar este conto num livro. Gostei muito da idéia e vou investir no trabalho.