Tem Uma Coisa na Água!
Existem muitos medos que são insondáveis e que desde tempos imemoriais habitam a alma humana. E qual seria a raiz desses medos? Sou daqueles que defendem que todos estamos de algum modo conectados. Não é possível nos conectarmos sem fio à internet? De igual forma, sabemos que nossos corpos são carregados de magnetismo e que nossos cérebros, graças a grande quantidade de neurônios, são praticamente antenas embutidas emissoras e receptoras.
Alguns traumas, algumas passagens, que marcaram seres humanos fortemente, acabam habitando aquilo que se pode chamar de inconsciente coletivo e que, de alguma forma, podemos acessar quando adentramos nossos sonhos, quando mergulhamos na meditação ou quando nosso psiquismo evolui o suficiente para tanto.
Um dos medos que habitam esse nosso fantástico universo é o da água. Quando criança, seja mesmo na piscina de um clube, ao nadar sozinho, por vezes parava no meio da mesma e admirava a imensidão fluida. Um calafrio emergia. Há algo na água? Mesmo sendo a piscina transparente, um alerta íntimo me mantinha ligado e não seria esse um instinto além de nossa compreensão a nos preservar a vida?
Em um lago, diante da imensidão do mar, ou em um rio, quantas vezes, ao nadar solitário, de repente não lhe batia aquela pergunta: há algo na água? As lendas das sereias, da Yara, das Mães d´água, são frutos desse nosso temor coletivo e, por vezes, ganham ares de verdade, como o que aconteceu na pequena cidade que chamarei de Paraíso do Sul.
Estávamos naquela época universitária, sendo um grupo de 5 amigos, em busca das cachoeiras incríveis e das lagoas maravilhosas daquela região serrana. O feriado prolongado fora um pretexto por demais forte para nos afastar dos livros e das provas de final de ano que nos sobrecarregavam.
Dividimos a gasolina e, alugando quartos em uma pequena pousada, nos entregamos a explorar suas inúmeras trilhas. À noite, por vezes, acabávamos acampando em algum ponto plano nos deliciando com o cobertor negro do céu pontilhado pelo brilho das estrelas do sem fim. Tudo era paz até que, em certa noite, ouvimos um grito aterrador que fez todos acordarmos apavorados em alta madrugada.
Corremos por uma trilha próxima enquanto os gritos perduravam. Encontramos um pequeno lago, no qual outras pessoas acampavam com algumas moças gritando e rapazes em pânico, mergulhando em busca de algo. Esclareceram que um dos seus amigos, ao nadar, de repente começou a se debater no meio do lago:
- Pare de brincadeira! - Disseram-lhe, até que perceberam que era algo mais sério. Seu corpo começou a girar, como se dentro de um redemoinho e de modo cada vez mais rápido até que mergulhou de vez sumindo. O interessante é que o local não era fundo e não havia correnteza. Nós nos unimos na busca e ficamos até o amanhecer nada encontrando. O jovem sumira.
A polícia e os bombeiros vieram no dia seguinte. Estávamos todos apavorados e, é interessante como repentinamente nos solidarizamos com o drama de um estranho. Afinal, poderia ter sido qualquer um de nós. A perda daquele rapaz bateu-nos como se fosse a de um antigo amigo. Durante as buscas um dos bombeiros falou que aquilo costumava acontecer, que sempre colocavam avisos, mas que de modo misterioso, os alertas sumiam das margens. A solução seria interditar o lago, mas havia dificuldades em promover com eficácia a medida.
Continuamos o passeio arredios. Ao passar por uma determinada trilha, vimos uma pequena cabana que era ocupada por descendentes de índios. Fomos muito bem recebidos e dividimos uma refeição. Uma velha senhora, entre eles, quando caiu a noite, sabendo da preocupação que compartilhamos pela perda do rapaz, contou uma história:
- Naquele lago, há muito tempo atrás, uma jovem fora assassinada por alguns rapazes que dela abusaram. Em seu desespero, seu espírito anda perdido naquelas águas e, quando se encontra com algum jovem, temendo que seja um dos agressores, ela luta desesperadamente e termina por matar uma nova vítima tragando-a para uma dimensão entre a vida e a morte. A jovem continuará ali, perdida, enquanto não façam por ela uma oração forte o suficiente para trazê-la de volta ao caminho da luz...
Ficamos estupefatos. Não sabíamos se a velha inventara aquilo, ou se o sumiço do rapaz fora apenas um acidente não explicado. O que sei é que sempre que vejo águas turvas, ou quando estou sozinho em meio a uma imensidão líquida, trato de fazer uma oração íntima, pedindo proteção, respeitando o mistério que habita as águas e que ronda o nosso imaginário...
Alguns traumas, algumas passagens, que marcaram seres humanos fortemente, acabam habitando aquilo que se pode chamar de inconsciente coletivo e que, de alguma forma, podemos acessar quando adentramos nossos sonhos, quando mergulhamos na meditação ou quando nosso psiquismo evolui o suficiente para tanto.
Um dos medos que habitam esse nosso fantástico universo é o da água. Quando criança, seja mesmo na piscina de um clube, ao nadar sozinho, por vezes parava no meio da mesma e admirava a imensidão fluida. Um calafrio emergia. Há algo na água? Mesmo sendo a piscina transparente, um alerta íntimo me mantinha ligado e não seria esse um instinto além de nossa compreensão a nos preservar a vida?
Em um lago, diante da imensidão do mar, ou em um rio, quantas vezes, ao nadar solitário, de repente não lhe batia aquela pergunta: há algo na água? As lendas das sereias, da Yara, das Mães d´água, são frutos desse nosso temor coletivo e, por vezes, ganham ares de verdade, como o que aconteceu na pequena cidade que chamarei de Paraíso do Sul.
Estávamos naquela época universitária, sendo um grupo de 5 amigos, em busca das cachoeiras incríveis e das lagoas maravilhosas daquela região serrana. O feriado prolongado fora um pretexto por demais forte para nos afastar dos livros e das provas de final de ano que nos sobrecarregavam.
Dividimos a gasolina e, alugando quartos em uma pequena pousada, nos entregamos a explorar suas inúmeras trilhas. À noite, por vezes, acabávamos acampando em algum ponto plano nos deliciando com o cobertor negro do céu pontilhado pelo brilho das estrelas do sem fim. Tudo era paz até que, em certa noite, ouvimos um grito aterrador que fez todos acordarmos apavorados em alta madrugada.
Corremos por uma trilha próxima enquanto os gritos perduravam. Encontramos um pequeno lago, no qual outras pessoas acampavam com algumas moças gritando e rapazes em pânico, mergulhando em busca de algo. Esclareceram que um dos seus amigos, ao nadar, de repente começou a se debater no meio do lago:
- Pare de brincadeira! - Disseram-lhe, até que perceberam que era algo mais sério. Seu corpo começou a girar, como se dentro de um redemoinho e de modo cada vez mais rápido até que mergulhou de vez sumindo. O interessante é que o local não era fundo e não havia correnteza. Nós nos unimos na busca e ficamos até o amanhecer nada encontrando. O jovem sumira.
A polícia e os bombeiros vieram no dia seguinte. Estávamos todos apavorados e, é interessante como repentinamente nos solidarizamos com o drama de um estranho. Afinal, poderia ter sido qualquer um de nós. A perda daquele rapaz bateu-nos como se fosse a de um antigo amigo. Durante as buscas um dos bombeiros falou que aquilo costumava acontecer, que sempre colocavam avisos, mas que de modo misterioso, os alertas sumiam das margens. A solução seria interditar o lago, mas havia dificuldades em promover com eficácia a medida.
Continuamos o passeio arredios. Ao passar por uma determinada trilha, vimos uma pequena cabana que era ocupada por descendentes de índios. Fomos muito bem recebidos e dividimos uma refeição. Uma velha senhora, entre eles, quando caiu a noite, sabendo da preocupação que compartilhamos pela perda do rapaz, contou uma história:
- Naquele lago, há muito tempo atrás, uma jovem fora assassinada por alguns rapazes que dela abusaram. Em seu desespero, seu espírito anda perdido naquelas águas e, quando se encontra com algum jovem, temendo que seja um dos agressores, ela luta desesperadamente e termina por matar uma nova vítima tragando-a para uma dimensão entre a vida e a morte. A jovem continuará ali, perdida, enquanto não façam por ela uma oração forte o suficiente para trazê-la de volta ao caminho da luz...
Ficamos estupefatos. Não sabíamos se a velha inventara aquilo, ou se o sumiço do rapaz fora apenas um acidente não explicado. O que sei é que sempre que vejo águas turvas, ou quando estou sozinho em meio a uma imensidão líquida, trato de fazer uma oração íntima, pedindo proteção, respeitando o mistério que habita as águas e que ronda o nosso imaginário...
Sob o Signo do Medo! (Clique e Conheça!)
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