PISA NA BARATA
Desde sempre, dentre minhas experiências com rasteiros indesejáveis, jamais tive embates,me sentia sempre subjugada apavorada embora existam até os que toleram a proximidade da praga... Não faz muito tempo, em conversa trivial com uma avizinhada, de condições até nem tão alienada vivendo em condições de razoável sobrevivência com filhos adolescentes, e que eventualmente prestava serviços de faxina e afins em minha casa. Moro no litoral de São Paulo, na região que faz parte da área rural.
É minha razão de respirar mais desarmada todos os dias, inspiro ar com cheiro de mato: as vezes molhado, as vezes queimado aqui as capinadas, são normais e as queimas também, embora tenha constante observação dos protetores da flora, patrulhando a região). Não obstante, temos aqui o mesmo problema social da área urbana... Visitantes turísticos e até residentes descomprometidos com minima higiene e respeito pela natureza, embora haja a coleta de lixo habitual três dias na semana... Jogam as vezes de dentro dos carros, saquinhos plásticos de lixo e que caiam onde cair. Sem se importar com a proliferação de ratos, baratas sem contar o cheiro que evidentemente não combina com o ambiente, alias com nenhum ambiente!
Bem a vizinha de quem falei, certo dia comentou que os ratos/ ratazanas de porte a ser comparada a um gato, passeavam por entre as pernas da família sob a mesa de jantar ou até na sala enquanto assistiam tv, e que no máximo ela via um ou outro emborcar de barriga pra cima, agonizando, por ter ingerido o veneno oferecido enquanto ela dividia a atenção entre agonizante roedor e a cena eletrizante do filme de terror que a família apreciava.
Nesta noite, tive um momento de subjugo eternizado em horas... Foi o que me pareceu; dentro do meu quarto.
Deitada sob meu edredom de tantos fios, pensando em algumas das minhas intempestivas atitudes, que até combinam com meu equilíbrio passional... Eis que ouço um... tic, tic...era uma barata, eu tinha a certeza já tinha ouvido, algum tempo passado esse barulho na cabeceira da minha cama, a poucos centímetros do meu rosto. Naquela noite o desespero e torpor da situação me fizeram uma "Exterminadora" no desespero da situação, dei com a mão, como se tivesse lançando/ arrastando água de sobre a pia da cozinha, sentindo leve impacto da minha mão no bicho nojento que deu de encontro direto com a parede do banheiro da minha suíte e lá ficou imóvel "morreu a maldita". Levantei-me tateando no escuro até alcançar o interruptor, que agora está longe da minha cama...Amo trocar móveis de lugar... Pé ante pé, tentando descobrir de onde vinha o tic, tic... que neste instante havia cessado, quase gritei de desespero...ela era grande e preta, estava no pé da minha cama, ali em posição de me alcançar os pés, e quem sabe passear por sob meu edredom de tantos fios, subir pelas minhas pernas (durmo desprovida)... fazer-me cócegas pelas costas e se aninhar entre meus cabelos... O que fazer, ela podia vir em minha direção, eu tinha que ser cautelosa com minhas atitudes afinal, estava diante de um ser abominável, cuja resistência e nocividade são discutidas, posso até arriscar dizer que se for comparada a uma barata, nem devemos sentir tanta repulsa afinal, a maldita é uma vencedora (me refiro ao extermínio completo do bicho, já que comprovadamente, resiste até a exposições radioativas). Saí pela casa a procura de um spray, que diz exterminar/ liquidar, insetos e tais...implacável sprayei, generosamente na direção daquela coisa preta cujas antenas enormes, lançavam certamente maldições veladas entre ranger daquelas mandíbulas asquerosas, ela não se deu por vencida, caiu de onde estava ameaçadoramente sobre as patas, com aquelas franjas que parecem pequenas garras, avançando na direção do meu edredom de tantos fios, perfumado naturalmente pelo enxaguante na lavadora de roupas que somada a minha colônia, deixava um perfume agradável na minha recôndita alcova. Foram momentos intermináveis, a bicha, foi para o chão novamente e não desistia e passou a andar em voltas em minha direção e eu a mercê daquela implacável perseguição, mantinha o spray e de quando em quando, lá outro jato do tal "veneno" que já tenho duvidas se não fora alí colocado energético, em lugar do tal liquido dito exterminador.
O repugnante e ameaçador ser, vinha em minha direção e eu em círculos, meio que corria dela até que a maldita de alojou em baixo da minha cama...fiquei alí acuada, em pé encostada na parede longe da porta que da para o corredor afinal a barata, estava sob a cama e se ela visse e ouvisse meu passos poderia, de "uma voadora", me alcançar com aquela habilidade monstruosa... tic, tic, tic...
Foi diminuindo e cessou.
Hoje... dedetização da casa !