Espíritos
Esse conto é um relato real, os nome da igreja e das pessoas foram trocados, e foi escrito na primeira pessoa.
Eu já estava há 8 meses fazendo trabalho missionário na pequena cidade de Vargem Negra e estavámos trabalhando duro, as pessoas não queriam ouvir falar sobre religião, sobre Deus ou nada relacionado ao assunto.
Eu e minha companheira estávamos meio desanimadas naquele fim de tarde.
Havíamos andado muito aquele dia. Nossos pés estavam doendo e já íamos de volta para nossa casa que ficava no outro lado da cidade.
Como a cidade era bem pequena e quase nem passava ônibus, resolvemos ir caminhando mesmo, assim podíamos aproveitar e de repente fazer algum contato com pessoas e dessa maneira, talvez encontrar uma alma disposta a ouvir o que tínhamos a ensinar.
Caminhamos por um bom tempo e quando percebemos estávamos em uma rua que não conhecíamos.
Era uma rua estreita e escura, um tanto quanto assustadora até.
Percebi que minha companheira estava com medo, e se aproximou mais de mim.
De repente uma casa chamou nossa atenção, era como se ela estivesse se destacando na paisagem.
A impressão que tivemos era de que ela queria que fossemos até ela e que entrássemos nela.
Não trocamos uma palavra sobre esse sentimento, mas como se estivéssemos sendo arrastadas para lá, contra nossa vontade, nossas pernas nos levavam para lá.
Mecanicamente nos paramos em frente à casa, e batemos palmas.
A casa era bem antiga velha, e de dentro dela saíram dois homens já de meia idade, ficaram ali parados a nos olhar, como se fôssemos alguma coisa ruim.
A sensação que tivemos foi horrível, só conseguimos perguntar pelas esposas deles, s elas estavam em casa e que gostaríamos de falar com elas.
Eles ficaram nos olhando fixamente de um modo que nos arrepiou de medo.
E depois de um tempo, nos disseram que não haviam mais ninguém na casa e que moravam sozinhos.
Nos despedimos e saímos, segurando a vontade de sair correndo.
Alguns passos à frente minha companheira me perguntou se eu tinha sentido o mesmo que ela sentiu.
E eu confirmei que sim.
Logo depois chegamos em casa, entramos e fomos para a cozinha. O dia havia sido ruim demais.
Tomamos um copo de água cada uma e colocamos algo no fogo para cozinhar.
Ao nos dirigirmos para nosso quarto, e passarmos de frente ao banheiro, quase morri de susto.
Notei que os dois homens que encontramos estavam lá. Parados, Imóveis.
Não sei como, mas nos seguiram. Estavam nos esperando.
Minha companheira já estava quase chorando. Tentei acalmá-la.
Pedi para que se sentasse na cama ao meu lado e segurasse a Bíblia com força contra seu coração e eu fiz o mesmo.
Pudemos ouvir que eles caminhavam em direção a nosso quarto.
O medo que sentimos era enorme. Senti a bíblia queimando meu peito, um calor enorme.
Mas o medo continuava. Os passos se aproximando. Sentíamos que eles queriam no fazer mal.
Oramos pedindo proteção.
E continuávamos com a bíblia apertada contra nossos corações.
Tudo parecia escuro ao nosso redor.
E de repente tudo foi voltando ao normal.
Sentimos uma paz e segurança.
No dia seguinte entramos em contato como nosso líder que nos orientou a nem passarmos mais por aquela rua.
O que fizemos de bom grado. Queríamos esquecer aquele dia e aquela sensação.
Um bom tempo depois, uma irmã nos pediu que fôssemos com ela até a casa de uma amiga que gostaria de conhecer sobre nossa igreja. Ficamos felizes com isso.
Porém quando ela nos informou o endereço, só ficamos geladas.
Era na mesma rua em que passamos por aquele medo, e que fomos instruídas a não irmos mais lá.
Mas apesar do medo, e levando em consideração que era uma pessoa amiga da pessoa que já era da igreja, resolvemos ir até.
A irmã nos acompanhou, fizemos a visita, e a pessoa se mostrou bastante interessada.
Logo após a visita feita, nos despedimos e fomos embora.
Ao passarmos em frente à tal casa onde encontramos os dois homens, perguntamos à nossa amiga sobre eles, se ela conhecia os dois homens que moravam ali.
Ela nos olhou espantada e nos disse que havia mais de 20 anos que ninguém vivia ali.
Eu e minha companheira nos olhamos e sentimos um arrepio gelado subindo por nossos corpos.
Fomos até nossa casa e nunca falamos a ninguém a respeito dessa experiência.
Isso ocorreu há mais de 15 anos, mas os sentimentos continuam bem vivos na nossa memória.