OS DESENCARNADOS
A população da cidade voltou a crescer, com a chegada de estrangeiros, Políticos e turistas. Havia também muitos fantasmas, o que preocupava as autoridades, que mandou buscar o Dr. Marcelo, PHD em Assuntos sobrenaturais com o objetivo de solucionar o problema.
É certo que fantasmas eram chamariscos aos turistas, mas chegou a um ponto que já começava a prejudicar o negócio. Um fantasma ou outro estava de bom tamanho, porém eles resolveram sair todos da tumba ao mesmo tempo.
Dr. Marcelo chegou a cidade, encaminhou-se para o Hotel Real, um dos mais requisitados do local, por ser uma Fazenda de café do século passado. Muitos afirmavam ser um dos mais assustadores. Ele entrou no Hotel, a recepção era uma ampla sala, com móveis rústicos, desenhando o passado, em um canto ficava um balcão da recepção, em cima um jarro com flores do campo, frescas, pois ainda exalavam o aroma. Em outro canto havia um enorme pilão de madeira, decorativo. Por toda sala cadeiras com assentos acolchoados floridos.
Entrar naquele Hotel era voltar ao passado e vivê-lo, isto era o que atraia tantos turistas.
A recepcionista uma mulata de cadeiras largas, nádegas avantajadas, seios grandes, cintura fina, lábios grossos e cabelos encaracolados, na cintura; aparentando seus trinta anos. A típica miscigenação brasileira que enlouquece os estrangeiros. Ela muito educada, recebeu o Dr. Marcelo dizendo:
- Bom dia, o Senhor tem reserva?
- Sim, em nome de Dr. Marcelo Dias. - respondeu ele.
- Ah! Claro! Achei aqui, o Doutor ficará no quarto 409. - um momento que o contínuo levará suas malas.
Doutor Marcelo subiu, ao entrar no quarto observou que tinha voltado no tempo, aquilo tudo era muito real, aquela cama de madeira rústica, com um criado mudo ao lado. Um simples guarda-roupas rústico. No chão o assoalho era de tábua corrida, a janela em madeira pintada de azul. As paredes pintadas em tinta branca, da mais alva brancura.
Doutor Marcelo recostou-se na cama e foi vencido pelo cansaço da viagem, adormecendo. ZZZZZZZZZZ Altas horas da madrugada acordou sobressaltado, com o barulho de um desencarnado voando pelo espaço do quarto. Ele não acreditando no que estava vendo, esfregou os olhos, na esperança de certificar-se do que estava vendo. Porém o fantasma continuava lá. Dr. Marcelo cobriu a cabeça, mas o espectro deu um puxão lançando-a longe.
Nesse momento bateram a porta do quarto, Dr.Marcelo levantou-se para abrir. Ao abri-la entrou uma legião de fantasmas no quarto, ele saiu correndo até a recepção gritando.
- Socorro, socorro, ajudem-me!
- A recepcionista que cochilava no balcão, acordou sobressaltada. Ao ver o que estava acontecendo, não entendeu e falou:
- Dr Marcelo, o Senhor não é o caçador de fantasmas? Como pode estar fugindo deles? Se o Senhor que é o Dr. PHD em sobrenatural está correndo, imagina nós.
- Eu não sabia que os fantasmas eram de verdade, pensei que fosse uma mutreta para atrair turistas.
O Doutor Marcelo realmente era PHD em sobrenatural, mas isso não o eximia de ter medo.
Depois deste incidente o Doutor viu que a coisa era séria e tinha que tentar resolver o problema dos fantasmas na cidade, afinal ele estava sendo bem pago para isto. Ao amanhecer o Dr. Marcelo levantou-se e partiu em busca dos fantasmas. Visitou cada Hotel, Fazenda ou casa.
Entrou em uma fazenda e ao passar pela porta foi atacado por inúmeros fantasmas, imediatamente ele pegou a sua máquina caça-fantasmas e direcionou a eles, sugando um a um, limpando o ambiente. Saiu dali e visitou todos os cantos da cidade, mirando em todas as direções, caçando e aprisionando a muitos.
Os fantasmas eram os escravos, mortos naquela cidade de maneira violenta. Estavam aprisionados aquela cidade por toda a eternidade.
O Doutor caçou diversos fantasmas, as ruas estavam cheias deles, que amedrontavam a todos, inclusive aos turistas. Exausto de tanto trabalhar, sentou-se a sombra de uma enorme árvore. Estando assim descansando, quando de repente foi surpreendido por uma legião de fantasmas, que se apossando de sua máquina, mirou em sua direção, aprisionando-o para sempre.
Desta maneira ficaram livres, continuando a assombrar a todos na cidade, que já não saiam mais as ruas, sendo até mesmo importunados em suas casas.
Quanto ao turismo, o negócio fracassou, pois poucos se aventuravam a tamanha assombração.