POESIA DO MAL
Deram-lhe corpo, lhe vestiram e ganhou até nome, mas não lhe deram um coração!
 
Seus olhos fumegantes sobressaiam entre o milharal,
Seu extinto assassino o deixava cada vez mais cruel,
Sua mente perturbadora era a responsável por todo mal
Cada gota de sangue em sua boca tinha gosto de mel.
 
De dia ele estava sempre ali, desprotegido e indefeso,
Mas á noite enquanto todos dormiam, ele era o rei da região,
Saciava-se de pessoas distraídas e pintava o chão de vermelho,
De manhã encontravam corpos mutilados e arrancados o coração.
 
Em toda vida desde que foi criado, jamais lhe deram atenção,
Nunca ganhou roupa nova, jamais lhe deixaram  pisar no chão,
Deram-lhe roupa velha, chapéu e botas, mas o que ele precisava, era de um coração.
Sua vingança seria herdar a maldade e jamais soube o que era compaixão,
Quando sua meta fosse alcançada, seria o fim da sua maldição,
Que seria voar como os corvos e aniquilar o patrão.
 
Depois do ultimo ato de sua vingança, a fazenda ficou sem herdeiros, Espantalho conseguiu realizar seu sonho, voar com os corvos em busca de outro milharal.