O Psicopata - parte VIII

A vista mais linda do mundo. A alvorada surgindo com a linha secante do mar sendo lambida pela sangúinea dourada,acompanhada por nuances esbranquiçadas. O forte de São Marcelo dava um toque a mais, de rara beleza. A Baia de todos os Santos. Local, onde se situa o porto de Salvador.

Uma fera selvagem ao caçar não desiste, nunca desiste, caso haja a possibilidade nata para abater a sua presa. Porém, recuar se faz preciso, quando a situação se torna complicada. É claro que não sairia do prédio pela porta da frente, o vigia o veria. Precisava dar um jeito, caso fosse possível, não perderia a sua noite. Procurou um dos sanitários públicos do corredor, e ali sentou num vaso, o ombro encostado nos azulejos frios. fechou os olhos e tiraria um cochilo, antes de aguardar uma oportunidade para evadir-se dali sem ser notado.

Após longos minutos, banhada em suores, respirava com dificuldade dentro daquele cubiculo escuro e quente. Tirara a blusa, estava apenas de sutien, estava descalça. Ligava a pequena torneira e se molhava, procurando não fazer ruídos. Era o bastante para aliviar-se. Uma indagação a fustigava - " estaria ele ali, esperando-a?"

Não suportava mais aquela situação. Com o bisturí em riste, resolveu abrir a porta, devagar. Girou a chave, procurando não fazer ruído algum.

O ar fresco foi sentido na sua pele com satisfação. Ergueu-se, com dificuldade. Os joelhos estalaram, a musculatura das coxas doloridas. A coluna em fragalhos.

Seguiu andando pelo corredor escuro, com dificuldade. Arrastando-se, apoiando-se na parede. A emoção, e alívio sentidos fazia com que lágrimas escorressem pelo seu rosto.

- Deus, meu Deus, socorra-me...

Não suportaria descer as escadarias andar a andar. Então, acionou o elevador - este funcionava, de forma especial, caso o prédio estivesse sem energia elétrica. Havia um gerador exclusivo. O elevador chegou.

A tensão era grande, sempre havia a possibilidade dele estar no elevador, e surgir ali na sua frente. Seria fatal. Resolveu arriscar, aguardando o elevador à beira da escada, quando ouviu a porta se abrir, correu para o elevador, vendo-o vazio, aliviou-se e nele adentrou.

Desceu andar à andar. Segundos eternos a cada andar. Mas, a sua cabeça acelrava-se em indagações, em emoções fragilizadas que a deixavam em estado de pânico - não se sentia segura.

O elevador chegou ao térreo. Quando a porta se abriu, a mulher que estava ali, não pôde sair do elevador, os olhos tiveram as pupilas dilatadas, revelando o inesperado, o pãnico. Ele entrou - estava lhe aguardando.

- Ouvi o som do elevador, sabia que você estava nele.

Ela tentou ragir. Ele o segurou pelo braço, torceu-lhe.

Ela soltou um gritou e caiu de joelhos. Um estalo nos ossos, quebrou.

Os cortes foram precisos, como sempre. No pescoço e no rosto.

- Sabia que você ´linda, linda de morrer?

Enquanto falava, dava cortes profundos com a faquinha de reserva que trazia consigo, conhecida por dois tostões. Gostava do bisturí, mas este não estava em seu poder.

Ficou ali, deliciando-se com o corpo caído esvaindo-se em sangue. Largou o corpo la, em questão de segundos, daria jeito de chamar a atenção do vigia, e tramaria sair do prédio. Tirou o sobretudo, dobrando-o para esconder o sangue fresco.

Seguiu para o outro lado do prédio, onde estava o vigia. Por sorte, a portaria ja estava aberta, o vigia estava sentado na providencial cadeira, cochilava. Com passos lentos, silenciosos saiu do prédio sem ser visto. Dobrou a esquina e seguiu na direção da ladeira da Montanha, um local de baixo-meretríco. Pretendia chegar ao Pelourinho, passando pela Praça da Sé, depois, Santo Antônio - ali, estaria em casa. No dia seguinte leria à notícia nos jornais - mais uma linda, linda de morrer...

-Morta.

Disse para si, enquanto andava, sem pressa, afastando-se cada vez mais do prédio, do local do crime.

A pobre mulher esvaia-se em sengue, tendo uma morte lenta, silenciosa. Aquela morte mudaria á rotina do prédio naquele dia.

Motivada por uma força maior, resolveu arriscar mais uma vez e ir ao térreo. Soltou um grito de pânico ao avistar a zeladora morta - havia encontrado a morte no seu lugar, ao chegar cedo para a sua rotina diária. Desmaiou ali, o vigia ficou sem entender nada diante do sinistro que observava. Uma das funcionárias da empresa de telemarketing, fora do seu horário de trabalho semi-nua, caída ao chão e a outra morta, a funcionária da limpeza. Uma mulher de beleza simplória, que não merecia ter morrido por um psicopata que mata em série, mulheres lindas, lindas de morrererem.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 02/11/2012
Reeditado em 09/11/2012
Código do texto: T3965279
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