Assombrações - parte IV

Amália tremia dos pés á cabeça. O coração em estado avançado de aceleração. As mãos trêmulas. Encostou-se nos frios azulejos- não sabia o que fazer, estava ali, acuada no pequeno banheiro. O seu maior desejo era soltar um grito de terror que ganharia todas as dependências da escola de teatro. " O que fazer, ficar ali, acuada, ou abrir a porta e sair correndo?" - Pensava, as coxas trêmulas, suportavam o peso do seu corpo com dificuldade. Estava ali, sozinha, sem um socorro providencial. Sempre teve medo de assombrações - muitas vezes a sua avó lhe tirava o sono, quando lhe contava os muitos causos de almas do além, de lobisomens, luzernas, mulas-sem-cabeça. Tinha uma da Mulher da Branco - esta aparecia nas praças e seduzia os incautos, depois pedia para que os mesmos a levassem em sua morada, ela dizia:

- A minha última morada.

Então, confusos, chegava o jovem homem à porta do cemitério, e ela lhe dizia:

- Eu moro aqui.

O seu acompanhante dava uma carreira, e ela soltava uma gargalhada que ecoava pela noite daquela cidade do interior.

" Amália."

Dizia a voz fora do banheiro, de forma insistente, com intervalos breves.

- Quem está aí? Eu vou gritar, todos vão acordar, vai ser um escândalo, está ouvindo?

Um silêncio sepulcral se estendeu por longos minutos.

A menina chorava, as lágrimas lhe banhavam a face. Estava em total desequilíbrio. Nunca pensara, que um dia na sua vida fosse estar frente a frente com um fenômeno do sobrenatural.

Amália abriu a porta num movimento abrupto - era tudo ou nada. Ao ver que não havia nenhum obstáculo, em pêlos saiu correndo pela área-deixando a toalha para trás. Soltava um grunhido, de pavor. estancou na metada da escadaria de pedra que ficava na grama, quando avistou um vulto de branco seguindo para o interior do salão - não sentia que pisasse no chão - parecia fluruar, o seu deslocamento era ligeiro.

-OOOOhhhh, meu Deus...

Parou, sacudindo as mãos, com desespero. O vulto se deslocou para á direita. Ela correu para a entrada do salão e seguiu para o lado esquero na direção da longa escadaria. Correu nua pelo longo corredor. O seu quarto e dos seus dois amigos eram os três últimos quartos.

- OH, meu Deus, as chaves do meu quarto. Ficaram no banheiro.

Proferiu assim, aos prantos. tremendo de medo. Estava nua.

Ouviu um deslocamento subindo as escadas, como o som do vento.

- Amália, foi terrível, Amália, foi horrível. Os meus sonhos se acabaram num piscar de olhos, o meu mundo ruiu.

Surgiu uma mulher de branco na entrada do corredor, em semi-penumbra. Os cabelos em desalinho. O rosto era cadavérico, amedrontador.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH

gritou, a menina, um grito de pavor. O seu corpo despencou no piso de madeira.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 17/11/2012
Reeditado em 03/02/2013
Código do texto: T3991268
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