Trágica realidade
 
 
O bar está lotado de pessoas, e nesta agitação se encontram os amigos e colegas que vieram comemorar o aniversário de Ana Carolina que completa seus vinte anos de idade ao lado do noivo Cristiano, os quais se conheceram a dois anos na faculdade que estudam. Assim, seguem felizes celebrando junto dos convidados, esta data tão significativa para Ana Carolina, a qual passou o dia inteiro nutrida pela ansiedade de vivenciar estes momentos de alegria ao lado de pessoas que a mesma considera especiais. Afinal, são familiares; amigos de infância e colegas de trabalho que vieram homenageá-la. A festa ocorre embasada pelo som da música divertida que toca em meio às bebidas servidas na mesa reservada para a comemoração e, como a festa ocorre num bar aberto, pessoas desconhecidas também se encontram no local que fica localizado as margens de uma avenida um tanto movimentada da cidade.
 
A festa prossegue nos conformes da diversão e os olhos de Ana Carolina brilham ao fazer silenciosamente seu pedido almejado no momento em que assopra a vela posicionada em cima do bolo com recheio de creme de leite. Cristiano beija a namorada, e um alvoroço de risos e palmas ecoa sobre o casal que, felizes, transparecem viverem a suprema intensidade do amor...
 
Gisele é daquelas amigas confidentes que algumas mulheres têm; assim, a mesma sabe muito bem como sua amiga, Ana Carolina, está feliz neste momento tão especial, e ao lado de Thaís, outra amiga, observam e participam dessa vivência real colorida de contentamento visível nas expressões de Ana. É quando pronuncia:
- Thaís, a Ana está tão feliz, que nada seria capaz de estragar este momento. O que é a vida senão esses singelos acontecimentos?
- Verdade, ela está muito feliz, e eles formam um casal lindo. Não é mesmo?
- Lindos! Terão lindos filhos!
 
A música que adentra os ouvidos das pessoas e a bebida que ingerem dão à suavidade do viver e todos sorriem, dançam, conversam; entreolham-se e se movimentam submersos na liberação espontânea na soltura do lazer...
 
No entanto, a complexidade da teia humana é maior que esta simples comemoração do aniversário de Ana Carolina. No terreno social todos estão jogados no grande e constante movimento da gigantesca ornamentação de mentes conflitantes. As ações se associam e todos os atores pensantes se encontram diante a um turbilhão incontrolável, donde é impossível descrever a amplitude dos acontecimentos.
 
Enquanto a alegria gira em torno da festa, um carro preto estaciona na frente do bar e de dentro do veiculo saem cinco homens armados atirando na direção das pessoas sem qualquer explicação aparente. Vozes alucinadas e correrias desesperadas permeiam mediante a brutal violência e, na mesma velocidade que o carro preto chegou, também desaparece na avenida noturna, deixando algumas pessoas sangrando no chão do bar...
 
Ana Carolina apóia o corpo sem vida de Cristiano sobre suas pernas e as lágrimas escorrem em seu rosto entristecido sonorizado pela voz tremula:
- Por que meu Deus, por que o tiraram de mim?
 

 
 
Valdon Nez
Enviado por Valdon Nez em 27/10/2012
Reeditado em 11/07/2013
Código do texto: T3955440
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