TESOURO MALDITO - ( Acidente radioativo Césio-137 )
Na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia o antigo Instituto Goiano de Radioterapia estava em ruinas. Abandonado por volta de 2 anos, algumas de suas salas ainda possuíam equipamentos, e em uma das salas no centro de recuperação continha um aparelho utilizado para radioterapias. Alexandre estava vasculhando aquele local, afinal, a três anos desempregado, começou a trabalhar com reciclagem, para assim sustentar a sua doente e querida mãe. Quando encontrou o equipamento, acreditou que valeria algo, e então decidiu leva lo até a sua casa, para descobrir o quanto valia, e assim vende lo e conseguir algum dinheiro.
Para sua frustração, não encontrou ninguém que se interessasse por aquele equipamento, que inutilmente levou até a sua casa. Então, decidiu, abri lo para que assim pudesse ver como era feito tal equipamento utilizado a tantos anos no instituto.
Para a surpresa de Alexandre, ao abrir o aparelho pode encontrar uma espécie de pó azul brilhante, algo fascinante, e que aparentemente valeria muito. " Encontrei alguma espécie de diamante. Graças a Deus, minha vida irá mudar." Realmente a vida de Alexandre mudaria, mas, não da maneira que realmente sonhou.
Ele então pega um pote e o enche daquele pó azul. "Preciso guardar bem o meu tesouro". Deixando uma pouca amostra, para saber o quanto valia. A grande proporção enterrou no quintal de sua casa, próximo a um pé de laranja, e assim, estaria seguro.
Ainda naquele mesmo dia, foi a todos os lugares possíveis, para avaliarem o seu tesouro, e mais uma vez, missão frustradas, não encontrou alguém que se interessasse ou aceitasse como forma de pagamento. Ao chegar na sua rua, encontrou algumas crianças brincado, e resolve presentear com aquele "diamante".
Ao entrar em sua casa, não se sentia bem. Estava com náuseas e tonturas. Deitou se no sofá para descansar, mas, as coisas só pioraram, tendo vômito e diarreia.
Aquela noite estava sendo estranha, tendo alucinações, e os sintomas só pioravam. Quando resolve ver a sua mãe, para pedir ajuda, as suas mãos estavam inchadas e pretas, como uma grande bolha, foi uma das cenas mais aterrorizantes que ele viu, correu rapidamente para o banheiro para lavar, e tirar aquilo dele, mas, em vão, o efeito foi ao contrario, cresceu ainda mais, começando a ficar em carne viva.
Ao amanhecer, sua mãe o levou ao hospital, e ao chegar varias outras pessoas continha o mesmo sintomas, e algumas já tinham chegado a óbito. Alexandre ficou desesperado, sem entender nada daquilo, era o apocalipse chegando com suas pragas e sofrimentos.
Ficou internado para fazer uma bateria de exames, sua mãe, quando voltou mais tarde, trouxe algumas laranjas tiradas do seu quintal, lugar onde foi enterrado o seu "tesouro", e em pouco tempo a sua pobre mãe começa a ter os mesmo sintomas, chegando a óbito em menos de trinta minutos.
Os padres e freiras chegaram ao hospital e por toda a vizinhança pregando sobre o apocalipse, era o fim da humanidade, a ira de Deus estava sobre Goiânia, e eles gritavam;
- 13 de setembro de 1987 é o inicio do fim da humanidade, arrependam-se pecadores, para se livrarem do castigo de Deus.
Os mesmo que pregavam pela manhã, estavam internados a tarde na mesma situação que Alexandre.
As coisas só pioravam, os pés de Alexandres estavam inchados, parecendo patas de elefantes, perdeu a visão de seu olho direito, sua mão esquerda foi perdida. Tudo estava estranho, realmente acreditava que era o apocalipse. Logo as noticias no Brasil e no mundo começaram, e então ouviu pela primeira vez sobre o Césio-137, que era um elemento químico com forte tendência para fixar-se no solo, fazendo com que contaminação de plantas e arvores sejam relativamente alta. E que contaminação direta ou indireta causaria insuficiência da medula óssea, lesões dérmicas e até mesmo levar ao óbito. Isso tudo estava fora de conhecimento. Soube que a região estava em quarentena, e quando percebeu o que era o Césio-137, seu precioso "tesouro" que o deixou sequelas que levaria para a vida toda, e fez perder sua querida mãe. No total 112.800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
"Meus Deus, o que foi que eu fiz? Esse "tesouro" foi enviado das profundezas do inferno." Alexandre se condenava em seus pensamentos, e nunca realmente soube o que foi o Césio-137. Viveu por mais cinco anos, com diversos pequenos câncer espalhados pelo seu corpo. E até à atualidade, todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não noticiado pela mídia brasileira.
Antes de morrer, Alexandre lembrou se do seu "Tesouro" e pensou; "Um diamante tão bonito, e mortal. Eu trouxe o apocalipse para o mundo." E então fechou os olhos e se entregou as trevas que o aguardava.