Caldeirão do Ódio
Submergido com a água fervente,
Ossos se desintegram pelo calor,
Acima fervilha a caldeira tão quente,
Ouça gritos e súplicas de horror!
Cozinhando alguns frescos pedaços
Restos de seu esquartejamento,
O líquido ocultando estes teus traços
Do mortal horror de sofrimento
O fogo fervilha toda a combustão,
As carnes soltando-se pelas nervuras
Incinerando o apodrecido coração,
Calor amolecendo suas musculaturas
Ato selvagem do canibalismo,
Mortal fome das entranhas cozidas,
Vingança suprema de sadismo,
Ceifando algumas profanas vidas!
Os olhos saltam dos globos oculares
A pele pastosa pelo aquecer,
Preparando-se os nossos manjares
Na água que está a ferver!
Esquentando as chamas da fogueira
Fervilhem os corpos submersos,
Todos os dopados virão para a lareira
Dentro da caldeira serão imersos
A mente acorrentada ao ócio,
Impõe as técnicas de desumanidade,
Ao grande caldeirão do ódio,
Queimar-se-á nossa natural sanidade!