A Mão da Criança

Saudações a todos! Meu nome é Ricardo Soares, conheci o recanto das letras por meio da Deusa Perséfone, que eu já conhecia de outro site, ela queria me mostrar um conto dela e umas das partes do texto estava bloqueado como restrito, precisando que eu fizesse um perfil para libera-lo, demorei dias para fazer o perfil, pois o sistema do recanto não me aceitava! rsrs Enfim Publiquei alguns contos que já tinham sido publicados no meu blog, escrevo por hobby, não me vejo como um escritor ou bom contador de histórias, apenas acho que tenho algumas boas idéias. Por fim meus amigos eu fiquei com o nome Deus Hades porque já existia um ou mais perfis com meu nome e muitos com variações de Lord Hades rsrs.

Meu Blog: http://contosassombrados.wordpress.com/

Page no Facebook: http://www.facebook.com/ContosAssombrados

Fico agradecido aos que visitarem e mais ainda se puderem curtir a page, me ajuda na divulgação! E quem quiser meu perfil no face eu adicionarei com muito prazer! Abraços a todos.

Deus Hades - Ricardo Soares

=====================================================

Novo dia, igual ao anterior e idêntico aos antecessores e sem perspectiva dos outros que vierem depois desse serem diferentes. Assim Irênia caminhava pensativa e escutando seu mp3 player, antes gostava de música gospel, hoje tanto faz, estava dançando conforme a música. No auge dos seus 37 anos, uma mulher bem resolvida se não fosse pela solidão que sentia, era uma mulher bonita, cabelos ruivos até a altura dos ombros, olhos verdes, 1,70m de altura, tinhas umas gordurinhas, mas faz parte do pacote de todas as pessoas dessa faixa etária, pois o metabolismo já não é mesmo dos 18-20 anos, para falar o português claro, ela é muito gostosa! Não entendia, se o problema era ela ou estaria faltando homem no mercado. Fora outras coisas, como trabalho, aluguel da casa, etc...

“puxa a gente pede tanto a Deus e não vê nenhuma luzinha no fim do túnel!”

O desgosto por coisas simples da nossa vida tomavam conta do seu coração. Fazia parte de uma igreja protestante, tinha já cargo e responsabilidades, uma pessoa integra, mas depois de algum tempo se questionava se tinha vocação para tal e percebeu algumas coisas que não gostava na cúpula dos seus superiores. Deixou a igreja e agora não se importava com muita coisa a não ser com sua mãe, vivia o dia a dia, não esperava muitas surpresas na sua vida monótona.

Sem saber, Irênia teria um dia cheio de acontecimentos assombrosos.

Passando pela rua, já no final da tarde, uma pessoa a parou e ofegante foi logo dizendo:

— Irênia! Que bom ter encontrado você!... Não consegui contato com ninguém pra me ajudar! Minha irmã está daquele jeito, estou desesperada!... Me ajude por favor!!!

Irênia sabia do que se tratava... Possessão... Não queria nem passar perto, tinha ciência que a mulher em questão havia procurado a igreja, o padre, o budismo, espiritismo, etc. e nada resolvia... Porque ela iria ter que se envolver, ainda mais agora com sua falta de fé em tudo...”Tô fora”, pensou.

Mas seu coração ficou apertado pela insistência daquela mulher que lhe falava não saber a quem recorrer.

— Vou telefonar para algumas pessoas e tentar achar alguém que possa te ajudar.

Irênia pegou seu celular e começou a discar para alguns números que estavam na agenda de contatos... Nada... Quase todos davam em caixa postal e teve até números que não existiam mais. Ficou sem saber o que fazer naquele momento e por pura compaixão, acompanhou aquela desesperada mulher até sua residência.

Casa simples, mas bem arrumada, subiram até o andar de cima, uma criança as esperava sentada no sofá da sala...

— Vem cumprimentar a tia Irênia!...

O menino, que não passava de uns 6 anos, estendeu sua mão e sorridente cumprimentou Irênia.

— Oi!... Você é um anjo?

— Não... rsrs... Como você é simpático!... Como é seu nome?

— Rafael... O “ar” me disse que ia mandar um anjo pra ajudar!...

Esse breve momento de descontração acabou quando Irênia foi convidada para ver a mulher que estava no quarto no final do corredor. Teve vontade de ir até ao banheiro só de pensar, olhou para trás, queria descer as escadas e sumir dali... “Onde fui amarrar meu burro... Ou melhor sou burra mesmo!”

Passaram pelo corredor estreito, apenas uma luz para clarear, mas até ali tudo estava na santa paz. Bateu à porta e foi entrando acompanhado da irmã que ainda estava atordoada. Viu uma moça sentada na beira da cama, ao lado uma cadeira de madeira, um pequeno criado mudo, estava meio escuro, quase uma penumbra, só a luz que estava no meio do corredor iluminava o recinto.

Tentou acender a lâmpada do quarto pelo interruptor, mas nem um sinal de vida nela havia.

Irênia cumprimentou-a:

— Olá!... Como é teu nome?...Tá tudo bem com você?

A moça a olhou nos olhos e falou:

— Manuela... Eu tô bem... Agora...

Realmente, tudo bem até aquele momento, Irênia perguntou a irmã de Manuela oque realmente havia acontecido, a irmã disse que ela estava gritando e se debatendo várias vezes. Irênia disse que não tinha muito que fazer e que seria melhor esperar outra pessoa mais capacitada que ela, mas acabou cedendo aos apelos da irmã... Para ao menos fazer uma oração. Irênia concordou em dizer umas palavras e depois iria embora.

Entrou no quarto, dessa vez sozinha, Manuela estava deitada agora. Começou a pedir a proteção de Deus para aquela casa...

— Arrrrg!

Um rosnar, como de um cão enraivecido invadiu o quarto, viu a moça se retorcendo na cama, deu um pequeno pulo para trás, seu coração disparou...

— Quem você pensa que é sua rejeitada!!! Ela é minha... Minha sua puta!!! E vou levá-la comigo!...

A voz de Manuela modificou-se, parecia enfurecida, rancorosa, era o demônio agora. A moça se levantou da cama e foi ao chão, inclinada, braços curvados para trás, andando em círculos, seu rosto mudou, nem com muito esforço ela conseguiria em estado normal transfigurar sua face numa expressão tão horrível quanto parecia agora.

Irênia, desesperada, ainda tentou argumentar alguma coisa e começou um pai nosso...

— Ha! Ha! Ha! Oque pensa que esta fazendo? Você não crê mais “Nele” lembra!?

Essas palavras foram como fogo que consumiu suas últimas esperanças de sucesso naquela situação pavorosa e ainda ficando pior com o maldito falando...

— A próxima serás tu, sua vadia e aquela velha podre que está na sua casa!!!

Isso deixou Irênia estremecendo, agora esse demônio queria sua mãe também! Olhou para a porta e lá estava Rafael, em pé observando tudo, com olhos espantados, mas não saia dali. Foi até ele e disse:

— Rafael Vem ajudar sua tia!

Segurou na mão de Rafael, levou-o mais perto do centro do quarto e esticou o bracinho do menino com a mão aberta na direção de Manuela que xingava e rogava-lhe pragas...

— Repete comigo Rafael... Pelo poder de Deus, com a proteção do Espírito Santo e em nome do filho de Deus Jesus... Ordeno que saia daqui!

— Arrrrg!!! Paraaaa!!! Sua desgraçada, filha da putaaaa!!! Não saioooo nãoooo!!!!

A situação ficou pior, Manuela debatia-se, praguejava com mais intensidade, rolava pelo chão, Irênia sentia calafrios, Rafael agora ficou com muito medo e quis ir embora...

— Fica aqui Rafael!... O bicho que tá judiando da sua tia vai ir já!...

Ainda com a mão da criança esticada na direção de Manuela, Irênia pedia para que Rafael repetisse suas palavras.

— Vadia!!! Essa puta é minha!!! Minha!!!...

O Menino continuava repetindo a oração, a moça retorcia-se no chão, parecia que sua espinha ia se partir, gritava, rosnava, uma fúria descomunal e desproporcional para aquele corpo franzino de Manuela.

— Pelo poder de Deus e de seu filho Jesus!... Saia daqui!!!...

— Ahhhhhhhhh!!!

O demônio, numa ação desesperada partiu pra cima de Rafael, mas caiu no meio do percurso, estatelada estava a moça no meio do quarto... Silêncio... Choro... Manuela estava de volta, machucada, mas era ela agora... Todos se abraçaram.

Tudo bem agora, depois de alguns minutos a mais na casa de Manuela, Irênia despediu-se e partiu. No meio do caminho para sua casa, percebeu um morador de rua, um mendigo, pensava que ele iria lhe pedir dinheiro, mas só a observava. Assim que se distanciou poucos metros daquele homem, ouviu:

— Ainda não terminei com você Irênia!