Segredos do Pântano - Zeni a Prisioneira- parte IV

No furor da fuga, impressionou-me até mesmo o meu pânico diante daquelas figuras que tanto trabalham nos meus contos - pelo amor de Deus, agora estou, também, envergonhado diante dos meus leitores e colegas. Confesso, foi a visão mais assustadora que ja vi em toda a minha vida. Os olhos do lobisomem tem uma vermelhidão assustadora. As suas garras disformes parecem estar sempre dispostas a retalhar e partir ossos-temi pela minha integridade física. O vampiro tinha uma palidez de cadáver no seu rosto. Apesar de estar impecavelmente vestido, em tudo lembrava um defunto. Os olhos frios, amarelados. Bonitos, creiam, so os vampiros almofadinhas da saga Crepúsculo. Os vampiros dos autores do Recanto são de arrepiar, de olhar gélido, de aparência tétrica e cheiram à morte. Gelei quando um deles, não tirava os olhos do pescoço da indefesa Zeni, a nossa personagem.

A Mulher de Branco, esta Lenda Urbana foi a visão mais aterradora ja vista. O vestido branco, sensual deixava ás suas formas à mostra. Porém, a sua pele de alvura diáfina estampava a figura mórbida de um cadáver ambulante. Os matadores de JJ de Souza tinham olhares de crueldade extremada. As assombrações de Gantz eram as mais assustadoras. Os personagens de Felipe pareciam terem saidos da profundeza dos Infernos. Acreditem, foi uma experiência aterradora, assustadora, terrível para mim - e para os demais, arrepiante.

Quando dei por mim, estava sozinho . Eu estava ofegante apoiando-me numa árvores, quase não conseguia respirar, o coração parecia querer sair pela boca. Olhei ao longe, Zeni ainda corria, e como corria. dei uma risadinha, lembrei de como seria quando todos estiverem lendo este conto e presenciarem a nossa maior velocista. Da mesma velocidade que Zeni lê os nossos contos, corria.

Percebi os meus pés molhados. O pânico tomou conta do meu ser, estava na maior zona dos perigos do meu mundo do sobrenatural: o local conhecido como Segredos do Pântano.

Zeni pensou assim:

"Meu deus, acho que estou perdida."

Corvos agourentos apresentaram-se diante de sua figura, pareciam ansiosos, talvez, estivesse ali mais um personagem a servir de repasto.

faziam: " Kraouhh...Kraouh...Kraouh..."´- como um chamado amaldiçoado a anunciar a morte eminente dos que ali se perdiam.

A água estava nos seus joelhos. Sabemos que andar no pântano com a água acima dos joelhos pode representar um perigo mortal, além de um ataque de jacará,há apossibilidade de afundar em areia movediça.

-Oh, meu Deus, meu Deus...isso é muito mais do que um pesadelo.

Andar na lama era difícil. As aves agourentas a acompanhavam. O coração quase parou ao avistar um jacaré se jogar na água e nadar em sua direção. Nadou, com desespero, chegando até ás raizes suspensas das tétricas árvores do pântano. Embrenhou-se pântano a dentro. Seguia,sem saber para onde. Estava cansada, amedrontada.

-OOOOHHHHHHH...minha nossa...

Falou, com espanto ao encontrar um cadáver - o do último a por ali se aventurar. A visão soou como se fosse um mau presságio, o anúncio do mórbido. " Sairia viva dali?" perguntava-se. "Teria a brincadeira sombria tornado-se numa encenação, onde o fatídico a tomaria para si?"

Depois de muito andar pelo charco, temendo as criaturas mortíferas, enfim, avista:

- A casa da bruxa. Cheguei...minha nossa, ja sei o que vai acontecer. Eu vou matar o Leônidas, caso saia viva dessa, eu juro. Pego um vôo, vou até Salvador e foi esganá-lo. Não poderia levar, ao invés de mim, a Eliane Verica, a Dorinha Estrela. Até mesmo a Xana Top Model- esta sim, merecia uma pegadinha dessa natureza. Fica naquela de escrever coisas engraçadas, desfilar, tirar fotos de moda praia e, ainda diz que mora num paraíso tropical. Queria ver era ela num conto de terror, e de personagem. Será que daria risada? Choraria, e muito, com certeza.

Zeni estava cansada e faminta. Ficou à espreita. Estava receosa. Foi se aproximando da casa da velha bruxa, de forma insegura. Estava anoitecendo. E os perigos no pântao se tornam mais mortais.

- Sim? E dentro da casa da velha bruxa,, por acaso, vou estar mais segura? Será que não tenho lido os seus contos, LEÔNIDAS-que ódio, eu quero voltar para minha casa.

"Ora, ja sabe como é o desenrolar, você é a personagem, anda. Entre na casa da bruxa." - pensei, observando-a na minha imaginação de literata do terror.

- Ja sei de sua presença, moça.

Disse a velha bruxa, quando Zeni empurrava a porta, devagar. Olhou para a bruxa, insegura. Havia uma lareira, onde um grande caldeirão estava no fogo. A água estava fervente.

- Tenho um amigo que é escritor. Estou molhada e faminta. Cansada...e...

- Não seria um tal de Leônidas Grego?

A velha deu uma risadinha rouca, daquelas de bruxa, mesmo

- Sim,he..he..he..he..Como sabe que é ele?

- Eu sei...eheerr...esse caldeirão no fogo, é para quê?

- Quero fazer uma sopa. Tenho um convidado especial que está para chegar. Talvez, tenhamos carne tenra e doce.

Curiosa, Zeni chegou, com temores próximo do caldeirão. A velha cortava as verduras, usava uma grande faca enferrujada.

- Mas a água está fervendo e nada tem no caldeirão.

- Não vê que preparo as verduras?

- Sim, mas so vai ter verduras, odeio sopa de verduras.

A velha a olhou, silenciosa. Um silêncio sepulcral. Zeni parecia saber o que havia dito com o silêncio.

- Meu Deus, eu quero sair daqui.

Quando se dirigiu para a porta, a velha falou:

- Não se mexa, mocinha, pega de uma faca e me ajude a descascar as batatas e as cenouras. Tem fome? "Não existe almoço grátis." Dizem os americanos, quer comer? Tem que trabalhar.

- Claro, claro...

" Oh, meu Senhor, deduzo que eu sou a carne da sopa." - Pensou com os seus botões do pijama rosa, encardido de lama. Estava descalça. A sua aparência era sofrível. Tremia de medo diante da velha bruxa. Virou o rosto e viu o quarto que permanecia sempre de porta fechada. Muitas trancas a protegiam.

- É ali que fica o seu filho?

- Como sabe?

- Eu leio os contos...Nossa, fico arrepiada ao olhar para a porta.

- Hummmm... Que bom que seja minha leitora. Tem cara de santinha, de anjo. Pensei que gostasse de poesias. Leio sempre uma tal de Dorinha Estrela. Mas, prefiro mesmo os contos de terror da Eliane Verica. Ela tem uma mente,re,re,re,re,re. E, sou meio suspeita para falr do fulaninho, você sabe de quem falo.

Disse a velha, rindo e olhando nos seus olhos.

- É sempre assim, não queremos fazer mal a ninguém. Quero que ele seja vegetariano, mas, sempre o Leônidas manda personagens perdidos para o pântano, e o pântano tem muitos segredos, segredos perigosos, você sabe.

Disse a velha soltando a sua particular gargalhada rouca.

- Ele tem muita fome, você chegou numa hora providencial. talvez ja sinta o seu cheiro.

A velha não tinha terminando de falar, e o monstro faminto batia na porta do quarto. Zeni saltou da tosca cadeira de madeira. Soltou um grito, e dali saiu correndo. Embrenhou-se pelo mato. A velha gritava:

- Não adianta fugir.

gargalhava e gritava:

- Vai ficar para sempre aqui no pântano. Os personagens que aqui ficam perdidos nunca voltam. Volte, Zeni, queridinha. O meu filho tem fome. A sua carne parece ser tenra, e tão doce, eu também quero experimentar.

Zeni não mais a ouvia. Correu, cruzou com mais um cadáver prostado na lama. Os corvos faziam a festa, o bicavam e gralhavam.

- Oh, Céus, ali está o corpo daquele pobre aventureiro, o último a se perder aqui.

Zeni encontrou mais um que berrava:

" Liberdade, pelo amor de Deus, liberdade, não quero ficar eternamente aqui, eu quero encontrar a saída..."

- Oh, Céus, é o personagem que a velha seduziu com a sua forma falsa de mulher jovem e bela.

-Zeni, ei, psiuu.

Eu a encontrei num estado emocional deplorável. Os cabelos em desalinho, com a roupa escura de lama. Descalça, exausta.

- Seu maldito, quase viro sopa no caldeirão da velha bruxa. Eu quero sair daqui.

- Não vai poder, os personagens que se perdem no pântano nunca voltam, ou enlouquecem, ou são devorados pelos corvos e pelos jacarés.

- EU QUERO SAIR DAQUI......JA, AGORA.

Observei-a em silêncio. Nossa o seu olhar de ódio era o de uma sociopata, temi pela minha vida. A faca enferrujada que ajudava a descascar as batatas da velha bruxa estava na sua mão direita. Temi pela minha vida.

- Mataria um autor que tanto te divertiu?

- Te arranco as tripas fora.

" Jesus." pensei. O seu olhar, tinha sangue no olho, a sua voz era de uma louca.

- VAMOS COM ISSO, eu quero sair desta bosta de conto. Traga para ser personagem as suas outras amiguinhas...Eu não, entendeu? Eu não.

" Eu não..."

" Eu não..."

"Euuuu...nãooooo.."

- Zeni, Zeni, menina...

" Eu..não..."

- Zeni...acorde...

Abriu os olhos. Sentiu o maior dos alívios ao ver o teto do seu quarto,as paredes do seu quarto, a sua cama. Apalpou a cama, nervosa. Parecia ter uma prova viva de que estava em casa, em repouso.

Sandra a chamava.

-Acordei com os seus gritos, parecia berrar com alguém.

- Sandra que bom, voltei para casa...

- Não me diga que inventou mais uma de suas saídas secretas daquelas, e fica me pedindo para não contar para o seu irmão. Da última vez foi para o Rio de Janeiro e resultou em passar fome e ficar num local apertado e quente. E, não me venha dizer que quer mais uma vez tudo da família ADA.

Zeni riu e falou:

- Goiabada, feijoada,quiabada,rabada,marmelada,rabanada. E, eu estou endiabrada, também.

E soltou uma gargalhadda sonora.

- Onde você se enfiou dessa vez? Não me diga que saiu pela janela, não te vi sair pela porta.

- E foi pela janela mesmo.

- O quê? Ta brincando comigo, olha so a altura...

Zeni riu mais uma vez.

-Onde você estava?

- Acredite :num conto.

- Aonde?

- No pântano, num conto, teve cemitério e encontrei até assombrações, lobisomens e até vampiros. Dei sorte, quem entra no pântano, jamais sai de la...

- Você bebeu por acaso?

- Antes tivesse, antes tivesse. Traga o meu notebook, por favor, vou mandar um recado para um fulaninho la da Bahia.

- ZEENIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII.

Gritou Sandra, assutando-a.

- O que foi?

-Olha so como esta você, olhe-se no espelho.

Eu, atrás da cortina de uma das janelas me borrava de ri.

Zeni estava com o cabelo em total desalinho. Os pés sujos. O pijama rosa coberto de lama escura.

- Sandra pelo amor de Deus, acredite eu não sai de casa, não. Foi um sonho tudo isso aqui, acredite em mim, não fale para o meu irmão.

- Eu não sei mentir.

FIM

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 03/12/2012
Reeditado em 06/12/2012
Código do texto: T4017701
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