Entre a forca e a Navalha - O jogo da Forca - 2ª temporada parte II - terça feira dia 06-11 o final será postado
“O que separa um assassino de um herói é justamente quem ele mata.”
Ela estava ali, com sua roupa típica, seu uniforme de trabalho num azul marinho que chegava a ser ridículo. Jazia amarrada de pernas para o ar, seus pés a quinze centímetros do teto. Mas havia outra corda, outra amarra que contornava seu pescoço. A corda estava ligeiramente esticada e aguardava o arrebentar da menor para que assim pudesse cumprir com seus reais objetivos. Impedida de falar graças à mordaça que jazia encharcada de sua saliva, se restringia a contorcer-se feito uma lagarta, louca para sair de seu casulo.
...
Bilhete...
Carla, não adianta tentar ligar para policia ou para qualquer outro numero. Como vê o teclado numérico do celular foi arrancado e a agenda telefônica praticamente inteira foi removida. Há apenas um número, um contato, uma esperança. Ligue para ele e diga a charada e se identifique, faça com que ele te ajude. Peça para ele ir até a caixa de correio do escritório, há um cadeado de segredo, o código é 311. Diga que eu quero ajudá-lo e quem sabe ele te ajude. Eu confio em você, bom, pelo menos eu tento.
O Jogo da Forca – 2ª temporada – Capitulo II – Entre a Forca e a Navalha
A mansão estava cercada por repórteres e policiais. Nadia e sua irmã foram para casa enquanto Bernardo e Max seguiam sendo escoltados por Alex e seu filho. Max ainda estava confuso, afinal tudo que prezava na vida havia sido posto a prova. Olhou para Bernardo e teve a certeza que tudo aquilo foi válido.
- Fique tranqüilo Max, não haverá queixas contra você – Disse Alex olhando pelo retrovisor do carro, e vendo a figura de Max que abraçava o filho, ambos estavam exaustos – Você está bem? – Perguntou o policial.
Max continuava a pensar em tudo aquilo, as duas últimas charadas, um nome de mulher? Afinal o que aquilo tudo queria dizer? Seus dedos acariciando a testa de Bernardo que permanecia calado. Max ainda não sabia para onde iria, afinal estava sem casa, sem dinheiro e sem sua esposa. Não achava justo ir para casa de Nadia e recusou o pedido imediatamente.
- Tem certeza que quer ficar por aqui? – Perguntou Alex. – Pode ficar na minha casa até se ajeitar – Ele sugeriu, entretanto Max apenas agradeceu, e se afastou do carro de Alex. Entrou com Bernardo na recepção do hotel enquanto ouviu as duas buzinadas do carro de Alex se afastando melancolicamente.
- Eu quero um quarto – Ele disse colocando o dinheiro por cima do balcão e olhando para a moldura na parede. Viu um quadro com uma foto emoldurada, era realmente lindo. – O homem segurava nas mãos um controle remoto, mudou o canal da televisão e olhou para Max. Ergueu-se da poltrona em que estava sentado e apanhou as notas amassadas, feito dinheiro de bêbado. Lançou um olhar para Max, um olhar desconfiado e por fim pegou a chave que jazia dependurada em um de vários pregos que estavam afixados a um quadro de madeira em formato retangular.
- Aquele é meu bebê, é lindo não? – Disse o homem, que colocou a chave na mão aberta de Max, que ao sentir o metal se virou pronto para sair em direção ao quarto após acenar para o dono do hotel concordando com o comentário em relação à foto. De repente se sentiu seguro pelo punho. Abruptamente Max voltou-se para ele.
- Eu já te vi em algum lugar – Disse o careca gordo, de olhos claros – Espero que não seja encrenca! – completou soltando Max, que preocupado com Bernardo não deu importância para aquilo. De certo o homem havia o visto nos jornais.
Bernardo caiu na cama, exausto, enquanto Max mal fechava os olhos. Pensava em tudo que viria a seguir, em todo aquele drama. Ainda viria o enterro, ele precisava descobrir uma forma de reaver seu dinheiro e o principal, procurar esquecer tudo aquilo que ele e Bernardo haviam vivido. Max pensava em Nádia, como ela estaria?
Ergueu sua cabeça, enfiou a mão no bolso e pegou o celular. Ele queria ligar para ela, mas estava estranhamente indeciso. Ouviu o ronco de Bernardo, ele devia estar exausto realmente e quando enfim resolveu discar, o telefone vibrou.
Max olhou para aquilo completamente apavorado. O numero era conhecido, mas não podia ser, era o numero de Fábio.
- Não é possível! – Praguejou. Indeciso começou a olhar para os lados. Olhou para Bernardo e a certeza que seu filho estava ali o trouxe todo conforto que precisava. Olhou novamente para o visor do celular piscando e vibrando em silencio. Decidido Max atendeu ao telefone com a respiração completamente alterada. O seu silencio permaneceu por alguns segundos, enquanto a voz de uma mulher chegava ao seu ouvido.
- Eu preciso de sua ajuda! – Ela disse quebrando o gelo enquanto ouvia a respiração ofegante dele – O metal mais abundante do corpo humano? Não acerte! Se não está aqui onde pode estar? Qual é o nome com Cinco letras? – Ela tomou ar – Sou eu! É o meu nome que responde a charada, me chamo Carla! O jogo precisa continuar, Max!
Completamente confuso, Max, levantou-se da cama e pôs-se a andar de um lado para o outro. Continuava calado enquanto sua respiração e coração cada vez mais disparavam, num bater rebelde. Nada daquilo fazia sentido, afinal Fábio estava morto.
- Olha, eu sei que está confuso, sei que já passou por muitas coisas hoje, mas aqui no bilhete diz que ele quer te ajudar. Pelo amor de Deus, não tenho culpa de nada disso e preciso que você me ajude! – Carla dizia enquanto as lágrimas brotavam de seus olhos. O pavor, a falta de ar, a sensação de cativeiro que a tomava dentro daquele caixão. Carla tentava vencer tudo aquilo, ela precisava salvar Isadora e para isso era necessário convencer Max a ajudá-la.
...
Enquanto se contorcia, presa e de cabeça para baixo, a mulher via a imagem estranha do homem que a colocou ali. Ele estava com uma navalha em uma das mãos, enquanto uma máscara cobria seu rosto.
- Torça para que eu receba a ligação em uma hora, pois daí em diante terei o prazer de retalhar você! – Ele disse enquanto ela ainda tentava se livrar de todo aquele tormento. – Não se preocupe, poderá escolher ser enforcada antes disso.
...
- Quem é você? – Ele perguntou para Carla.
- Sou a ex-esposa dele, estou em uma espécie de caixão, não sei como esse celular teve sinal para ligar daqui, mas sei que você é a única pessoa com quem conseguirei ajuda. Por favor, aqui está escrito que você terá uma hora para achá-la.
Max estava confuso, não sabia realmente o que fazer. Olhou mais uma vez para Bernardo, calçou seus sapatos e saiu levemente enquanto a porta se fechava atrás dele.
- Ei, uma caneta, por favor! – Ele disse para o homem que cochilava em frente a TV.
- Aí em cima, o homem disse mal se levantando. – Max pegou a caneta, escreveu algo e pediu para que o homem entregasse a Bernardo. Pegou a caneta e olhou em cima do balcão, olhou mais uma vez para o homem que voltou a cochilar, apanhou o objeto por sobre a ardósia e saiu sem se despedir.
Chegando do lado de fora Max olhou para a rodovia, pensou se queria realmente entrar naquele jogo novamente. Ainda segurava o telefone ao ouvido enquanto ouvia a respiração da mulher.
Carla continuava inquieta, o suor, a posição desagradável. Ela precisava sair dali, mas ainda não sabia como.
- Você está aí? – Ela perguntou enquanto ouvia um bip, como o de uma campainha, ela reconheceu aquele som, mas ainda não sabia ao certo o que era. Entretanto outro som chegou ao seu ouvido e ela teve a certeza de que Max estava indo para o escritório. – oh meu Deus, obrigada! – Ela disse.
- Te ligo quando chegar lá, e é melhor você não estar me enganando, se tem uma coisa que o idiota do seu ex-marido me ensinou, foi a não confiar em ninguém – Max disse desligando o telefone e seguindo para o escritório de Fábio, enquanto dirigia um Opala Diplomata preto que acabara de roubar do dono do hotel.
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Carla continuava ali, segurando o telefone e procurando outra forma de ligar para algum conhecido, mas não havia como. Ainda tentava acreditar que Isadora seria salva porém as imagens de Érica, os pés caídos, apontando para baixo, sem vida alguma trouxeram as lágrimas e o implacável desespero.
- Minha filha, minha linda filha, porque meu Deus?? Por quê!! – Ela sussurrava enquanto se via perdida e em estado de choque.
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Max chegou até o escritório, parou o carro, girou a ignição enquanto o motor parava de funcionar melancolicamente. Era tarde, a lua pairava no céu enquanto vida alguma rondava por ali, a não ser uma coruja de olhos arregalados e amarelados que girou seu pescoço bisonhamente para olhá-lo diretamente nos olhos. Ela estava por sobre a caixa de correio, e assim que o viu caminhando em sua direção bateu suas asas e sumiu pela penumbra.
Max chegou até o cadeado e alinhou os números conforme Carla o havia falado. A portinhola se deslocou enquanto ele abaixou a cabeça e enfiou a mão dentro da caixinha retangular que era coberta por um telhado de bronze, o mesmo material em que o restante de sua armação era fabricado. Enquanto apalpava o interior da caixa Max olhava pela rua procurando qualquer um que tivesse em seu encalço. E foi aí que ele encontrou um objeto, feito aquele que Max havia entregado para Alex na mansão de Rafael.
- Merda! Isso não pode estar começando outra vez! – Ele disse enquanto segurava o gravador na palma de sua mão, e escrito a sangue na sua parte frontal havia.
“Já sabe o que fazer”
Max apertou o play e a mensagem começou a rodar, mas agora ele ouvia a voz de Fábio, e não mais a voz disfarçada com que ele havia tratado.
- Olá Max! Espero que seja você, pois se for um policial a estar ouvindo isso, temo que minha querida ex-esposa esteja morta, enterrada viva em algum canto dessa patética cidade, e o pior, minha querida Isadora não pôde ter sido salva. Uma garota, Max, que mesmo sendo inocente, é a própria encarnação do pecado. – A voz dele chegava diabolicamente, sedutora enquanto Max sentia uma enorme vontade de jogar aquele gravador contra o asfalto e simplesmente fingir que nunca esteve ali, entretanto havia algo nele que o mantinha atento a cada palavra – Sei que esse foi um dia terrível para você, Max, e tinha a intuição de que não me sairia bem desse jogo, por mais que quisesse sair vivo. Mas agora é tarde demais, quero me redimir com você, Max. Sei o que está sentindo, como está se sentindo. Já não sabe mais se é o mesmo homem de sempre ou se tornou um maldito assassino não é Max? – Fábio havia dado uma pausa como se desse tempo para Max responder a pergunta, porém Max permanecia calado. – Essa é sua vez de fazer diferente Max, há um assassino a solta e agora, você terá a chance de impedi-lo, assim como é no jogo da forca, equilibrei os lados. São dois jogadores, um recebe as dicas e tenta adivinhar a charada enquanto o outro torce para que a garotinha da forca seja enforcada. Você precisará ser mais eficiente, Max. Você precisa ajudar Carla a encontrar as cinco vitimas e por fim a garotinha da forca, minha pequena Isadora. Espero que se de bem. Agora vamos à charada... Max...
“Quando eu montei naquele cavalo, vi que a sela estava ao contrário. Não, isso é só o principio. Parei num bar, fui jogar baralho e encontrei uma letra a, mas tudo ainda estava ao contrário. Sentei-me e veio uma doutora para terminar com minha agonia, a dama abreviada resolverá essa charada. Ligue no número que está escrito na fita e dê a largada. Bom jogo Max! Fim de gravação.”
...
Com a navalha em suas mãos o homem encarou a vitima. Pensou em tudo que tinha acontecido até ali e em como Fábio havia planejado tudo aquilo. O homem alto olhou para a mulher que media não mais que um metro e cinqüenta e três de altura, olhou – a nos olhos, donde estavam e das posições adversas em que se encontravam. Seus olhares se cruzaram a mesma altura. Ele a fitou, pegou a navalha, ergueu os braços e passou a lamina arranhando a falsa pele que a camuflava. Investiu com suas mãos e segurou o tecido puxando-o e sentiu o corpo dela tremer enquanto sua roupa a roupa dela era rasgada. Mais uma vez olhou no relógio e naquele momento o celular tocou.
- Não é que Deus existe, moça? – Disse o homem virando-se para a mesa onde havia deixado o celular e sua caixa de ferramentas. Tirou o par de luvas brancas, plásticas e pegou o celular, olhou para o numero e sorriu.
- Alô? – Disse a voz. – Quem é você? – Perguntou.
O assassino estreitou seus olhos enquanto se divertia com a cena da mulher pendurada de cabeça para baixo. Ela estava quase nua, não era tão bonita, mas suficientemente agradável aos olhos e de um corpo tecido por curvas envolventes.
- Quem eu sou? Ora Max, não seja tolo! O que precisa saber sobre mim é que sou o motivo de você estar no jogo. – Disse à voz que chegava ao ouvido de Max, uma voz rouca, forte e ao mesmo tempo cautelosa – Não precisa ser tão curioso, Max, atente apenas ao necessário. Descubra a charada logo, e venha tirar esse corpo da forca. Você tem uma hora. O jogo começou e eu estou ficando excitado. Fim de ligação, Max.
Max olhou para o relógio, pegou o gravador e colocou no bolso, pegou o celular e ligou para o numero que o havia ligado anteriormente.
- Carla, você está bem? – Ele perguntou enquanto sabia que nada estaria bem num momento daqueles. Carla recolheu seu choro, tentou fugir do desespero e se agarrar as chamas da esperança que até ali ainda não haviam sequer sido acesas.
- Você vai me ajudar? – Ela perguntou ainda chorosa.
Max pensou, ele já sabia a resposta, mas ainda assim era difícil dizer aquilo. Pensou em tudo que havia passado e novamente tinha certeza que não queria passar por nada daquilo novamente.
- Sim, Carla. Vou te ajudar. Mas antes precisamos matar essa charada. Max colocou o gravador perto do telefone e apertou o play.
...
O motor do opala cantou junto com os pneus e a poeira. – Max sabia que aquilo iria despertá-lo. O careca saiu erguendo suas calças frouxas e gritando em desespero – Meu bebê! Seu idiota! Devolva meu carro! – Mas Max já estava longe demais quando ele chegou lá fora. O homem correu até o balcão e leu o bilhete que Max pediu para que ele entregasse para Bernardo.
- Filho, já peguei o carro. Saia daí logo antes que a policia chegue. – O homem pegou as chaves do quarto e correu até lá. Enfiou a chave na fechadura e girou-a, passou o trinco nas janelas trancando Bernardo lá dentro. Voltou para o balcão e pegou o telefone, discou os três números que por tantas vezes temeu precisar e a voz da atendente chegou como a de alguém que quisesse vende-lo algo.
- Central de policia, em que posso ajudá-lo? – Perguntou a voz feminina.
- Oi, aqui é da rodovia 512, hotel Parada Noturna. Um cara roubou meu carro, tenho o numero do RG dele. O nome é Max...
("Corrija Com o n, depois tira o ra, por fim tire a roupa e veja como vai findar") = continua...
Leiam a primeira temporada completa, são sete capítulos já postados. Sobre a segunda temporada, leiam o primeiro capítulo. As Bailarinas Enforcadas.
Sejam bem vindos ao jogo!
Ah... Dedico esse capítulo a minha querida leitora, Fernanda que sempre está presente em minha página. Obrigado amiga!