A FLORESTA DOS HEREGES - Parte 1

Era o dia 20 de Setembro de 2000, quando o pequeno jato executivo decolou no final da tarde do aeroporto daquela cidade no meio oeste. À bordo dois agentes do governo levam documentos mais do que confidenciais pois deles dependia toda a estratégia para a política econômica para a próxima década. A economia dos EUA dependia de ações que só poderiam ser tomadas após a análise cuidadosa daqueles documentos. Por isso os agentes não quiseram enviar os documentos por fax ou por e-mail. Precisaram entregar pessoalmente os documentos em Washington ao pessoal de confiança do governo.

Paul, um dos agentes, tinha tido todo o cuidado com os contatos, com cada passo até ali, pois sabia de pessoas no governo, nas grandes corporações, nos bancos e na Europa que matariam para destruir os documentos. Aquele era seu trabalho mais importante desde que havia entrado para a CIA. Tinha tido todo o cuidado mas sentia que corriam riscos apesar de tudo.

Seu parceiro Allan estava inquieto e já tinha ido conversar com o piloto várias vezes a fim de se certificar que estava tudo bem. Tudo parecia tranquilo e a viagem até a capital levaria pouco mais de duas horas.

Contudo as aparências enganam e não foi diferente. Após meia hora de voo uma grande tempestade atingiu em cheio os céus e o pequeno jato executivo tinha seu destino selado. O piloto experiente bem que tentou subir o jato acima das nuvens mas após uma falha em uma das turbinas o jato começou a perder rapidamente.

O piloto transmitiu a ultima posição e pediu socorro para em seguida tentar estabilizar o avião para um pouso de emergência. À sua frente pode ver, em meio à escuridão e à forte tempestade, o que parecia uma grande floresta que parecia querer engolir o avião.

Paul e Allan se preparam para o impacto e o avião desapareceu entre as árvores da floresta.

No dia seguinte, o agente Dieter foi acionado para formar uma equipe de sua confiança para uma operação de resgate. Foi-lhe dito que era necessário obter, à qualquer custo, certos documentos confidenciais que foram perdidos na queda de um avião. Dieter era veterano em missões deste tipo. No entanto desta vez, sentia que a situação era diferente. O próprio diretor de operações da CIA havia conversado com ele. Isso era incomum e Dieter pensou então ser a sua chance de conseguir uma promoção na CIA.

Escolheu um pequeno grupo, mas altamente qualificado de agentes experientes e que eram de sua inteira confiança. Lucas, Joseph, Parley e David. Após uma breve reunião para apresentar a missão os cinco agentes embarcaram em um avião que os levaria à cidade mais próxima do acidente. Era uma cidade da zona rural, afastada e de uma comunidade religiosa muito antiga que havia vindo para a América junto com os primeiros colonizadores. Gente simples, religiosa, fazendeiros, pensou Dieter.

Longe dali, Paul acordou com uma forte dor de cabeça. Olhou em volta e viu que o avião estava muito destruído. No interior os corpos do piloto e co-piloto, mortos na queda. Tentou se mexer e por sorte viu que tinha sofrido apenas um grande corte na perna. Havia perdido sangue mas não era nada muito grave. Chamou por Allan mas não teve respostas. Também não viu o corpo, nem tampouco a pasta com os documentos.

Ficou desesperado e saiu dos destroços com dificuldade. Caminhava se arrastando e sentindo dores. Então, olhou em volta e viu a paisagem da floresta que era tão fechada que quase não se via a luz do dia. Em volta, apenas arbustos, folhas secas e arvores cercando o que sobrou do avião, o que fez com que Paul acha-se aquilo estranho pois devia haver uma trilha de árvores destruída, aberta pela queda do avião. No entanto, as árvores estavam ali em volta, como se o avião tivesse sido colocado ali, peça por peça. Também não viu sinais de fumaça, nada.

Gritou por Allan por diversas vezes e nada. Então seguiu por uma trilha pela floresta tentando encontrar alguma pista que o levasse ao parceiro e aos documentos confidenciais pelos quais daria a própria vida se fosse necessário.

Ouviu então o som de gatos que miavam ao seu redor. Pensou então como aqueles bichanos tinham ido parar ali e prosseguiu pela trilha até conseguir ver o vulto de um homem que estava andando em sua direção, cambaleando.

Gritou então por Allan mas o vulto continuava em sua direção sem sinalizar. Paul sacou a arma e achou que não era Allan, mas continuou caminhando na direção do vulto que agora revelava a figura de Allan que estava morrendo.

Paul viu o amigo se aproximar e perguntou se estava tudo bem e onde estavam os documentos confidenciais ao que Allan apenas respondeu dizendo que ela estava à solta e não era desse mundo. Paul perguntou sobre quem Allan estava falando e então notou que Allan tinha diversos ferimentos de queimadura em todo o corpo, entretanto, sua roupa não tinha sido queimada. Allan caiu sobre Paul que o ajudou a se manter de pé e então ouviu o barulho de folhas secas sendo pisadas e teve certeza de que ele e Allan não estavam sozinhos.

Allan olhou em volta por alguns instante e então apontou para Paul mostrando uma jovem vestida em uma mortalha branca que se aproximava. A jovem tinha o corpo terrivelmente queimado e um olhar triste e foi se aproximando lentamente.

Foi quando Paul ouviu seu parceiro Allan dizer que era ela, que era a jovem queimada, que ela era perigosa e que Paul devia fugir dali antes de ser queimado também. Paul então sentiu um calor terrível, à medida em que a jovem se aproximava com um sorriso macabro.

Paul deixou Allan cair no chão, ao que Allan lhe dizia para partir dali imediatamente. Paul disparou várias vezes na figura da mulher mas não teve efeito. Então Paul sentiu o corpo incendiar e aos gritos foi consumido pelas chamas.

Pouco depois, Dieter chegou de carro à alguns quilômetros dali, em uma cidade rural de uma comunidade religiosa bem antiga. Ao passarem pelo marco da cidade viram a contagem da população em pouco mais de 434 pessoas.

AO seguirem pela estrada, Dieter notou que não havia instalação elétrica na região e que em volta haviam apenas as árvores da grande floresta.

CONTINUA...

Cronista das Trevas
Enviado por Cronista das Trevas em 04/02/2013
Reeditado em 04/02/2013
Código do texto: T4121991
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