Medo da escuridão (mini conto)

Algo que sempre tive medo é de escuro.

A escuridão sempre me assustou, é como se cada sombra fosse um vulto se movendo, criando vida própria e tentando me atacar ou me agredir.

Ultimamente sempre sou o último a ir dormir em casa. O que me deixa com a responsabilidade de apagar as luzes da casa.

Deixamos sempre uma única luz acesa, a do banheiro.

Faço sempre o mesmo ritual, apago a cozinha e depois a sala.

E me dirigo para o quarto. E sinto que vultos saem das paredes, de trás do sofá e de outros móveis.

Entro no meu quarto que sempre está bem escuro.

Não é apenas a imaginação de que eles estão lá comigo, é toda uma sensação, é quase uma certeza.

Na densa escuridão, sinto como se me olhassem, quase chego a ouvir a respiração pesada daqueles seres do além.

Às vezes imagino que sejam os personagens de meus contos que vem cobrar satisfações.

Outras vezes acho que são seres do mal tentando me enlouquecer.

Me apresso a me deitar e entrar debaixo dos lençóis, onde me sinto seguro.

Imagino que todos aqueles vultos noturnos e vindos do além se escondem embaixo da minha cama e fiquem ali até a próxima noite.

Ficam a me esperar. Esperando que eu apague todas as lâmpadas.

Assim vão se passando os dias e as noites.

São meus fantasmas.

Meus temores.

Estão sempre ali.

E esse medo me acompanha.

Sempre.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 19/11/2012
Reeditado em 06/05/2013
Código do texto: T3994578
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