O Vulto das Moscas Assassinas - parte final

Naquela manhã parecia que seria mais um dia de rotina na rede se supermercados Pague & Leve. Quando o funcionário responsável pela sessão de salgados notou a presença de dezenas de moscas que pousavam nos queijos, requeijões, carnes, linguiças e nas carnes de charques. O mesmo ocorria no açougue e na padaria. Em questão de poucos minutos, onde havia alimento exposto, ali estava uma nuvem de moscas. A clientela ficou chocada. Saíram sem comprar e comentando a respeito da imundície. As crianças ficaram em pânico. As moscas em nuvens, incomodavam aos funcionários e a clientela. As paredes estavam tomadas pelo mosqueiro. Entravam em nuvens vencendo os ventiladores ligados pendentes no teto.

- O que houve? De onde surgiram tantas moscas?

Indagava o assassino do Pai de Santo, proprietário da rede. procuraram algum vazamento na rede de esgoto, alguma fossa aberta no prédio, e nada encontraram. As moscas tomaram toda a loja, cobrindo com pontinhos negros os alimentos. A loja foi fechada para uma sessão de desinsetização. Ele pediu desculpas a clientela através de panfleto impresso e de avisos na porta do supermercado. Colocou até anúncio em carro de som, tentando se justificar diante da clientela.

No dia seguinte, aconteceu o fenômeno em todas às lojas da rede. Moscas tomavam de assalto as mercadorias, cobrindo-as por completo. As paredes externas da frente da loja estavam cobertas por pontinhos pretos que se deslocavam transloucas pelas paredes.

-Meu Deus, o que eu vou fazer, o que está acontecendo?

Indagava, com ares de preocupação - era nítida a sua intuíção, ja pensando em um fenômeno de ordem de feitiçaria. Indagava-se a respeito de algum movimento de vingança realizado pelos simpatizantes do Pai-de-Santo, que por ventura, desconfiara dele, como autor do assassinato. Ele era o senhor das moscas naqueles rituais satânicos.

Os funcionários falaram com a gerência e foram para casa,dispensados. Ficou espantado ao ver àquela nuvem de moscas orquestradas por cima das mercadorias, suas asas frenéticas faziam um som de zumbido ensurdecedor.E, assim, estava sendo em todas às lojas da rede, causando um prejuízo diário fenomenal. A empresa para o combate das moscas foi mais uma vez chamada. O veneno era posto em ação, quanto mais moscas morriam, novas nuvens surgiam, de forma incessante,do nada. Parecia mágica, como se todas as moscas da cidade ,tivessem, agora, direção certa, a rede de supermercados Pague & Leve.

- Vamos nos recolher, alguma coisa estranha acontece. Quanto mais moscas matamos, novas aparecem do nada. Estamos até sem o veneno, foi todo gasto.

Disse-lhe um dos agentes da empresa que participava da ação de combate ás moscas.

Ficou sabendo, que assim acontecia em todas as lojas.

-É ele, o desgraçado, isso é magia negra. É ele que está fazendo isso com o meu negócio. Eu vou acabar com essas moscas, eu vou , eu vou.

Insano, foi de loja em loja berrando, gritando, em total desespero, chorando - beirava á loucura. As mercadorias cobertas pela nuvem macabra, moscas frenéticas, com asas desenvolvendo uma melodia sinistra.

Foi para o cemitério. Chegou bravo, dizendo palavras de baixo-calão contra o Pai -de- Santo. Pegou um pedaço de ferro que havia trazido do supermercado e deu, com fúria contra o seu túmulo, ali abriu uma pequena fenda.

- Desgraçado não pode fazer isso comigo, o dinheiro é meu, eu ganhei, é fruto do meu trabalho.

Batia com fúria no túmulo de cimento. Abriu um buraco.

Pasmo, assistiu uma nuvem de moscas dali sair.

-É ele mesmo, o desgraçado que está se vingando, as moscas, saem de sua cova. Meu Deus, é o desgraçado que do Inferno de dentro está se vingando de mim.

As moscas foram saindo da cova, uma a uma e passaram a sentar no seu corpo. Mãos, rosto, cabeça, até que o cobriram por completo, ele tentava assustá-las, sem sucesso. Grita, em pânico, mas as moscas não o deixavam, pareciam dirigidas. Agitava-se com desespero, sacudindo os braços, translouco.

- Seu desgraçado, eu te matei, seu desgraçado,afaste-se de mim, deixe-me em paz. O meu negócio, eu quero o meu negócio de volta, desgraçado, está me falindo, está arruinando os meus supermercados.

Centenas de moscas saíram de dentro da cova, para sua surpresa, as asas frenéticas, emitindo um zumbido macabro, orquestradas formaram a figura do Pai-de Santo. Viu com perfeição a sua imagem. A cabeça desenhada, os braços, o tronco e as pernas - feito uma obra de arte oriunda do Inferno. Gesticulava para ele, apontando com um dos braços. O rosto, as moscas desenhavam uma carranca de fúria, ódio.

Então, como se dirigidas por forças do além, ganharam velocidade e começaram a cobrir o seu corpo. Algumas entravam pelas fendas das narinas, outras pela boca. Em questão de poucos minutos as moscas entravam pela boca, ouvidos, narinas, sufocando-o. Teve uma morte agônica, tentando se livrar das moscas, sem contudo, conseguir.

Encontraram-no morto com milhares de moscas no interior do seu organismo. Uma nuvem gigantesca de moscas cobria o túmulo do Pai- de- Santo. No sangue que escorria do seu corpo estava escrito ASSASSINO INGRATO, em letras garrafais formadas por um grupo de moscas que deleitavam com o doce do seu sangue. E, ali ficaram presas mortas pelo sangue denunciando-o para todos.O pai de santo havia sido assassinado pelo mesmo para que não saldasse a quantia que havia acertado para remunerar o" trabalho" feito com ebós para que fizesse sucesso com o mercadinho que estava abrindo no bairro popular.A foto com o desenho em letras garrafais feito pelas moscas ganhou a imprensa do mundo:"ASSASSINO INGRATO."

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 03/11/2012
Reeditado em 24/02/2017
Código do texto: T3966820
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