Post Mortem

Observo as trevas em cascata

As paredes se fechando contra mim,

O horror me apunhala e mata,

Mas este jamais será meu real fim!

Da morte ainda sou um refém.

Pregado junto da cruz sendo açoitado

Mas meus olhos ainda vêem,

Mesmo morto ainda estou acordado!

O frio me abraça na noite escura

Contorço-me dentro do aperto caixão

Cavo com os dedos a sepultura,

Querendo sair desta longa hibernação

Minha carne tão desfiada,

Vermes corroendo-me por dentro,

Vivo após toda a jornada,

A pele do rosto vai-se apodrecendo

Essas flores que encobrem,

As vestes podres deste velho paletó,

Sopradas então se desfazem,

Consumidas viram este cinzento pó

A terra úmida me pesando,

Ao peito estas pétalas das coroas reais

O suor na fronte talhando,

Meu esqueleto devorado por animais

Erguerei a minha cabeça,

Da terra dos mortos eu vejo a saída

Antes que tudo se apodreça

Eu retornarei ainda com toda a vida!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 02/12/2012
Código do texto: T4016560
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