Corrida Contra a Morte
Corrida Contra a Morte
Jorge Linhaça
Ela aproximava-se velozmente, com sua face pálida e as mãos esquálidas, tentando de todas as formas se apoderar de mim. Eu corria qual um Hermes moderno de pés alados, tentando manter-me longe do seu gélido toque.
A distância entre nós não aumentava e nem diminuía, mantinha-se na casa dos 4 ou 5 metros.
O ar invadia-me os pulmões e sentia queimar-me por dentro... Mas não podia desistir.
Minhas pernas pareciam adquirir peso extra a cada metro avançado e meu esforço precisava ser cada vez maior para manter-me em movimento.
Ela, ao contrário, parecia flutuar e minha direção sem dar qualquer sinal do mais tênue desgaste.
Senti a distância encurtando-se para dois ou três metros.
Num esforço sobre-humano reuni forças que nem imaginava ter dentro de mim, afastando-me um pouco mais da temível criatura.
O esforço, no entanto, cobrou o seu preço, logo perdi a coordenação dos membros inferiores e tentava, em vão, continuar minha carreira que agora acontecia de forma trôpega e claudicante.
Senti a aproximação da derradeira dama de minha vida...Tentei distanciar-me, no entanto as câimbras conta de minha musculatura...Despenquei no chão soltando terríveis urros de dor.
Ela enfim aproximou-se e com um beijo de seus finos e frígidos lábios despediu-me daquilo que vocês chamam vida.
Salvador, 20 de dezembro de 2012.