Terror na Caverna da Morte
Jorge Linhaça
Rapazes e moças aventureiros, um desafio de coragem, uma iniciação, um rito de passagem.
Tudo isso compunha o cenário para aquele final de semana programado com ansiedade pela galera. O destino? Uma caverna inexplorada e tida como assombrada e cheia de perigos pelos habitantes da localidade
.
A caverna encontrava-se incrustada em uma montanha em meio a uma mata cerrada ainda resistente ao avanço das lavouras dos latifúndios.
Contavam os antigos histórias de pessoas que para lá se encaminhavam e nunca mais voltavam ou, se voltavam perdiam as faculdades mentais. Tudo isso fazia crescer naqueles jovens o desejo de desafiar o perigo e contradizer as supostas lendas que ouviam desde crianças.
O fim de semana prolongado pelo feriado local foi o escolhido para a empreitada.
Montaram suas mochilas e partiram em direção à mata que precisavam atravessar antes que a noite caísse e os deixasse desorientados.
Chegando ao pé da montanha montaram acampamento preparando-se para a ansiada exploração da mítica caverna. Ali passaram a noite em suas barracas tentando conciliar o sono já que de tão ansiosos demoraram a dormir, em parte preocupados intimamente com a lembrança das histórias ouvidas ao longo dos anos.
Pela manhã, mal raiava a alvorada, alimentaram-se já que saco vazio não para em pé, quanto mais em se tratando de adolescentes, prepararam a tralha para escalar a tal montanha até chegar à desejada caverna.
Não era uma tarefa fácil já que a encosta era suficientemente íngreme e longa para retardar o avanço de nossos heróis e heroínas. Mas parando vez por outra para um devido descanso e providencial reidratação ao fim da tarde já se encontravam nossos jovens aventureiros a poucos passos da entrada do alvo de seu desejo.
Alguns instantes de hesitação, o incentivo mútuo e o comportamento de manada falou mais alto que a razão...adentraram a caverna devidamente municiados de suas lanternas de led.
A entrada era ampla e parecia um anfiteatro que ia se afunilando à medida em que penetravam em suas profundezas, um misto de adrenalina e temor podia ser percebi em seus passos e nos seus olhares...estalactites e estalagmites iam aparecendo na medida em que mais se entranhavam montanha adentro. As luzes das lanternas batendo sobre essas formações proporcionavam um espetáculo digno de ser apreciado como se o teto vez por outra se revestisse de estrelas .
Logo adiante a caverna se bifurcava e após alguma discussão o grupo separou-se em sua missão exploratória, três para um lado e quatro para o outro.
***
O trio seguiu pela passagem à direita e foi avançando enquanto que a passagem tornava-se cada vez mais estreita e claustrofóbica...repentinamente ouviram gritos horripilantes vindos do outro lado do paredão que os separava do quarteto que seguira na direção contrária.
O sangue congelou em suas veias por um átimo de instante e quando deram por si já estavam correndo de volta para a entrada da bifurcação chamando pelos amigos e recebendo como resposta apenas os gritos de socorro cada vez mais desesperados de seus companheiros...um a um os gritos foram cessando até que restava apenas o barulho dos passos de um de seus amigos e a voz já rouca e fraca a pedir pelo auxílio de Deus...
Finalmente chegaram à bifurcação a tempo de ver seu amigo ser arrastado como que por mãos invisíveis para as profundezas escuras do túnel do qual tentava fugir...
Ainda tentaram em vão segui-lo até que a luz de uma das lanternas revelou a face do desconhecido agressor...
Quedaram-se paralisados por um instante e resolveram que era melhor salvar a própria vida e correram desesperadamente para a saída da caverna e permaneceram correndo encosta abaixo até terem certeza de que ninguém ou nada os seguia.
Não conseguiam falar, respiravam com dificuldade extrema e foram caminhando com o que restava de suas forças em direção ao acampamento.
****
Foram encontrados dias depois por uma equipe de buscas, totalmente desorientados em meio à mata, desidratados e com várias escoriações devido à sua fuga.
Dos quatro amigos nunca mais se teve notícias, grupos armados vasculharam a mata e a caverna mas nada encontraram que indicasse o seu paradeiro.
Quanto aos três sobreviventes, ao serem inqueridos sobre o que haviam visto e sua descrição apenas conseguiam dizer...VIMOS A FACE DA MORTE !