Medo a Flor da Pele!

Estávamos sentados no sofá assistindo televisão, eu, minha namorada e meu irmão. Falávamos sobre o fim do mundo, histórias de terror e de um apocalipse zumbi. Com ares sarcásticos, rindo e brincando quanto ao que faríamos que coisas do gênero realmente acontecesse. Já estava noite e havíamos apenas nós três em casa, também já se passavam alguns minutos da meia noite, mas nossos assuntos tornavam-se cada vez mais sombrios, parecíamos crianças querendo amedrontar o outro.

De súbito meus companheiros de sala emudeceram, ficaram estáticos e nem se quer faziam barulho para respirar. Sorri e disse que então deveríamos parar com a brincadeira, não queria que ninguém perdesse a noite de sono devido ao medo sem necessidade. Após alguns instantes, procuramos nos acomodar para descansar, eu e ela dormiríamos na sala, num colchão posto sobre o tapete, enquanto meu irmão rumaria ao quarto. Já postos a cama, cobertos e aquecidos, aquela na qual eu dividia o travesseiro comentou:

- Você não viu, não é? - Fiquei surpreso com a pergunta, pois de fato eu não sabia do que se tratava.

- O que eu não vi? - Indaguei, pois fiquei curioso a descobrir.

- O reflexo? No vidro? Era assustador. E de repente, desapareceu!

- Não se preocupe, era apenas a imaginação fértil de vocês dois, desculpe-me pelas palavras assombrosas, não era de minha intenção causar tanto espanto. Não há de que ter medo, durma sossegada, pois ainda estou sem sono, permanecerei acordado zelando por você.

Fui agradecido com o beijo leve e carinhoso no rosto, a partir daí, sentia-se apenas a sua respiração profunda. Ajeitei-me com a face voltada para cima, fiquei a observar a luz alaranjada que incandescia do aparelho de som no suporte das lampadas no ventilador de teto. Naquela sala haviam três portas, uma que dava para rua, uma para a cozinha, e outra que ia para o hall de entrada e corredor dos quartos. Da sala para o hall também havia uma janela, toda envidraçada, sem aberturas, apenas uma veneziana que permitia a infiltração dos raios luminosos que provinham da rua, pois a porta de entrada principal também continha vidraças. Tudo isso tornava aquele ambiente imerso em penunbra, não totalmente escuro a ponto de nada se ver, e nem claro o suficiente para detalharmos os objetos de decoração.

Ao nosso pé, ficou um corredor de aproximadamente um metro, até dar de encontro a lareira, e foi exatamente nesse corredor que meus olhos fitaram algo que gelou minha espinha. Era algo fora do comum, fora do padrão, fora de tudo. O ar ficou pesado, frio, meu coração apertou, parecia contraído a um terço de seu tamanho, meu pulso acelerou e minha respiração ficou ofegante. Tentei falar, perguntar, gritar, mas a minha vós amedrontada não ousou a sair. Emudecido, com o medo a flor da pele, sem reação alguma eu apenas assistia aquela massa obscura aos pés da cama. Com apenas movimentos leves, como se fosse uma respiração ofegante, a "coisa" não emitia som algum, ficou ali, parada, como se o meu medo saciasse algum desejo seu.

Não apenas minha vós, mas também as minhas forças abandonaram-me naquela hora, senti meus músculos tremerem, meu corpo começou a cansar-se, estava ficando difícil buscar o ar e levá-los até os meus pulmões. Como se levitasse, de uma forma tranquila, mas arrepiante, meu algoz moveu-se pondo-se ao lado do colchão, próximo a garota na qual prometi protege-lá. Os movimentos que fiz com a cabeça foram involuntários, segui seu corpo com meus olhos estalados. Eu tinha que fazer algo. Olhando de baixo, aquela massa obscura aparentava ter cerca de dois metros de altura. Minha cama era no chão, o que me tornava indefesso caso houvesse uma investida.

Encarei com olhar profundo aquela escuridão que não me dava sinal algum, minha companheira descansava em sono profundo, sorte por ela não estar presenciando tao fato que levou-me a tal instância de medo. Observando seu semblante, aparentemente nada se passava em seus sonhos, graças. Voltei minha atenção ao desconhecido, não demorou até ele então mover-se. Lento e demoradamente ele aproximava-se. Era como se consegui-se escutar o bater frenético do meu coração e quisesse escutá-lo centímetro a centímetro que se aproximava. Fechei e forcei meus olhos por dois segundo e nada mais, ao abrir, uma fumaça escura se dissipava pelo ar.

Foi quando eu acordei assustado. Meu coração ainda estava acelerado. Num segundo eu estava sentado na cama, e no outro eu estava levantando. Era um pesadelo. O ar havia voltado ao normal, meu subconsciente libertou minha fala e meus movimentos. Vistoriei minha amada e fundo de ver se estava tudo bem, seu sono pesado nem a deixou despertá-la. Levantei e conferi as portas. Tudo ok. Deitei e abracei o mais forte possível minha protegida, não demorou e finalmente peguei no sono. Desse pesadelo eu acordei, mas meu medo não fora um sonho, medo esse que não espero sentir novamente.

Oc Abbady
Enviado por Oc Abbady em 03/12/2012
Código do texto: T4017854
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