Assombrações - parte III -

Amália seguia a passos lentos, inseguros pelo corredor - a sua tensão ja era tamanha. Do alto da varanda olhou para baixo numa dúvida cruel. Viu a ala dos banheiros. Apenas uma luz fraca, ali iluminava. Precisava ter coragem. " Os mortos incomodam os vivos, mesmo?" - Indagava-se.

Andou na direção das escadarias. As portas dos quartos estavam fechadas, em silêncio. Os gritinhos e sussurros de prazeres de alcova, que era coisa comum se ouvir, por ali, naquela noite não havia.

Desceu as escadas com o pressentimento que era observada. Insegura, uma das mãos no corrimão circular, em curva. O pavor tomo conta do seu ser com a proximidade de chegar ao salão principal - este estava num breu assustador." E, caso, tivesse algo sinistro por ali..." - pensava, porém, seguia, com passos resolutos, imprecisos, até. O salão era enorme, decorado com móveis antigos, de madeira rústica. Pequenas estátuas - que pareciam ganhar vida, quando no escuro, de olhares vítreos, gélidos.

- Nossa, meu Deus, a vontade que tenho é voltar correndo para as escadas de volta para o meu quarto.

Abriu a porta pesada, ganhou o quintal. Como se procurasse a proteção no interior do banheiro, corria na sua direção, quase perdendo a toalha, desnudando-se, tendo como testemunha a lua cheia e as estrelas.

O quintal ficava um breu daqueles. Tinha a sensação de que alguém poderia estar à espreita por trás de uma árvore. Olhava por todos os cantos, assustada.

- Droga, nesta noite nenhum casal de namorados entre as árvores.

lamentava-se. Era comum, casais trocarem por ali carícias ousadas - depois dos boatos dos fantasmas, tudo isso acabou. Os alunos viviam amedrontados, presos nos seus quartos - desde o dia que Amália disse ter visto uma mulher de branco, que parecia flutuar pelo quintal.

Entrou no banheiro, após andar, com passos ligeiros, olhando para trás. bateu a porta. Passou a tranca.

- Graças a Deus.

Após ter ligado o chuveiro, ja sentindo a água fria a lhe molhar o corpo, belo. Indagava-se:

- Meu Deus, e a volta para a ala dos quartos?

Tremia nas bases, estava assutada. Porém, deixava a água fria, agradável lhe banhar. O prazer era indescritível. As aulas de expressão corporal eram puxadas, deixavam a musculatura dolorida, pois, havia uma sessão de execícios físicos puxados, seguidos de alongamento. Os textos que havia interpretado foram longos - exigiram muito de suas energias.

" Amália..."

Ouviu fora do banheiro. Pensou tratar-se de uma impressão, causada pelo medo. Ficou estática, foi desligando o chuveiro aos poucos. Ficou parada, então, mais uma vez:

"Amália..."

Soou uma voz rouca, de mulher, fora do banheiro, parecia vir da área do quintal.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 17/11/2012
Código do texto: T3990394
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