Sessão de hipnotismo
Seu nome era Josef Borodovsk, mas desde pequeno quando ainda morava em Padre Miguel, seu apelido era Zé Borogodó. Borogodó era um rapaz forte, de compleição robusta, muito claro, de olhos esverdeados como os dos seus pais.
Seus pais eram poloneses que fugiram durante a guerra, na época da invasão nazista, foram parar na Argentina, mas por influência de outros polacos, acabou se fixando no subúrbio carioca. O velho Zef montou uma oficina de conserto de motos e desde cedo iniciou o filho na arte da mecânica, mas Borogodó acabou saindo e foi ajudar o farmacêutico a vender remédios, aplicar injeções e medir a pressão arterial dos clientes.
Certo dia, Borogodó amanheceu com o rosto inchado devido a uma infecção no pré molar superior e o farmacêutico deu-lhe um anti inflamatório e indicou-lhe um dentista no bairro de Campo Grande.
Lá chegando, o dentista, homem experiente, percebendo o estado em que ele deixou chegar a infecção, lhe informou que a anestesia não iria fazer efeito, mas Borogodó insistiu, dizendo sentir muitas dores, e pediu que o dentista lhe tirasse o dente mesmo assim, ainda que sem anestesia. O dentista, receoso dele desmaiar de dor em seu consultório, lhe propôs verificar se ele era sensível ao hipnotismo.
Borogodó aceitou e em poucos minutos estava hipnotizado, tendo retirado o dente sem sentir uma dor sequer. Depois dessa ocasião Borogodó passou a fazer a maior propaganda do dentista e do seu método, se tornou seu amigo pessoal e sempre pedia para ser hipnotizado, alegando que após as sessões se sentia mais senhor de si.
O dentista, que dizia nunca ter encontrado uma pessoa que tivesse assimilado tão bem as sugestões, se aproveitava de Borogodó para fazer experiências cada vez mais complexas. Queria sugestioná-lo para ver se ele conseguiria regredir a memória até a uma outra encarnação.
Sempre, a cada sessão, com um gravador ligado, o dentista conseguia regredir um pouco mais na idade de Borogodó. Nessa noite ele estava com oito anos de idade, de mãos dadas com seu avô.
E o dentista perguntava:
- Você sabe o nome do lugar que você está?
- Em Varsóvia, vejo o bonde, ele está em frente ao mercado...
- O que vocês vão fazer?
- Vamos pegar o bonde.
- Você sabe para onde o bonde vai?
- Não, quem sabe é o meu avô...
E o dentista, com paciência ouvia Borogodó descrever o caminho.
Passavam por uma alameda com muitas árvores frondosas, ladearam um rio, durante algum tempo, passavam agora por uma praça toda florida, e então,o avô lhe deu a mão com a intenção de descerem..
- Você sabe que lugar é esse?
-É o cemitério.
- E o que o seu avô vai fazer no cemitério?
- Ele veio buscar a caixinha onde está a minha avó, mas ela não está na caixinha não, ela está junto com o meu avô segurando a caixinha...
- Então pergunta para ela o que ela quer que se faça com o pozinho que está dentro da caixinha.
- Ela me olhou com cara feia...
- Pergunta novamente.
Foi então que Borogodó fez um gesto como se apanhasse algo em algum lugar, virou-se para o dentista e lhe disse, com um gesto de quem estava jogando sobre ele:
- Ela está jogando o pozinho em cima do senhor, para o senhor nunca mais se meter na vida alheia.
O dentista terminou a sessão imediatamente e começou a se coçar, a ficar vermelho, com a pele pipocando como em varíola. Dizem que nunca mais hipnotizou ninguém!
Seu nome era Josef Borodovsk, mas desde pequeno quando ainda morava em Padre Miguel, seu apelido era Zé Borogodó. Borogodó era um rapaz forte, de compleição robusta, muito claro, de olhos esverdeados como os dos seus pais.
Seus pais eram poloneses que fugiram durante a guerra, na época da invasão nazista, foram parar na Argentina, mas por influência de outros polacos, acabou se fixando no subúrbio carioca. O velho Zef montou uma oficina de conserto de motos e desde cedo iniciou o filho na arte da mecânica, mas Borogodó acabou saindo e foi ajudar o farmacêutico a vender remédios, aplicar injeções e medir a pressão arterial dos clientes.
Certo dia, Borogodó amanheceu com o rosto inchado devido a uma infecção no pré molar superior e o farmacêutico deu-lhe um anti inflamatório e indicou-lhe um dentista no bairro de Campo Grande.
Lá chegando, o dentista, homem experiente, percebendo o estado em que ele deixou chegar a infecção, lhe informou que a anestesia não iria fazer efeito, mas Borogodó insistiu, dizendo sentir muitas dores, e pediu que o dentista lhe tirasse o dente mesmo assim, ainda que sem anestesia. O dentista, receoso dele desmaiar de dor em seu consultório, lhe propôs verificar se ele era sensível ao hipnotismo.
Borogodó aceitou e em poucos minutos estava hipnotizado, tendo retirado o dente sem sentir uma dor sequer. Depois dessa ocasião Borogodó passou a fazer a maior propaganda do dentista e do seu método, se tornou seu amigo pessoal e sempre pedia para ser hipnotizado, alegando que após as sessões se sentia mais senhor de si.
O dentista, que dizia nunca ter encontrado uma pessoa que tivesse assimilado tão bem as sugestões, se aproveitava de Borogodó para fazer experiências cada vez mais complexas. Queria sugestioná-lo para ver se ele conseguiria regredir a memória até a uma outra encarnação.
Sempre, a cada sessão, com um gravador ligado, o dentista conseguia regredir um pouco mais na idade de Borogodó. Nessa noite ele estava com oito anos de idade, de mãos dadas com seu avô.
E o dentista perguntava:
- Você sabe o nome do lugar que você está?
- Em Varsóvia, vejo o bonde, ele está em frente ao mercado...
- O que vocês vão fazer?
- Vamos pegar o bonde.
- Você sabe para onde o bonde vai?
- Não, quem sabe é o meu avô...
E o dentista, com paciência ouvia Borogodó descrever o caminho.
Passavam por uma alameda com muitas árvores frondosas, ladearam um rio, durante algum tempo, passavam agora por uma praça toda florida, e então,o avô lhe deu a mão com a intenção de descerem..
- Você sabe que lugar é esse?
-É o cemitério.
- E o que o seu avô vai fazer no cemitério?
- Ele veio buscar a caixinha onde está a minha avó, mas ela não está na caixinha não, ela está junto com o meu avô segurando a caixinha...
- Então pergunta para ela o que ela quer que se faça com o pozinho que está dentro da caixinha.
- Ela me olhou com cara feia...
- Pergunta novamente.
Foi então que Borogodó fez um gesto como se apanhasse algo em algum lugar, virou-se para o dentista e lhe disse, com um gesto de quem estava jogando sobre ele:
- Ela está jogando o pozinho em cima do senhor, para o senhor nunca mais se meter na vida alheia.
O dentista terminou a sessão imediatamente e começou a se coçar, a ficar vermelho, com a pele pipocando como em varíola. Dizem que nunca mais hipnotizou ninguém!