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cidade de Vilnius
Vilnius é a capital e cidade mais populosa da Lituânia, um país localizado no leste da Europa com população aproximada de 3,3 milhões de habitantes. A capital Vilnius tem aproximadamente 600 mil habitantes, é rica em história sendo que existem registros da mesma que datam 1323. É cosmopolita, rica em arquitetura e também bastante multicultural sendo que quase metade dos seus habitantes é de outros países (Polônia, Rússia,…).  A cultura judaica está também bastante enraizada tanto no país como em Vilnius, apesar de 82,3% de a população ser católica. Importa realçar que 68,8% da cidade são espaços verdes. A língua oficial do país é o lituano e a moeda é o litas. 
Vilnius, que é uma cidade pitoresca situada nas margens dos rios Neris e Vilnia, possuem um dos centros históricos mais interessantes da Europa de Leste. A universidade de Vilnius, fundada em 1579, é constituída por um complexo de edifícios de estilo renascentista, com inúmeros pátios interiores, que formam uma espécie de cidade dentro da cidade.
O prato mais famoso da Lituânia é provavelmente a sopa fria de beterraba. As batatas também estão muito presente na gastronomia lituana, sendo os pratos mais populares à base deste ingrediente as panquecas de batata e as Cepelinai, uma espécie de almôndegas de batata recheadas de carne, requeijão ou cogumelos.
Depois da separação da URSS, alguns lugares ainda permaneciam despovoados e cercados de mistérios, algumas ruínas ainda permaneciam intactas, casas, prédios, escolas, hospitais, tudo destruídos e saqueados durante a guerra e permanecia da mesma forma como estava. Um boato cercava aos arredores que o lugar estava contaminado com radiação química usada como experimento por um grupo de terroristas chechenos que á décadas atrás buscaram se refugiar neste local, mas políticos negavam tal noticia, pois isso afetaria o progresso e a visita de turistas.
Um casal, filhos de poloneses e nascidos na Lituânia, havia se casado a alguns anos atrás, dessa união Deus havia os abençoado grandemente, tanto material como espiritual, era de uma família humilde, Zeni era uma linda moça que perdeu o pai ainda quando criança, com muito esforço e dedicação se formou em engenharia de produção, pois o país estava prosperando e lhe proporcionando grandes expectativas, conheceu Dosan, que era um próspero escritor, desde criança tinha um sonho de um dia se transformar em um grande escritor, já desde o tempo de escola primária já escrevia suas primeiras histórias com sua professora Aide.
Juntos tinham um casal de filhos, Angelina e Allan, Angelina estava com nove anos, três a mais que Allan, a casa que moravam ficou pequena, economizaram algumas litas (moeda local) e estavam procurando uma casa maior, com quartos independentes, na capital já não era possível comprar a casa que queriam.
Num final de semana foram com as crianças dar uma volta nos bairros próximos para ver se encontravam alguma casa que fosse do jeito que eles queriam e que estivesse com um preço que pudessem pagar á vista, até que ao entrarem numa bifurcação, uma folha de classificados da cidade entrou pelo vidro do carro e caiu no colo de Zeni, era o anuncio de uma casa em um bairro não muito longe, Zeni pediu para Dosan ir até lá ver a casa, chegarem ao bairro de Old Town avistaram uma casa afastada do centro, no jardim havia uma placa “for sale”.
casa do lago
Dosan estacionou o carro ao lado do jardim encoberto  com uma fina camada de neve, uma linda casa assobradada com telhado Frances, janelas tipo venezianas de madeira, uma grande porta entalhada com figuras em madeira de lei, a rua era na verdade uma alameda coberta com pés de ipês sem sua linda folhagem amarela, seus galhos estavam encurvados com o peso do gelo, uma pérgula enfeitava a entrada, na frente havia um grande lago rodeado de  pinheiros entristecidos com o frio e a neve, as crianças logo correram para jogar pedras no lago congelado, Zeni estava encantada, seus olhos brilhavam assim como os de Dosan, foi amor a primeira vista.
Era inverno no leste da Europa, o lugar era bucólico para alguns amantes, e fantasmagórico para outros, o silencio era total, ruas e avenidas vazias, apesar do inverno não ser do mais rigoroso, a neve prevalecia nas calçadas, o vento derrubou as poucas folhagens que se misturou com galhos secos sobre a neve.
vista do lago com a casa ao fundo
Anotaram o telefone da corretora que estava atrás da placa de venda, o escritório da corretora ficava a poucas quadras e logo uma senhora gorda e baixinha com cabelos despenteados, um grande cachecol enrolado no pescoço chegou ao local para mostrar as dependências da casa.
- bom dia senhores, meu nome é Grazina, gostariam de ver a casa por dentro?
Grazina em lituano quer dizer “moça bonita” que por ironia não fazia jus a aquela criatura.
- é então... Estávamos passando e vimos a placa e nos interessamos pela casa, parece ser agradável - disse Dosan.
- ok, vamos entrar, por favor, aqui está muito frio.
A mulher entrou e já foi mostrando os detalhes da casa, a sala de estar era enorme, piso de madeira que se estendia até a escada que dava acesso ao segundo andar, um grande lustre de bronze descia do teto em forma de castiçal com pequenas lâmpadas, depois vinha um banheiro que separava da sala de jantar, alguns móveis permaneceu na casa, como os armários de cozinha planejados com madeiras maciças e uma mesa também de madeira toda entalhada com figuras da natureza, flores, sol, lua e estrelas, a casa estava com cheiro de mofo apesar de parecer estar limpa e seca.
- porque esta casa está à venda dona Grazina, parece ser aconchegante.
A mulher baixinha e gorda, de aparência duvidosa limpou a garganta e explicou o motivo da venda.
- esta casa como podem ver, é uma casa que foi construída há muito tempo, mas sempre foi conservada pelos moradores, eu não sei o que aconteceu, mas ninguém ficou morando aqui mais que um ano, o ultimo morador saiu já faz muito tempo, mas o preço era muito alto e não conseguiu vender.
- hum... Quer dizer que ela custa muito caro?
- ela já foi cara, mas era um preço justo pelo tamanho e as condições dela, mas como não conseguiu vender, o atual dono resolveu baixar o preço.
- e quanto ela está custando agora? Acho que não vou poder pagar por ela, seria uma pena.
- senhor Dosan, vamos conhecer primeiro a casa, depois falamos sobre o preço, acho que o senhor vai se surpreender.
Ainda na cozinha, uma porta dava acesso para um quintal ao fundo, as crianças já correram para o quintal, havia uma cobertura onde era a lavanderia, do lado esquerdo mais ao fundo, uma pequena churrasqueira e um gramado que dava pra fazer um pequeno campinho de futebol.
- gostei daqui, não tem ninguém pra ficar nos observando, diferente de onde moramos, todos vêem o que fazemos nos dias de descanso – disse Zeni.
Retornaram para o interior da casa e foram para o andar de cima, as crianças ficaram no quintal brincando de pega-pega, até que Allan ficou parado em pé observando algo na janela do andar de cima.
- o que foi Allan, o que você viu? - Perguntou Angelina.
- tinha alguém lá em cima olhando pra gente, era uma velha.
- deve ser a mulher que está mostrando a casa.
- não era não, ela era feia e bem velha.
Angelina não deu bola para o que o irmão tinha visto e o chamou para entrar e ir até os pais.
Na parte de cima havia quatro quartos e um banheiro, o piso também de madeira alguns quadros permaneciam nas paredes da casa, alguns intrigantes como fotos antigas que parecia que as fotografias tinham vida, os olhos pareciam ter vida, aquilo intrigou Zeni, mas ela não disse nada, o teto era forrado como se houvesse outro andar na parte de cima, um dos quartos estava fechado.
- porque este quarto está fechado dona Grazina?
- nós nunca tivemos esta chave, já pedimos para um chaveiro fazer uma copia do miolo, mas ele sempre se negou a fazer, ele não explicou o porquê e assim ficou, mas vocês podem chamar alguém para abri-la, também pedimos as chaves para o atual dono, mas ele falou que as chaves sumiram do chaveiro assim que eles mudaram para outro bairro e que nunca conseguiram abrir aquela porta.
As crianças se aproximaram dos pais e Allan grudou nas pernas da mãe.
- o que foi querido?
- nada não, eu quero ir pra casa.
- já vamos querido, deve estar com fome né, já – já nos vamos esta bem?
Depois de vistoriar a casa, Zeni e Dosan pergunta sobre o preço da casa, Grazina disse que o preço era de 300 mil litas, mas o proprietário abaixou o preço para 250 mil, isso em reais seria equivalente a R$191.131,49 mil.
- tudo bem, iremos para casa  dar almoço para as crianças, eu e minha esposa junto com as crianças vamos discutir sobre a compra, depois ligamos pra senhora quando tivermos resolvido.
- tudo bem, podem me ligar a qualquer momento, mas tenho certeza que vão ficar com a casa, ela é linda e o preço está muito abaixo do mercado, se não comprarem vão perder uma grande oportunidade.
O casal e as crianças retornaram para casa, depois de almoçarem se reuniram na sala para conversar sobre a casa.
A primeira aparição.
- o que vocês acharam crianças, gostaram da casa?
- eu gostei, tem espaço pra brincar e um quarto só pra mim e do lago que vai ser bem legal no verão.
E você Allan, o que achou da casa? Quer morar lá?
- eu gostei, mas lá não vou ver meus amigos, e tem uma velha que ficou me olhando.
- como? Uma velha deve ser imaginação sua, Allan, na sua idade é normal ter imaginações, e quanto aos amigos, você vai conhecer novos amiguinhos e nos finais de semana podemos levar alguns para brincar com você.
Dosan e Zeni ligaram para a mulher gorda e desajeitada e fecharam negocio, afinal o preço estava bom e dentro do orçamento que pretendiam gastar, no final de semana se mudaram com ajuda de alguns amigos, que acharam a casa e lugar muito lindo, só acharam a casa um pouco fria demais, precisava dar mais um pouco de vida a ela, alguns vasos de flores e cortinas coloridas deixaram o ambiente mais alegre, restauraram a lareira que estava desativada, agora a casa estava com mais vida e mais quente, depois de montar todos os moveis e deixar a casa arrumada, os amigos se despediram deixando a família curtindo a nova casa.
Exausta, Zeni preparou um lanche rápido para as crianças enquanto, preparava carne de javali e purê, o prato preferido e típico da região para o esposo.
Na correria acabaram esquecendo-se de chamar o chaveiro para abrir a porta do quarto que estava trancada, mas isso ficou para depois.
Já estava escurecendo, Zeni preparou o quarto das crianças, apesar da bagunça, caixas espalhadas por todo lugar, as camas estavam montadas, o quarto de Allan era ao lado ao de Angelina, logo depois do banheiro de frente para o lago ficava o quarto do casal.
Depois de Angelina e Allan estarem já dormindo, Zeni ainda terminava algumas tarefas como guardar os eletrodomésticos e os talheres, enquanto isso Dosan estava na lavanderia ajeitando a maquina de lavar, na cozinha Zeni distraída levou um susto quando o lustre começou a balançar sozinho, seu coração bateu forte, mas não quis chamar atenção do marido, tomou um copo d’água e continuou o serviço, a iluminação da casa começou a falhar, as luzes começaram a ficar fracas a ponto de quase se apagarem por completo e do nada retornou ao normal.
- deve ser a fiação elétrica – gritou Dosan – amanhã cedo eu chamo um eletricista pra dar uma olhada e aproveito para chamar o chaveiro.
- vamos descansar amor, estamos exaustos, amanha continuamos, temos tempo e nossos amigos o Ganz e o Doneffar vão nos ajudar.
Já deitados, Zeni e Dosan não suportaram o cansaço e se entregaram ao sono.
Primeiros acontecimentos.
 Todos dormiam profundamente, mas algo começou a reinar durante a noite, a porta do quarto do casal se abriu devagarzinho como se estivesse sendo empurrada pelo vento, o cobertor que cobria o casal começou a ser puxado para o chão, alguma coisa os observavam, no silencio só se ouvia a respiração profunda dos dois, um vulto passou novamente pela porta e saiu batendo fortemente a porta que fez com que os dois se assustassem e acabaram sentados na cama sem o edredom.
- ai meu Deus, o que foi isso? Perguntou Zeni assustada com a mão no coração.
- calma querida, acho que deixamos a porta aberta e a corrente de ar acabou fechando.
- eu me lembro de ter fechado a porta depois de vir dos quartos dos meninos, eu não deixei aberta.
Zeni se levantou e foi na cozinha beber água, aproveitou para ver se as crianças estavam bem, Angelina estava dormindo como anjo, Allan também, mas estava totalmente descoberto, Zeni o cobriu novamente e retornou para o quarto, passando pela escada ela viu alguma coisa andando na sala de um lado para outro, um calafrio lhe subiu pela espinha e não querendo acreditar no que estava pensando, resolveu voltar para o quarto, deitou e  agarrou-se ao corpo do esposo que continuou deitado.
Na manha seguinte era domingo, as crianças já estavam acordados, Zeni e Dosan ainda permaneciam deitados quando foram surpreendidos pelas crianças que pularam sobre eles.
- ah que gostoso, dormiram bem meus anjos? Perguntou Zeni.
- ah eu dormi mãe, até sonhei brincando no lago.
- e você bonitão? – perguntou Dosan para Allan.
- eu dormi, mas tinha hora que a minha cama balançava.
Aquilo fez com que Zeni franzisse as sobrancelhas de preocupação.
- vão para a sala, papai e mamãe vão tomar banho e se trocar, daqui a pouco nós desceremos pra fazer o café.
Já tomado banho e trocada, Zeni preparou o café, pãozinho frito com alho e pão de batata, o café era reforçado como costume dos Lituanos.
A visita dos amigos.
Já de estomago cheio, as crianças foram para fora brincar e ver se encontravam novos amigos, Dosan ligou para os amigos, Donnefar e Gantz eram escritores e amigos de Dorzan.
 Donnefar entendia um pouco de fechaduras e Gantz de eletricidade, demorou pouco mais de uma hora para chegarem, Gantz era um tipo de sensitivo, e ao chegar a casa comentou com o amigo Donnefar que tinha alguma coisa estranha naquele lugar, Dosan foi lá fora com Zeni para recebê-los, ao entrar Gantz sentiu seu corpo se arrepiar, mas não comentou nada.
- e aí Gantz pronto pra trabalhar?
- opa, sempre, já está pronto também? Estou com as ferramentas só me mostrar onde fica a chave geral.
- e ai Donnefar, pronto pra abrir uma porta misteriosa?
- misteriosa por quê?
- a corretora disse que nunca viu essa porta aberta nem se quer tinha as chaves.
- interessante – respondeu Donnefar.
Zeni subiu com Donnefar para mostrar-lhe a porta enquanto Dosan foi com Gantz até o quadro de força que ficava na parede ao lado da lavanderia.
A chave misteriosa.

O vento estava forte e gelado, pequenos flocos de neve caiam e as crianças corriam tentando pega-las, o visinho mais próximo ficava a uns 300 metros e como não conheciam o lugar não se aventuraram a ficar longe de casa, mas resolveram dar a volta e olhar a parte de trás da casa, encontraram uma pequena construção em ruínas, mas Allan disse ter visto uma criança e com a irmã resolveu ir até lá, mas não encontraram ninguém, era uma casa cheia de quartos e corredores estreitos, o vento fazia um barulho assustador quando corria por dentro da casa, um vulto de criança passou correndo deixando um rastro de pavor nas crianças que saíram correndo, na saída da casa velha duas chaves presas por uma argola caiu aos pés de Angelina que as recolheu e levou para mostrar para os pais.
Gantz verificou o quadro de força, mas não viu nenhuma irregularidade, estava tudo normal, a fiação estava em bom estado, provavelmente o antigo dono havia trocado toda a fiação. As crianças entraram assustados em casa e chamou pelo pai que pediu para eles irem falar com a mãe que ele estava ocupado.
No andar de cima as crianças chegaram apavoradas tentando contar a historia.
- mãe, mãe, nós vimos uma criança estranha na casa velha, ela era feia e suja, acho que era fantasma porque ela desapareceu e depois passou correndo atrás da gente, falou cansado o garoto Allan.
- calma, assim vocês me assustam, fala devagar, o que foi que aconteceu Angelina?
- a gente estava brincando e fomos ver a parte de trás da casa, lá o Allan disse ter visto um menino ou menina sei lá, aí fomos até lá, mas não tinha ninguém, é uma casa velha cheia de corredores, ai a gente estava voltando quando alguma coisa passou correndo atrás da gente aí ficamos com medo e saímos correndo quando essa chave estranha caiu no meu pé.
Donnefar ainda estava tentando abrir a fechadura quando viu a chave na mão de Angelina.
- espera, deixa-me ver essas chaves.
Uma chave era exatamente o formato da fechadura, a outra tinha um formato estranho, um tipo de tridente.
- estranho, muito estranho, essa é a chave dessa porta, alguém ou alguma coisa queria que vocês a encontrassem, disse Doneffar.
Quando Donnefar colocou a chave na fechadura a porta se abriu sozinha sem ser preciso ele dar voltas na fechadura, o quarto estava escuro e muito mofado, as paredes e o teto estavam com muito mofo, o que mais chamou atenção foi que no quarto tinha numa escada que dava acesso para o sótão, mas tinha uma porta de aço pintada de vermelho e claramente dava pra ver que embaixo daquela tinta tinha alguma coisa escrita ou desenhada, que talvez o antigo morador a tenha pintado por cima.
Donnefar achando aquilo tudo muito estranho não quis falar nada para Zeni, afinal eles estavam felizes por terem conseguido comprar a casa dos sonhos e não era ele que ia atrapalhar isso.
O sótão.
Zeni desceu e chamou Dosan e Gantz para verem a descoberta e juntos todos subiram para ver o sótão.
Donnefar com a chave em formato de tridente a introduz na fechadura com o mesmo formato, mas ela não abriu, Gants pediu para tentar, mas também não deu certo, todos tentaram e não conseguiram abrir a porta, a solução era tentar abrir a força, mas a porta era feita de aço e não seria fácil abri-la, enquanto eles pensavam em uma solução, Allan pegou a chave e colocou na fechadura, a porta se abriu naturalmente sem mesmo ser preciso que ele a empurrasse, um vento gelado correu por eles deixando todos com muito frio, mas era um frio diferente, Gants sabia disso, mas preferiu ficar calado, por um instante ele fechou os olhos e sentiu presença estranha, alguma coisa ruim aconteceu aqui, pensou ele.
Já no interior do sótão, o piso estava forrado de carpete sobre a madeira, quadros antigos permaneciam nas paredes, algumas cabeças de animais entalhadas faziam a decoração, não tinha iluminação, a claridade que entrava era por uma janela redonda em formato de pentagrama que dava visão para o lago.
janela em forma de pentagrama

- mãe to com medo, não quero ficar aqui, disse Allan.
- eu também não, vamos descer Allan, falou Angelina que pegou na mão do irmão e desceu.
Zeni e Dosan também não gostaram daquilo, mas demonstrando não ligar, assim como os amigos, não queriam mostrar alguma reação.
- é só um lugar velho Zeni, vou aproveitar que está cedo ainda e vou puxar eletricidade para cá, depois só vocês darem uma pintada de cor clara e ficará melhor,- disse Gantz.
Donnefar ajudou Gantz na instalação, com o sótão iluminado, a visão macabra melhorou um pouco, mas acabou também desvendando outras coisas, em uma das paredes havia um tipo de altar embutido, algumas velas velhas e derretidas, ao lado um prato de prata sujo e com alguma coisa vermelha grudada, como se fosse sangue coalhado, alguns castiçais de bronze presos na parede, alguém não queria que o lugar fosse iluminado de outra forma ou simplesmente aquele lugar nunca foi utilizado depois do primeiro morador.
Gantz chamou Zeni e Dosan juntamente com Donnefar e fizeram uma reunião.
- olha gente, sei que estão felizes de estarem mudando para uma casa linda e aconchegante, mas vocês estão vendo que alguém usou este lugar para fazer magias, não entendo muito disso, apenas sinto a presença do que não é bom e sei que tem alguma coisa aqui de errado, a primeira coisa é dar fim nessas coisas daqui de cima e se possível deixar como estava antes, manter essa porta fechada, alguém a fez com essa intenção e é melhor que deixem assim.
Presos no sótão.
Ganz e Donnefar ajudaram Zeni e Dosan na organização e limpeza, primeiro limparam as paredes do quarto, retiraram o mofo e pintaram de branco retirando os quadros, depois no sótão já iluminado, retiraram as cabeças entalhadas e jogaram fora tudo o que tinha no altar e também pintaram as paredes de branco, dando um pouco de harmonia ao lugar, mas de repente a porta de aço bateu forte e os trancou lá em cima, apavorada Zeni se segurou a Dosan que pediu pra ela ficar calma, que foi o vento e que era só empurra-la para abrir, mas não foi bem assim.
A porta bateu e trancou, não abria por dentro e a chave estava na fechadura pelo lado de dentro do quarto, o jeito era pedir para as crianças que estavam brincando no quintal abrir a porta pelo lado de entro do quarto.
- Angelina! Gritou Dosan.
- oi pai, o que o senhor quer?
- querida, vem aqui no quarto e abre a porta do sótão, a chave está na porta.
- tá bem pai, eu já estou indo.
Depois de alguns minutos Angelina retornou.
- pai! A porta do quarto está trancada, não dá pra eu entrar.
- como assim está trancada, ela estava aberta e as chaves na porta de aço.
- eu sei, mas a porta do quarto não quer abrir.
Enquanto isso os quatro lá em cima pensavam em alguma coisa, até que Ganz lembrou ter visto uma escada grande no quintal da lavanderia.
- será que as crianças conseguem trazer a escada até aqui?
 Já estava ficando tarde a o frio e a neve começou a ficar mais forte.
- Angelina, será que você e o Allan conseguem trazer a escada até aqui na frente? -perguntou Dosan.
- vamos tentar pai, a gente já vem, pede pra mãe ficar calma.
Angelina e Allan foram até a lavanderia buscar a escada, era uma escada extensiva que toda aberta chegaria à altura da janela do sótão, Angelina deitou a escada no chão e pediu para Allan segurar numa ponta enquanto ela segurava na outra e devagarzinho levaram até a frente da casa.
- pronto pai, e agora?
- nossa! to orgulhoso de vocês, agora desencaixa a parte do meio e estica ela no chão, agora com o fio que sobrou do rolo que o Ganz trouxe você amarra na ponta da escada que vamos puxar.
Assim foi feito, Donnefar abriu a janela em formato de pentagrama, desenrolou o fio e jogou a ponta para Angelina que amarrou na ponta da escada, como era fio flexível de 6 mm era suficiente para puxar a escada de alumínio, com cuidado ele e Ganz puxaram a escada até a janela e pediu para Angelina puxá-la um pouco mais para trás para ficar inclinada, os flocos de neve caíam cada vez mais forte junto com o vento que parecia navalha, Angelina e Allan seguraram a escada lá embaixo, para a mãe descer, depois desceu um a um, Donnefar foi o ultimo que ficou encarregado de fechar a janela.
- misericórdia, por isso que esse quarto vivia trancado, não quero mais subir lá nunca mais, deixa ele lá quietinho, disse Zeni ainda assustada.
Já todos no gramado encoberto de neve, uma pergunta que Donnefar fez para o casal, - e a porta, vocês querem que eu tente abri-la ou deixa como está?
- não, deixa lá, não precisamos mesmo daquele quarto, é melhor ele ficar trancado mesmo, assim as crianças também não entram.
- gente vocês estão fazendo tempestade em copo d’água, essas coisas não existem, quanto mais ficarem encucados com isso é que as coisas acontecem, porque tudo de estranho que acontecer vão pensar que são coisas do alem, a casa é linda e vamos deixa-la ainda mais, vamos esquecer essas coisas se não as crianças vão ficar com medo e não vão aproveitar a casa nova. – disse Dosan.
- é verdade, vamos tentar esquecer o que aconteceu, amanha será um novo dia, tudo vai ser tranquilo, as crianças vão pra escola, nós vamos trabalha e tudo será normal – disse Zeni.
O dia foi tão atribulado que Zeni nem fez almoço para os amigos, mas antes deles irem embora ela preparou uma sopa rápida de beterraba, uma das preferidas dos nativos.
A despedida dos amigos.
- bom gente, já está anoitecendo, estou feliz por vocês terem encontrado uma linda casa, o lugar é lindo e no verão ficará mais ainda, pode ter certeza que vou vir sempre aqui para uma visita. – falou Ganz.
- eu também gostei da casa apesar dessas “coisas”, mas as crianças vão se divertir muito e com o tempo vão se acostumar com o lugar, qualquer coisa já sabe é só ligar pra gente ou ir ao escritório.
Ganz e donnefar se despediram dos amigos e das crianças e foram embora sob a neve que cobria tudo, foi necessário retirar uma camada  que encobria o carro e logo ele desapareceu na estrada em poucos segundos na cortina de neve.
A segunda noite.
Agasalhados e protegidos do frio, Angelina e Allan resolveram dormir juntos no mesmo quarto, na manha seguinte as crianças iriam pra escola, Dosan deixaria as crianças na escola e depois iria para o escritório. Zeni pegou uma semana de folga em casa, pois tinha alguns dias no banco de horas da empresa.
Durante a noite enquanto todos dormiam, uma nova atividade aconteceu na casa, novamente a porta do quarto do casal se abriu vagarosamente, as cortinas começaram a balançar como se estivesse ventando, mas não havia corrente de ar, pegadas úmidas ficaram marcadas no piso de madeira, uma presença não humana ficou parada olhando o casal e depois saiu batendo a porta que acordou Zeni, Dosan tinha sono pesado e nem percebeu, Zeni levantou-se e acendeu a luz fazendo com que Dosan acordasse lentamente.
- Julio, era assim que ela o chamava, pelo primeiro nome, você ouviu? A porta bateu novamente, olha isso aqui no chão, está úmido.
- para com isso querida, vamos dormir tenho que acordar daqui a pouco, você deve ter sonhado.
Vendo que o esposo não acreditava nela, Zeni resolveu olhar como estavam as crianças. Ambas estavam abraçadas dormindo profundamente, mas alo chamou a atenção de Zeni, as gavetas e portas do armário estavam todas abertas, o piso também tinha algumas partes úmidas, ela sabia que alguma coisa estranha estava acontecendo, mas o que dizer, teria que enfrentar aquela situação ou o sonho de morar numa bela casa estaria acabado, ela recobriu os filhos e voltou para seu quarto e deitou-se ao lado do esposo, mas não conseguiu mais dormir.

continua...........


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