Choro de Criança

Era um galpão abandonado, longe do centro da cidade e ficava no mato. Passava da meia-noite quando,cuidadosamente acordei bem sonolenta. Troquei-me com cuidado,sem ser percebida pelo meu marido e retornei para o local.Bocejava muito. Faltava-me algumas ferramentas. Tive que ir no centro da cidade numa casa de ferragens. Compreia-as, pus no cartão. Seis pagamentos, sem juros. O galpão ficava à beira da estrada-todos os dias passava por ali-jamais imaginei, que um dia precisaria usar uma de suas dependências. Duas horas de viagem,mas valeria a pena,sei que valeria. Algumas pessoas precisam acordar para que as coisas mudem na sociedade-que é muito passiva e covarde.

Não é clichê - uma chuva fina molhava a noite. Desci do carro. As ferramentas estavam numa mochila velha, que estava nas minhas mãos. As minhas pernas estavam trêmulas, o coração acelerado. Uma sensação estranha dominava o meu ser,mais uma vez. Era euforia,talvez,medo-não sabia ao certo. Euforia e medo juntas,sincronizadas. Talvez,a certeza de que estaria dando a resposta certa-apesar de Jesus recomendar o oposto.

A chuva aumentou de intensidade. Um barulho infernal. Muito bom. Eu iria precisar mesmo de abafar alguns ruídos durante a madrugada.

Entrei no galpão. Havia feito um gato de energia, pois, haveria a necessidade de vencer a escuridão ali. Não foi difícil.Muitos fios despencavam do teto e pude perceber que havia uma ligação com um dos postes que beirava a sua entrada-talvez,obra dos últimos sem terra que por ali, estiveram havia meses.Foi notícia na tv. O Brasil está uma bagunça com essa gente violenta e comunista invadindo as propriedades privadas que pagam os seus impostos e não têm uma segurança oferecida pelo governo-que so os favorecem nas invasões.Bando de terroristas,criminosos,Comunistas.

- Ola.

Falei para ela.

- Filha de uma puta...

Respondeu-me, com nervosismo e ódio. Cuspia irada.

- Acha que eu sou uma má pessoa, não é? talvez, até ache que eu sou uma psicopata, uma doente. Alguém que apresenta fragilidade,por ser mulher, mas que surpreende.Não esperava que tomasse tal atitude,não é?

- Desgraçada, filha de uma égua. Solte-me daqui. O que pretende?

Amarrei-a pelos pulsos e pelas canelas. Estava presa entre duas colunas de madeira, eram grossas e resistentes.

A chuva torrencial dificultava a nossa troca de amabilidades verbais.

- Sabe o que é isso?

Indaguei-lhe. Exibia um alicate.

- E isso?

Perguntei-lhe mostrando um serrote pequeno.

Tirei todas as ferramentas da bolsa. Alicates diversos, serrotinhos,facas,buticão.

Sentei-me perto dela, rasguei a sua roupa. Deixei-a despida.

- O seu marido vai sentir a sua falta? Você é casada...? Não tem um corpo nada sedutor para um homem ter com facilidade uma ereção-talvez,seja tão infeliz no que faz que me aborreceu.Sabia que penso que as pessoas que fazem muito sexo são bem felizes?

Ela nada respondeu.

- Você tem filhos menores?

Ela nada respondeu. Então, comecei. Com uma tesoura cortei os lindos cabelos ruivos. Depois raspei o seu couro cabeludo com uma navalha. Ela ficou careca. E muito mais feia do que ja era.

- Olhe-se nesse pequeno espelho. Tinha cabelos bonitos, bem tratados.Não os tem mais.

Postei o pequeno espelho frente ao seu rosto. Ela relutava em olhar. Olhava-me com ódio. Cuspiu no meu rosto. Tirei muitas fotos e filmei,claro que iria postar na internet.

Com a navalha em riste, tirei as suas sobrancelhas. Pequenos filetes de sangue escorriam, ela não facilitava, e se machucava muito.

- Sua maldita, o que quer de mim? Por quê faz isso comigo? Vadia...

- Adoro crianças. Nada é mais belo no mundo do que um sorriso infantil. Uma criança é um ser indefeso. Incapaz. Pode-se fazer o que bem se quer, e ela não terá defesa. Sabia que a única defesa de uma criança é o choro, e nada mais? Então, estou satisfeita que chore. Te arranquei as primeiras lágrimas. Nem imagina como isso me deixou feliz. Uma criança não conseguiria ir longe, ao fugir do seu algoz,sabe disso. Pernas curtas,pouca mobilidade. Veja bem, agora vai doer.

Arranquei as suas unhas dos pés. Uma a uma. Ela desmaiou. Tratei de reanimá-la com água gelada. Munida de uma seringa com anestesiante poderoso tratei de lhe diminuir as dores.

- Não faço isso por ser boazinha, não. É que quero você acordada, entendeu?

Arranquei as suas unhas das mãos. Uma a uma. Usei do mesmo artifício. Deixei-a anestesiada, so assim poderia presenciar o momento cruel, macabro sem desmaiar.

- Comprei esta faquinha num mercadinho. É conhecida como sete tostões. Vou te furar com ela.

E, assim comecei a criar perfurações por toda a extensão do seu corpo. O sangue escorria, sem pressa. Comecei pelo seu rosto. Um furo na testa, mais um em cada bochecha. Dois na garganta, próximos da base do maxilar inferior. E, fui descendo: seios, costas, barriga, nádegas, coxas...

- Por favor, por quê tanta crueldade?

- Adoro sorriso de crianças, não sabe? Morei numa cidade, onde o meu quarto tinha uma janela que dava para um parque numa praça. Ficava ali observando as crianças brincando. Era o melhor momento de minha vida. Era relaxante vê-las sorrindo, correndo, caindo, levantando. Ah, uma criança sorrindo - acho que até Deus pára as suas obras universais para presenciar uma criança sorrindo. Uma criança é um ser incapaz. Qualquer um pode fazer mal a uma criança. Você agora, é uma criança nas minhas mãos. Entende-me?

Ela nada respondia. Então recomecei. Eu fazia,fotografava e filmava.

O sangue escorria tingindo de vermelho a sua tez.

Arranquei uma de suas orelhas com um alicate. Pensei que seria uma tarefa fácil, não foi. Descansei e parti para arrancar a outra orelha.

- Você não ficou gatinha sem as orelhas. Veja.

Mostrei o seu rosto num pequeno espelho.

- Não acabou. Vou arrancar o seu nariz e todos os seus dentes. Um a um. Falei assim, enquanto lhe injetava mais substância anestesiante.

- Não quero que morra, ou sinta dor, por agora. Não, primeiro assista a sua depredação carnal, a sua decomposição corporal. Depois que o efeito passar, poderá sentir todas as dores que o seu sistema nervoso possa lhe oferecer.

Arranquei a sua língua. Dei um tempo e tirei todos os seus dentes. Deu um trabalho dos diabos. Ela relutava, o seu corpo se sacudia de forma frenética. mas, não pôde se defender. Estava, agora sem os cabelos, sem as orelhas, sem a língua, dentes, unhas dos pés e das mãos. Alguns furos decoravam o seu corpo. O sangue escorria de forma abundante.

- Veja, com este bisturi vou fazer cortes na sua pele e vou arrancar a sua pele.

E, assim foi feito. Dei cortes à volta do seu rosto, profundos. Puxei a pele do seu rosto. deixei-a sem o rosto. Pretendia tirar a pele do corpo, mas desisti. Estava satisfeita. Filmei e fotografei.

A chuva não parava. Lavei-me no banheiro abandonado que havia no galpão. Troquei de roupa. Entrei no meu carro e fui embora.

Mas, não havia terminado. Espalhei sal por todos os ferimentos do seu corpo. Ela berrava de dor, urrava. A chuva torrencial encobria os seus gritos.

na manhã seguinte estava estampada na capa do principal jornal da cidade:

" Diretora que maltratava as crianças na escola é encontrada mutilada. Um circo dos horrores. Uma cena digna do mais detestável filme de terror."

Ela sobreviveu. Sempre tem pânico inexplicável quando se olha no espelho. Começa a chorar compulsivamente, feito criança maltratada.

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 08/12/2012
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T4025124
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