O Espelho
Vejo a minha imagem refletida
Diante deste espelho pendurado,
Parece-me um pouco distorcida,
Ou algo realmente está errado?
A névoa da noite já sobrevoa
Entrando por feixe em meu quarto
A estranha sensação me povoa
Sinto-me medroso e muito acuado
Através do espelho o reflexo,
Alguma coisa saindo dentro dela,
Sob esse pálido brilho convexo
Uma presença negra está à janela
Não acreditei no que eu via,
Imergindo de uma imensa escuridão
O mal meu corpo já pressentia
Nesta figura disforme do cambrulhão
Com os olhos fixos em mim,
Foram assim os longos momentos
Nunca quisera ver a coisa ruim
Causando-me doentios tormentos
Parado uma sensação me sugava
Extasiado eu fiquei de joelho,
A força estranha minha alma levava
Era o demônio saindo do espelho