Segredos do Pântano- Zeni, a prisioneira

A madrugada se estendia. Uma chuva torrencial molhava os telhados. Num bar próximo, na esquina, pude perceber que a clientela era pouca, e insistente - formada pelos solitários,solitárias, e aqueles que so voltam para o lar chapados de cervejas e whisky. Um gato, alheio à chuva repousava por debaixo do espaço entre o telhado e a calha de um sobrado- ali, eu entraria pela janela. Uma visão curiosa, o desgraçado me viu, lambeu as suas patas dianteiras, repousou a sua cabeça por entre as patas e iniciou um novo repouso. Os pingos de chuva varavam a noite. Entrei pela janela, estava no quarto andar de um antigo sobrado, ali estava a minha visita. Não sou daqueles que entram pela porta da frente.

Obsevei-a, solitaria. Dormia com um pijama rosa, florido. Meias de algodão cobriam os seus pés. Os cabelos contidos por uma touca. Tinha um garrafão de água no criado-mudo-as góticas suspensas na superfície da garrafa revelavam que havia algumas horas que a garrafa estava ali. Abaixei o meu tronco na sua direção.

- Zeni...

Chamei, sussurrando.

Chamei mais uma vez: - Zeni..

- Quem me chama?

Quando ela me avistou, ali ao lado de sua cama, os seus olhos saltaram das órbitas. Saltou da cama, num susto. E, como esperado soltou um grito que ecoou pela madrugada.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.

O seu corpo estremecia, a sua expressão facila era de terror total. Tremia, saltitava com os pés, como se sambasse - olhava para a minha figura com o maior dos terrores.

- Calma , não precisa de tanto espanto.

Ela estava sem fôlego, o grito foi contido por uma falta de ar inesgotável. O seu olhar era de medo extremado.

- Para quem gosta de ler histórias de terror, fico surpreso com o seu espanto. Não está me reconhecendo?

Ela nada disse, ficou ali, estática, com espanto. Pude perceber o suor a escorrer pelo o seu cenho. Podia ouvir o seu coração em descabelada carreira. Era até engraçado, poder causar tamanho terror pela mais louvável leitora do Rercanto das Letras, principalmente dos contos de terror.

- Estranha-me esse total desespero. Logo você que adora ler J.J. Souza, Gantz, Eliane Verica, eu, e tantos outros escritores voltados para o terror - mentes pervertidas que adoram assombrar os incautos leitores.

- Q-quem é você? O q-que quer aqui?

- Minha nossa, não sabe quem eu sou? Leônidas Grego.

falei, enquanto saía da penumbra.

- C-como entrou aqui? Como entrou aqui? Como pode estar em meu quarto uma hora dessa, e sem ...avisar...

- Tenho os meus meios. Acha que sou apenas um escritor? Tenho poderes especiais, posso viajar para qualquer canto do mundo - e, sem pagar um centavo-, não ando de trem, avião ou ônibus. Liberto-me do meu corpo e viajo pelo mundo. Posso visitar quem eu desejar,em qualquer liugar.

- Oh, meu Deus, a minha casa foi invadida por um louco...

falou, chorando, com total desespero.

- Olhe para trás.

Quando ela se virou e viu o corpo dela dormindo na cama, desmaiou.

Uma pena, pois, muitas foram as minhas visitas. Estive com a Dorinha Estrela, Gantz, JJ, e muitos outros - e, todos desmaiaram, de medo- pavor total quando avistaram os seus corpos, então atrapalham a minha aventura noturna. Mas, com a Zeni não vou me render, não vai ser como a minha visita a Claudynha Amiga de Verdade e a Eliane Verica.

- Zeni, ei, acorde. Zeni, acorde.

Dava tapinhas no seu rosto. Era importante acordá-la, pois, sei que os amigos do Recanto das Letras vão querer saber o desenrolar desse conto. Caso ela não acorde, vou ter que ir de volta para Salvador, e o conto acaba aqui. La fora pude ver pela janela a lua cheia, linda. O gato me olhou de soslaio, lambeu as patas dianteira,voltando a dormir.

( Continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 01/12/2012
Reeditado em 14/08/2018
Código do texto: T4015166
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