Quando os mortos caminham - A Frentista Sexy - Capitulo III
Aos poucos escrevendo e tentando agradá-los amigos. Espero que curtam a leitura. Sempre a disposição para ouvir a opinião de todos.
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“Nem toda beleza do mundo pode resistir á morte”
É estranho, mas tudo ficou tão silencioso de repente. Parece não haver nada lá encima. Minhas pernas já estão ficando dormentes.
Está cada vez mais difícil suportar esse cheiro. As paredes tubulares e umedecidas. Posso ouvir o som das gotas escorregadias deslizando pela terra ao me redor, aparentemente pronta a desabar a qualquer momento.
Pedro realmente não suportaria estar aqui com um bando de fantasmas enquanto os mesmos sussurravam ao seu ouvido, entretanto, Jaqueline obviamente iria preferir ficar aqui ao ser sobremesa de zumbis.
Ahh, Jaqueline... Se não fosse por você, talvez esse fosse o pior dia de minha vida. Mas aquela loira fez com que muita coisa mudasse. Muita coisa mesmo.
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Quando os mortos caminham – Capítulo III – A frentista Sexy
Assim que acabei de comer aquele pedaço de hambúrguer velho e imundo, senti uma baita sede.
Levantei-me, ainda lembrando o que aquele soldado havia me dito.
Eu não precisava dos conselhos dele, afinal achava que nada podia ser tão grave assim. Mas eu não tinha idéia do que estava acontecendo até o momento em que ouvi o barulho dos primeiros disparos e subitamente aquela maldita explosão. Olhei para o alto e vi a fumaça subindo acinzentada e espalhando-se pelo ar, à menos de um quilometro de onde eu estava.
O que eu podia fazer?
Continuei andando e cheguei até onde queria, abaixei-me e enchi as mãos. Levei a boca e senti o liquido chegar um pouco amargo, sujo, mas apenas um pouco, porém aquilo era algo aliviador.
Foi aí que ouvi aquele grito.
- Correeeee!!! – Gritou o gordo do restaurante. Estava tão assustado devia ter borrado as próprias calças.
Confesso que nunca fui um bom católico, mas no momento que vi a multidão que caminhava pelas ruas saqueando a vida das pessoas, como se seus estômagos não digerissem nada há séculos, ergui minha mão direita a testa e fiz o sinal da cruz.
Pesadelo e realidade juntos em uma mesma vitrine. Corpos em extrema decadência vagueando ao ar livre. Crianças, jovens, adultos, um bando de mortos atacando a todos. Como é que isso foi acontecer?
Estavam a cerca de cinqüenta metros de mim, e o que podia fazer era sair daquela maldita fonte onde bebia minha água com as próprias mãos.
Aquela era a rua treze. Minhas mãos e boca molhadas da água quase limpa que acabava de engolir. A rua era cercada de bares e restaurantes, não haviam muitas saídas alternativas, apenas uma praça, a fonte, uma estátua do fundador da cidade.
As ruas cheiravam mal para uma cidade pequena, mas eu, bom mendigo que era, não ligava para isso, me tornei parte daquela zona toda.
Saí de perto da água ouvindo o som dos disparos, vendo os mortos vivos serem alvejados, ouvindo os gritos dos cidadãos amedrontados e entendendo que eles não morreriam daquela forma, pois continuavam a andar de uma maneira um tanto esquisita, desordenada, entretanto não tão lenta como nos filmes que já havia assistido. Logo, um pensamento tolo me veio à cabeça.
“Será que aqueles desgraçados nunca assistiram a um filme de mortos vivos?”
- Atirem na cabeça deles! – Gritei, mas sem sucesso. Aquilo era uma verdadeira chacina. Os que corriam acabavam ficando encurralados,eram tantos mortos vivos.Eles haviam saído de todos os lugares possíveis, nicrotérios, cemitérios, hospitais, onde quer que houvesse um cadáver tenha certeza, surjiriam muitos mais, a menos...
Vi um deles agarrando o padre da cidade pelo pescoço e cravando os dentes em sua cabeça enquanto a língua sádica do morto vivo, roxa e degradada, parecia lamber o cérebro do padre através de um buraco que havia feito quase na nuca da vitima.
Aquilo era nojento e grotesco, vi também um homem correndo desajeitado pela rua. E aquilo sim era a coisa mais estranha que ja havia visto. Um homem alto trajando uma capa vermelha com estrelas amarelas bordadas nela, corria até mais desajeitado que aqueles mortos vivos.
Ele corria e parecia conversar sozinho, gritando para falarem mais baixo. Tapava os ouvidos e corria cada vez mais, passando por cima das poças de sangue que já se formavam pela rua asfáltica.
Eu ainda não tinha decidido o que fazer. Correr, deixar que eles me pegassem, matar alguns deles? Eu poderia fazer isso, seria divertido.
O que sabia é que ainda estava com fome e isso era realmente algo que me entediava. Vê-los ali fazendo o que se pode dizer um lanchinho, não fez com que minha fome diminuísse, afinal eu estava sem comer nada agradável há dias.
Olhei para aquela baderna, o homem estranho se aproximava e foi naquele momento que conheci Pedro.
- Corre! Eles estão vindo! – Ele me disse enquanto corria desordenado.
- Eu sei, pode ir amigo! – Respondi com desdém enquanto pensava – bando de malucos, onde é que esse cara arrumou essa fantasia – Foi então que ele me falou algo que me assustou.
- Não fique aí Carlos, eles vão pegar você. Vamos logo! – Ele disse e então aquilo me assustou.
Como afinal ele podia me conhecer, senti certo receio em segui-lo, olhei para os corpos no chão, as vitimas pareciam estar se reanimando. Tremiam freneticamente no chão, enquanto os mortos vivos ainda se alimentavam delas. Vi o padre se erguendo com uma enorme fenda no crânio.
Olhei mais uma vez para o homem de trajes ridículos e o segui. Quisera-me ter feito diferente. Mundo louco esse.
...
Posto de gasolina Coquetel
Dez minutos antes um homem acabara de parar o carro em um posto de gasolina. De certo ele viu aquela placa ridícula logo no acesso ao posto.
“Posto coquetel, aqui servimos o drink que seu carro quer beber”
O que sei é que o homem já parou o carro assustado.
- Pois não senhor? – Ela perguntou.
- Encha o tanque, por favor – Ele disse olhando sempre pelo retrovisor.
- Algum problema? – Ela perguntou.
- Senhor para que encher o tanque, a cidade está interditada, passou um soldado por aqui anunciando. Todos foram para casa, apenas eu fiquei aqui, ser enteada do dono é foda – Ela disse enquanto revelava que estava mascando um chiclete.
O homem a olhou mais uma vez, olhou para o decote sensual da jovem que devia não ter mais que dezessete anos.
- Você é menor de idade, não? – Ele perguntou.
- Cidade pequena, não tem muito que se fazer, por isso gosto de ganhar um dinheiro aqui, não gosto de receber nada de graça.
- Hum, entendo – Ele disse enquanto via que ela havia se virado e começava a abastecer o carro. Notou o short curto que ela usava, num jeans insinuante e tentador. Sentiu imediatamente o membro enrijecer em sua calça.
- Como posso estar pensando em uma coisa dessas, tenho que sair dessa cidade logo – Ele disse.
Ainda de costas ela o perguntou:
- O senhor não é daqui, é?
- Não, não mocinha. Estou procurando um lugar – Ele disse.
- Um lugar pra ficar? – Ela indagou.
- Não é bem isso, mas sim é isso – Ele respondeu e então a apressou – ande logo com isso por favor – e então tirou um bolo de notas da carteira e entregou a ela.
- Está passando, senhor – Ela observou enquanto contava as notas.
- Fique com o troco, em breve não vai ter o que comprar com isso, mas vejo que pode ofertar outras coisas – Ele observou olhando para os seios fartos da jovem.
Ele podia ter esperado qualquer coisa dela, mas não a resposta furtiva de sensações múltiplas que despertaram seu corpo.
Você até que é um coroa jeitoso, tem dinheiro, e um belo carro – Disse esgueirando-se pela janela e então os olhos do velho voltaram-se para os seios de Jaqueline. Ela olhou-o sorriu e levou as mãos até a calça dele acariciando o volume que se definia na caça social que ele trajava.
O velho se ajeitou na cadeira, ainda nervoso pelo que sabia que estava chegando até ali. Olhou para um instrumento que estava no carro e se assustou mais uma vez, porém sentiu o zíper da braguilha escorregar trazendo o som dos metais se separando.
- Isso é bom! – ele exclamou, enquanto sentia a pequena mão da jovem massagear seu órgão.
- Você gosta é? – ela estava com o semblante mais sério – e então torceu o pênis do homem quase o quebrando.
A dor chegou de uma maneira insana até o corpo dele que bufou de dor. Jaqueline pôde ver os olhos do velho se encharcando, ficando abruptamente avermelhados e expelindo as lágrimas de dor que escapavam furtivas de seus olhos, enquanto ela enfiava a mão em sua bolsa e sacava uma arma.
- O que está fazendo? – Ele perguntou enquanto ainda lamuriava.
- Saia do carro, agora! – Ela disse em tom austero enquanto olhava para os lados assustada.
- Você não pode estar falando sério? – Ele retrucou.
- Não sei quem você é, tampouco onde pensa que está indo, mas preciso de um carro agora. Acabei de matar dois mortos vivos há pouco, e um deles era meu pai, então acredite, deixe as chaves onde estão, abra a porta e saia do carro agora!
- Você não sabe com o que está lidando, garota. Mas eu posso te ajudar.
O velho então abriu a porta do carona e convidou-a para entrar. Jaqueline olhou dentro dos olhos dele, sabia que aquele poderia ser um risco a se correr, afinal teria alguém para dá-la cobertura, protegê-la.
Lembrou-se de como um morto vivo entrou na casa dela repentinamente e atacou seu pai. Eles moravam bem afastados da cidade, próximos ao cemitério local. Uma cabana no fim da rodovia.
Seu pai estava tomando uma xícara de café, como de praxe, quando ouviu um som do lado de fora da casa.
Jaqueline correu após ouvir um barulho estranho como se ele tivesse levado um tombo.
- Papai? – Ela chamou e ao sair de casa viu o velho coveiro, seu Francisco com uma orelha pela metade, um enorme buraco na garganta e as mãos repletas de sangue. O morto vivo acabava de sugar a vida de seu pai mordendo-lhe a cabeça.
O velho olhou para ela com certo desejo, porém o que o movia era a fome. Jaqueline estava apavorada, não sabia o que fazer. Seu pai estava morto e aquele homem à sua frente não parecia ser humano.
O morto vivo levou os dedos até a boca lambendo o sangue do pai da jovem, mas não demonstrava sentimento algum, seja remorso ou tão pouco alegria, Parecia um brinquedo que possuía apenas uma expressão, a da fome.
O velho coveiro abriu a boca de maneira bizarra, revelando seus dentes cheios de sangue e pedaços da pele do pai de Jaqueline e a atacou.
Ela desvencilhou-se dele, porém caiu ralando no chão de cascalho que rodeava a casa de madeira.
Engatinhou assustada, de costas enquanto o morto a perseguia. Ergueu-se e correu quando o monstro segurou-a pelas pernas.
- Aaaaahh! – ela gritou desesperada enquanto o velho tentava a morder insistentemente. Ela se arrastava e ele não a largava, ambos agora estavam no chão. Ele segurava as duas pernas dela, ela chutava, acertava-o, porém não era o bastante para ele largá-la.
Foi então que ela segurou algo no chão, sentiu que aquilo poderia ser a única chance dela e então segurou firme. Virou-se como podia para o coveiro e deu com a pedra na cabeça dele repetidas vezes. O sangue espirrou em seu rosto, sangue fétido e pútrido.
- Argg! – Ela disse quando enfim parou de bater na cabeça dele. Escorregou das garras do agressor que jazia inerte no chão e correu na direção do pai, entretanto o encontrou de pé e com o olhar completamente mudado.
- Pai? – ela o chamou – me escute pai – ela pedia, porém o homem tão bom que ela conhecia, seu porto seguro simplesmente não era o mesmo mais. Avançou contra ela como um pitbull enraivecido.
Jaqueline não podia fazer nada, mas aquela pedra seria inútil contra ele. Era mais jovem e o corpo dele era mais rápido que o do velho.
Ela fugiu dele rodeando a casa, e ele foi atrás dela, perseguindo-a faminto. Jaqueline não sabia o que fazer, olhou para a parede de madeira e viu algo dependurado. Virou-se para a plantação de capim mais a frente e viu o caos se aproximando.
- Meu Deus! – Dezenas de mortos vinham da direção do cemitério e acabaram de invadir suas terras. Ela apanhou a ferramenta que havia encontrado e olhou para a figura que se aproximava dela – Me desculpe, papai! – Choramingou e então atacou seu pai com uma foice. O metal afundou no crânio dele e o sangue voltou a jorrar. Jaqueline não podia fazer nada, correu até a garagem e deu a partida na camionete velha que seu pai tinha, uma verdadeira relíquia. Girou a ignição, engoliu em seco tentando se controlar, apoiou a cabeça sobre o volante e deu ré.
Saiu da garagem e freou bruscamente. Viu o corpo de seu pai caído no chão e a legião de mortos que vinha em sua direção.
- Adeus papai! – Ela disse sem ainda entender como tudo aquilo estava acontecendo. Enquanto dirigia no rumo da cidade em busca de respostas, as lágrimas chegavam cada vez mais impiedosas.
Pena que a maldita camionete estragaria a seis quilômetros da cidade.
...
- Sinto muito, mas você não pode vir comigo – Ela disse vendo o olhar despretensioso do velho. Ela engatilhou a arma e apontou ainda mais firme – é melhor o senhor sair – Jaqueline ameaçou.
- Tudo bem – Ele disse aproximando o rosto do dela e numa manobra ele empurrou a porta do carona com toda sua força fazendo com que Jaqueline caísse no chão. Ela ainda estava caída quando viu as pernas que marchavam sinicamente na direção da cidade. Um bando de mortos vivos chegava esfomeado.
- Merda! – Ela disse e então viu o homem que acabara de descer do carro.
- Vadiazinha de uma figa, agora você vem comigo – o velho disse puxando-a pelos cabelos.
- Me solte seu idiota! – ela praguejou enquanto era arrastada para o carro e via sua arma caída mais atrás.
O velho a colocou para dentro do carro, deu um soco no rosto dela e desmaiou-a. Voltou para fora do carro, apanhou a arma, pegou a bomba de gasolina e ligou-a deixando que o liquido vazasse pelo chão.
Entrou, ligou o carro e deixou que os pneus cantassem enquanto, saiu dali, mirou a arma e disparou na direção do piso. A bala bateu contra o asfalto e as faíscas incendiaram a gasolina. Minutos depois o posto explodiu.
...
Continua em... Quando os mortos caminham – Capítulo IV – Devastação
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