O Psicopata - Prelúdio Para a Morte Na Alvorada- A Festa da lavagem do Bonfim-II

A Lavagem do Bonfim é um cortejo religioso tradicional, que abre o período de festas populares em Salvador. Parte da praça Cayru à Colina Sagrada, onde fica à igreja do Bonfim. O cortejo é aberto pelas baianas do candomblé - centenas delas, vestidas de branco e carregando um pote de barro com água de cheiro na cabeça. Muito lindo, arrepiante o desfile das baianas vestidas á caráter.

Inúmeros músicos participam. Era comum ver Luíz Caldas descendo de pés descalços. Jerônimo, Sarajane,Carlinhos Brown com o seu cortejo afro. A Rede Bahia criou o Festival de Verão, esvaziando a festa das estrelas da música baiana do cortejo. É uma maravilha ver o Gandhy passando, não tem quem não fique arrepiado, e os blocos afro.

- Milhares de pessoas na rua. E, você acredita que o assassino em série estará aqui?

Disse Muricy, o colega policial. Não vejo sucesso nesse mapa que você fez, não. Aposta que catalogou as rotas de fuga dele, desde o comércio até o Santo Antônio?

- Estou com sono. Não teria como fazer esse estudo durante o dia.

- Pelo menos, você sabe quem é o assassino? Está armando uma arapuca? Não fala nada, assim fica difícil, não confia? Não confia não chama pra ser parceiro.

- Eliminei alguns nomes. Por exemplo, o marido de uma das vítimas que trabalhava na empresa de telemarketing, que pereceu na praça da Mãozinha. Era apenas um marido relapso, preguiçoso, irresponsável. Não foi ele. O delega usurpou o telefone dele e o da esposa que estava no IML. As ligações comprovam que a esposa ligou várias vezes para ele, e ele nem aí. Acabou tendo que interrar a esposa. Tão linda, linda de morrer.

-Pena.

É, sabe quando aquele sapo vai encontrar outra esposa linda daquela? Nunca.

- Linda, linda de morrer - minha avó falava assim, também.

A festa estava a todo vapor. Milhares de pessoas, a maioria vestida de branco. Desciam a pé do comércio ao Bonfim, o cultural sincretismo religioso entre católicos e o candomblé. O profano estava presente-bebidas, sexo,drogas e brigas. A polícia miliatar,civil,a PE e agentes de trânsito e o Juízado de menores tinham trabalho redobrado. O povo urina em qualquer lugar, as mulheres baixam a calcinha e urinam na lateral de um carro estacionado, num beco. Centenas e centenas de vendedores de bebidas ao longo da pista com os seus isopores.As mulheres, de todas as idades usam shortinhos - o calor é de deserto.

-Encontrei diversas pontas de cigarrilhas de canela no interior do prédio, onde a agente de limpeza foi assassinada. O prédio, onde uma das vítimas escapou ilesa. Cheirei, adorei o cheiro. Arrisco fumar algumas, quando estou tensa.

- Quem fuma? A vítima que escapou ou o criminoso?

- Os dois, presumo. Ja que a mesma me disse que fuma, quando bebe, mas naquela noite não fumou, estava encurralada, tensa, á beira da morte. A sua preocupação era salvar a sua vida, enqauanto o assassino, entre uma perseguição e outra, fumava.

- Tem investigado por conta própria, ou estava em segredo?

- Hummm...

- O que estamos fazendo aqui?

- Não sei, aqui tem mulheres lindas, lindas de morrer, de todo o Brasil e de diversos países.

- Acha que o mesmo seria tolo de tentar contra a vida de alguém num local repleto, impestiado de milicos como nós?

- Verdade, verdade, porém, ao cair da tarde, a noite chega. Muitas pessoas vão embora, outras ficam concentradas nos bares, outras na Colina Sagrada. As ruas ficam mais desertas, escuras, sombrias, então, tudo poderá acontecer.

- Uma loteria...

- Alguém poderá morrer, mas será a sua última vítima, juro.

"Loiras, morenas, mulatas, negras, sararás. Brancas e pardas. Gente da capital e do interior, do Brasil e do mundo. Todas mulheres, lindas, lindas de morrer."

-Penso como o criminoso, caso queira pegar um criminoso como esse, terá que pensar como ele.

- Sei. Ta querendo fazer nome na polícia, não é?

- Amo o que faço. O meu distintivo é a minha segunda pele. Não quero fazer nome.Eu sou a justiça em pessoa.

- Como não quer?

-Não quero...

-Claro que quer...

- Não quero e vou provar que não quero. Quero so lavar a honra da polícia e defende a minha classe, o da mulher de um doente que mata de forma impiedosa. Ele é como um predador frio e insensível. O cerco está se fechando. Pare com essas indagações sem sentido, sei o que estou fazendo, e se aqui estamos, é por conta dos longos meses de minhas investigações.

A festa continuava em seu apogeu, com o sol a pino. O serviço policial requer paciência de Jó. Um psicopata, também sabe esperar a hora certa para atacar. Haviam presas, caçadores e um predador na festa.

( a investigação continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 18/01/2013
Reeditado em 23/02/2013
Código do texto: T4090857
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