A EXCLUÍDA

- Deixa essa aí pra trás, ela vai nos atrasar. - dizia Roberta - enquanto acelerava o passo.

- Mas ela está passando mal! - respondeu Aline, enquanto diminuía a marcha.

Ana Clara era uma moça de seus 17 anos, muito tímida, mudou-se a pouco tempo para aquela pequena cidade do Arizona. Ela tinha a pele clara, olhos azuis, cabelos lisos e loiros, usava aparelho dentário, e óculos de fundo de garrafa, para tentar amenizar sua deficiência da miopia. Era muito magra, parecia doente.

Devido a sua aparência e também a sua timidez, nunca havia namorado, nunca nenhum rapaz se interessou por ela. Era muito inteligente, tirava as melhores notas no Colégio.

Ana Clara tinha bolsa de estudos integral, por isto tinha que tirar as melhores notas, e fazer parte do atletismo, para garantir a bolsa.

Naquela manhã Ana Clara competia na maratona, para garantir sua bolsa de estudos, ela não gostava muito do atletismo, mas era coagida por sua mãe, devido a separação dos pais, ela não tinha condições de pagar os estudos.

Vendo a dificuldade de Ana Clara na corrida, Aline se compadeceu dela e reduziu a marcha para ajudá-la, pois sabia que ela era a única aluna do Colégio que necessitava ganhar aquela maratona, e disse:

- Vamos Ana, força, você precisa vencer esta corrida, ou perderá a bolsa.

Ana Clara ouvindo o incentivo da colega, buscou forças onde não havia e acelerou, acelerou, e logo já era a terceira, a segunda e ficou assim boa parte da maratona, enquanto a esnobe da Roberta estava na primeira posição. Faltava pouco tempo para a linha de chegada e Ana Clara correu o mais que pode, pensando em garantir sua bolsa de estudos, ela correu, correu e correu e estava quase alcançando a Roberta, e em segundos emparelhou com ela, e deu tudo de si, e a faixa de chegada foi rompida pela Ana Clara, que em seguida jogou-se no chão.

- Você vai se arrepender de ter vencido! - gritava a Roberta.

Ana Clara era mesmo esquisita, sempre sozinha, não tinha um grupo de amigos, ia ao Colégio e voltava sozinha, caminhando. Ela era muito introvertida, pouco se sabia de sua vida. Alguns diziam que ela era bruxa.

Na verdade os outros alunos tinham era inveja de Ana Clara, e a perseguia constantemente.

Certa vez, colocaram um sapo dentro de sua mochila. Quando ela abriu a mochila para pegar os livros o sapo pulou, e foi aquele alvoroço.

Com a vitória na maratona, Ana Clara comprou uma briga com a Roberta, que só pensava em se vingar. Ela tinha um grupo com seis colegas, todas tão esnobes quanto ela.

Diziam que a Ana Clara tinha poder sobrenatural. Certa vez na hora do recreio, Ana pegou o seu lanche e como sempre sentou-se em um canto sozinha. A Roberta foi até ela, pegou o suco e jogou em sua cabeça. Ana ficou ensopada, e humilhada saiu dali correndo.

No dia seguinte Ana saiu no horário de ir a escola, mas seguiu para a casa da Roberta, encontrando-a no caminho. A rua estava deserta, Roberta vinha de bicicleta e a Ana a aguardou, escondeu-se atrás de um arbusto e quando ela passou, Ana a derrubou da bicicleta. Roberta perdeu os sentidos e ficou caída no chão. Ana a garrou pelos cabelos e levou a mato adentro, afastando-se da civilização. Quando já estava na mata e sozinhas, Ana puxou o zíper de sua mochila, abrindo-a e retirou uma faca grande e uma corda, amarrando a Roberta em seguida. Depois ajoelhou-se e fez uma oração, não se sabe para quem. E abaixou-se e dizendo algumas palavras ia cortando a Roberta. Começou cortando suas mãos fora, o que despertou a Roberta com a dor, que gritou muito alto. Em seguida cortou-lhe a língua, evitando que ela gritasse, continuou a cortá-la, parte por parte, enquanto as lágrimas rolavam do olhos de Roberta.

Terminado tudo, Ana cavou vários buracos e foi enterrando os pedaços ensaguentados de Roberta, um pouco em cada lugar.

Depois disto Ana voltou para casa cantarolando pelo caminho, sorria alegremente, enquanto saltitava pelo caminho de volta. O vento fresco soprava em seu rosto e esvoaçava o seu cabelo cor de ouro.

Ana Clara chegou em casa radiante, tomou um banho, almoçou e foi descansar, feliz.

Naquele dia Roberta não retornou para casa, sua mãe preocupada, saiu a sua procura, foi a Escola, sendo informada que a mesma não compareceu. Saiu e foi a Polícia, e deu parte do desaparecimento da filha. Também foi a casa de suas colegas, passou também na casa de Ana Clara, que a atendeu cinicamente com um sorriso no canto dos lábios. Não a encontrando retornou a sua casa em prantos.

Naquela noite quando todos dormiam, Ana Clara levantou-se e saiu, caminhou pelas ruas na madrugada, quase que automática dirigiu-se ao local do crime. Sentou-se naquele chão de terra e começou a cavar, retirando um pedaço da coxa de Roberta, dilacerando a em seus dentes, a escorrer sangue misturado com terra. saciou-se, em seguida levantou-se no automático retornando ao seu lar. Na volta não havia ninguém na rua, ela entrou e deitou-se do jeito que estava, suja de terra e sangue.

Pela manhã, a mãe de Ana Clara entrou em seu quarto e a viu suja em cima da cama. Preocupada com a filha, viu que ela voltou a atacar. e logo teriam que se mudar dali, antes que todos descobrissem seu segredo. Acordou a e a levou para o banho, ela ainda sonolenta foi colocada na banheira. Sua mãe encheu a banheira e enquanto esfregava a filha, cantarolava uma canção que mais parecia um ritual satânico.

Ana Clara foi a escola, naquele dia foi um alvoroço pelo sumiço de Roberta. Ana fingia que não sabia de nada. as meninas do grupo de Roberta continuavam a implicar com a Ana. O que era um risco muito grande para suas vidas. ela ignorou aparentemente, mas interiormente estava possessa.

Nos dias que se seguiram ana tentou se controlar de seus impulsos. Conseguiu se controlar por dois meses, quando a força interior a arrebatou novamente. No Próximo sábado haveria um passeio da escola, todos iriam, inclusive Ana Clara.

No dia do passeio todos estavam na porta da escola, os ônibus já haviam chegado. Os alunos encaminhavam-se para o ônibus, de acordo com o chamado dos coordenadores. No ônibus os alunos estavam na maior algazarra, cantavam, riam e debochavam de Ana Clara.

O passeio seria em um lugar com cachoeira. Depois de toda a algazarra chegaram ao destino. O ônibus estacionou embaixo, e ainda teriam que caminhar a pé subindo uma montanha. Lá no alto havia um belo parque, com churrasqueiras, poços na cachoeira e muito verde, uma maravilha para os naturalistas.

Caminharam até o Parque, e lá chegando cada um procurou um lazer. Um grupo caiu nas águas da cachoeira, e Ana Clara mergulhou nas águas, tinha um bom fôlego e ficava embaixo d'água por um longo período. enquanto isso o grupo das esnobes continuava a caçoar dela. Ana Clara estava no seu limite, e pensando em planejar uma vingança, mergulhou e agarrou uma, duas, três e em pouco tempo ela tinha afogado todas as esnobes. Depois nadou para outro poço, sem que ninguém a visse, e na hora de voltar, começaram a fazer a chamada e descobriram que faltavam algumas meninas. Preocupados saíram a procurar as alunas. Alguns coordenadores mergulharam e encontraram os corpos afogados, presos as pedras do poço.

As autoridades e pais foram chamados ao local, parecia se tratar mesmo de afogamento.

Voltaram para casa, dessa vez entristecidos, com exceção de Ana Clara, que parecia feliz.

Naquela noite, Ana Clara rolava na cama, sem conseguir dormir, ao fechar os olhos ela via a imagem das meninas que ela havia matado. Tinha medo de dormir e ser atacada pelos fantasmas. As horas passavam lentamente, até que Ana Clara foi vencida pelo cansaço daquele dia, e adormeceu. Saindo de sua zona de proteção, viu-se rodeada pelas meninas mortas, cada uma aproximava-se dela querendo atacá-la, Ana fugia de medo, mas era seguida pelos fantasmas, e quando ela escapava de um aparecia outro. O fantasma líder era o da Roberta, que intentava se vingar.

Quando os fantasmas das meninas conseguiram agarrá-la, ela acordou a mãe aos gritos. Sua mãe observou suas roupas rasgadas e seus cabelos arrepiados. A porta e a janela estavam escancaradas. Sua mãe não entendeu como, pois ela tinha fechado tudo antes de se recolher.

Ana Clara agarrava-se ao pescoço da mãe, que dormiu com ela para protege-la.

Ana que já não era muito normal, passou a piorar seu comportamento. Passou a ver fantasmas em todos os lugares. A professora sugeriu a sua mãe que a levasse a um Psiquiatra.

No dia seguinte a mãe de Ana Clara a levou ao médico, que fez alguns testes, e de imediato a internou. Sua mãe a deixou no Hospital e voltou em casa para buscar roupas para ela. Quando se aproximava de sua casa, viu uma movimentação e fumaça no ar. Ao chegar em casa os vizinhos estavam todos na rua, os bombeiros tentavam apagar o fogo, que incendiou sua casa. Parou em frente sua casa vendo tudo se transformar em cinzas.

Nas proximidades faixas diziam: Fora, vão embora daqui!

Enquanto isso no Hospital, Ana dava trabalho aos funcionários, não queria tomar remédio e fugia feito lagartixa no teto.

Os funcionários começaram a se assustar com o comportamento dela.

Ana Clara ficou internada por meses, já se aproximava seu aniversário de dezoito anos. Sua mãe pensava em levar um bolo de aniversário para ela. No dia do seu aniversário, Ana recebeu o bolo de sua mãe. Sua mãe chamou os médicos e enfermeiros para cantar parabéns para Ana. Sua mãe acendeu as dezoito velinhas, cantaram parabéns para Ana, e também estavam presentes as meninas assassinadas por Ana. Após cantarem parabéns, todos diziam em um só coro: - Apague as velinhas!

Ana via os fantasmas pegando as velas e incendiando tudo no quarto, e riam de gargalhar, o fogo crescia a labareda, a porta havia sido fechada pelos fantasmas. Todos foram consumidos pelo fogo, enquanto seus espíritos se desprendiam da matéria, em um grito de dor.

Continua com: O HOSPÍCIO FANTASMA