A Casa da Curva

Aquele lugar realmente dava medo. Haviam inúmeros relatos mencionando fatos estranhos que ocorreram ali. Era uma casa abandonada que ficava a beira de uma estrada de terra, numa curva, a uns quatro quilômetros da cidade, no caminho de um pequeno rio que, quando criança, adorava nadar com meus amigos. Parte dela já havia caído, o mato invadiu tudo. Não haviam mais portas nem janelas e dava pra ver, lá dentro, alguns cômodos vazios. Aquela visão incomodava ainda mais quem passava por lá. Do lado da casa ainda dava pra identificar o poço e, por um resto de madeira, um pequeno curral, também tomado pelo mato. Na curva da estrada, pra aumentar ainda mais o clima macabro, havia uma pequena cruz. Ninguém sabia ao certo o porquê, alguns diziam que foi colocada ali na tentativa de espantar os maus espíritos que assombravam aquele lugar, outros diziam que nada tinha a ver com os fatos relacionados à casa, que foi um acidente que vitimou uma criança. Até hoje não sei o motivo, nem se ainda esta lá.

Contam que naquela casa morava um casal e que o homem, de repente, começou a se comportar de forma estranha. Dizia ouvir vozes que o perturbava constantemente, que via vultos em torno da casa, que algo lhe perseguia. Um dia, sem motivos, guiado pela loucura, pelas supostas vozes, ele matou a mulher a golpes de machado, jogou o corpo retalhado no poço e em seguida se matou, pulando no poço com a corda usada pra puxar o balde amarrada no pescoço. Os corpos foram encontrados dias depois, já em estado avançado de decomposição. Como o casal não tinha filhos, a terra ficou para os irmãos que logo venderam. O novo proprietário cercou a área em volta da casa como reserva e deixou o mato tomar conta, não quis saber daquela casa, construí uma nova sede bem afastada dali.

São várias as estórias. Dizem que até hoje, o lugar é assombrado pela alma perturbada deste homem. Que seu espírito, as vezes, persegue quem passa por perto, mas por sorte, por alguns metros apenas, dizem que ele não se afasta muito da casa. Muitos dizem que já ouviram gemidos e choro que vinha lá de dentro. Um senhor, certa vez, disse que a cavalo não conseguia passar ali, que todas as vezes que tentou, seu cavalo relutou e não teve jeito. Fato é que as pessoas evitavam passar ali a noite. Em todos os outros rios que a gente ia, não nos importávamos muito com a hora, as vezes chegávamos em casa bem tarde, mas naquele, antes da cinco da tarde já pegávamos a estrada de volta, todos morriam de medo de passar tão tarde em frente aquela casa. Passávamos de bicicleta correndo, desesperados. Por muito tempo a casa da curva assombrou nossa imaginação.

GELComposicoes
Enviado por GELComposicoes em 27/10/2012
Reeditado em 27/10/2012
Código do texto: T3954790
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