A Volta do Vampiro

"As pessoas sentem minha escrita como uma agressão; elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte; eu não as condeno à morte, simplesmente suponho que já estejam mortas"

Michel Foucault.

A noite rompera na madrugada. Era o momento propício para sair da toca e ir fazer o seu passeio noturno. Caminhava por entre os túmulos,intocados, incólumes, apesar do abandono que ali reinava. Krozus olhava para as lápides e ficava emocionado. Ali estavam, algumas centenárias, feitas em pedras que resistiam ao limo, ao mofo. Retirava a vegetação com as próprias mãos - que eram fortes, de unhas escuras.

- O cemitério do mestre. Vou cuidar de suas esposas, sei que o mestre, em breve, retornará.

O castelo estava la, no alto do penhasco, imponente e sombrio. Era como um monolito que remetia a todos que o via a associá-lo ao mal, e ao reino das sombras, aos servidores do Capeta.

O burgo se manteve em pleno funcionamento. As pessoas plantavam, colhiam, criavam animais. Uma igreja foi fundada. As famílias iam à igreja aos domingos.

- Maldita Lady Bella. O mestre teve uma paixão que não deu certo. A maldita o traiu, acabou com a sua existência. Teve a ousadia de retornar e trazer uma igreja para o burgo que foi fundado pelo mestre do mal. Caso pudesse, eu a mataria. Mas, não posso fazê-lo, não sei qual seria a posição do mestre a respeito. Talvez, quando retornar queria tomá-la para si mais uma vez.

Korzus não tinha coragem o suficiente para seguir pelo caminho na direção do castelo, apesar de estar vivendo no seu sub-solo, nas fossas, onde habitam as feras do inferno que protegiam o castelo dos invasores. Os chamados cães do demônio, trazidos para o mundo dos homens, através de rituais secretos, desconhecidos.

- Amiguinhos o mestre vai voltar. Vou precisar da ajuda de todos os filhos do inferno.

Dizia em meio à escuridão. As criaturas sinistras aos poucos, surgiam. Saiam de diversas fossas, alguns da água fétida que circundava o castelo. Eram grande em número. Um pequeno exército de figuras grotescas, horrendas. Alguns assemelhavam-se à espécie humana, outros, pareciam de forma indefinida. Circulavam, agora todos pelo cemitério antigo. Dali, podia se ver as tochas acesas em alguns dos casebres dos agricultores. O prédio mais imponente era o da igreja católica que tinha a missão de trazer até áquela gente o Cristianismo.

- Vou precisar de sangue fresco. Preciso saber onde está os restos mortais do meu mestre. Vi o movimento dos que vieram da igreja, entraram no castelo e sairam com um caixão pesado.

A lua cheia pairava por sobre as lápides. Os morcegos esvoaçantes tomavam as torres do castelo escuro. Krozus pensava na sua missão- trazer o mestre mais uma vez para o mundo dos vivos, pois, é sabido por todos, principalmente para os da igreja, que um vampiro tem vida eterna.

( continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 07/01/2013
Reeditado em 21/02/2013
Código do texto: T4072684
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