A Navalha

Passeando a lâmina cortante,

Entre as artérias de seu coração,

Um passo para seu delirante,

Suicido pela falta de oxigenação!

Na mão a navalha perfurante,

Desce ao longo do torso,

O repouso para a dor dilacerante

Cortar com ela o pescoço!

Os dedos tremulam em agonia,

Ter toda a circulação cortada,

Aliviar toda a nefasta melancolia,

Com a sua garganta mutilada!

Fluindo para fora esta cor escarlate

Da pressão do sangue arterial,

Vívido como o tom de um esmalte

Jorrando todo esse fluido vital!

Vem senão esse pensamento,

De escrever a linha alínea

E despedir-se deste momento,

Na vital perda sanguínea!

Tão fria em sua espessura,

Brilha como a flâmula da lucidez,

Esse artefato que a sepultura

Enterrar-me-ia por uma só vez!

Devo morrer pela dor dilatante

Da idéia que agora me calha,

Pelo aço trabalhado e oxidante,

Do fio mortal desta navalha!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 28/10/2012
Código do texto: T3955934
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