Cuidado ao Prestar Auxílio!

Final de tarde, Cristina vinha caminhando pela calçada voltando do trabalho.

— Alô mãe... já tô chegando pra comer a sua macarronada maravilhosa!

Enquanto falava ao celular, passando por uma pequena praça pouco visitada, avistou uma mulher chorando copiosamente, com as mãos ao rosto, a cabeça baixa, vestido longo em tons de vermelho e todo esfarrapado, sentada no banco, um carrinho de bebê ao lado. Comoveu-se com a cena, também era mãe e imaginou um bocado de coisas que poderiam estar acontecendo com aquela pobre mulher.

Pediu desculpas a mãe e desligou o telefone, com o olhar fixo na mulher andrajosa, aproximou-se.

— Posso ajudar?... Cristina perguntou meio vacilante e mantendo uma certa distância...

— AHHH!!! Meu filho!!! Não sei onde ele está?! AHHHHHH!!!!!

Cristina fitou para o carrinho e notou que estava vazio. Com aperto no coração, prontamente se dispôs a ajudar.

— Vou ajuda-la a procurar por seu neném... fica tranquila que vamos encontrar tá!

Não esperou nem resposta de negação ou afirmação, correu para trás do banco, onde existiam arbustos e pequenas árvores, onde facilmente uma criança poderia estar escondida. Procurou ao redor daquele terreiro, entre os arbustos, perto das latas de lixo, não encontrando nenhum indício ou rastro que um bebê tivesse passado ali recentemente, voltou onde encontrou aquela mulher chorosa. Passando pela trilha de terra batida da praça, mirou ao longe a parte de trás do banco onde começou as busca.

Também avistou a rua, que no outro lado dela havia uma criança engatinhando em cima do meio fio. Correu desesperadamente, quando passou ao lado do assento, parou, não viu a mulher, o bebê já havia se posicionando no meio da rua.

Assim que fez menção de ir resgatar a criança, um caminhão em alta velocidade passou com seu barulho ensurdecedor e quão foi o grito de Cristina ao ver o menino sendo estraçalhado pela roda do veículo:

— NÃAAAAAAAAOOOOOOOOO!!!!!!

As lágrimas rolavam abundantemente no rosto, caiu de joelhos impotente com seu corpo prostrado. Abriu os olhos ainda marejados, não viu mais as marcas de sangue, levantou-se, cambaleando-se de tão impressionada que ficou ao ver coisa tão horrenda.

Olhando fixamente para rua, sem entender, não existiam os pedaços do menino, mas ela viu!!! Como agora não há nada!!!

— FOI VOCÊ!!! Uma voz macabra e colérica disse aos seus ouvidos...

Virou-se e mirou a mulher que a pouco pranteava o filho, de pé, mãos sujas de terra negra, sua pele em tom de cinza claro, cabeça baixa, com os cabelos sujos e maltratados cobrindo os olhos.

— Por sua causa ele se assustou e fugiu de mim...

Antes que Cristina pudesse argumentar algo, sentiu sua garganta sendo cravada por unhas que mais pareciam garras de um animal. Ainda pode ver o rosto dela, sem olhos e necrosado. Teve o desprazer de possuir a visão da morte escura.

Após 48 horas, a polícia resolveu investigar o desaparecimento de Cristina, ao qual foi encontrada naquela praça, sem os olhos, enfiada num latão de lixo, com os ossos quebrados.