A Noiva XII

O corpo do cocheiro foi enterrado num terreno baldio distante do convento, antes havia sido queimado, sem ter direito ao encaminhamento de sua alma. As freiras que o encontraram na biblioteca abandonada deduziram que foi um ataque fulminante do coração, outras temiam que tivesse uma doença contagiosa - não souberam explicar a sua nudez e o pênis ereto-eternamente ereto. O seu rosto estava transfigurado,como se tivesse visto o próprio Capeta na hora da morte. O corpo estava arroxeado, como se os vasos sanguíneos tivessem pipocados ao mesmo tempo. Primeiro foi feito uma grande fogueira com o seu corpo, ali no pátio do convento, em seguida o arrastaram para uma cova profunda, distante do convento e do rio.

- A vadia está brincando conosco. Enlouqueceu o Abade, e agora, levou o seu cocheiro á morte. Quando começaram as manifestações, os sinais era de que tínhamos sendo premiadas com uma das irmãs que poderia trazer as manifestações voltadas para os prazeres secretos dos rituais dos Succubus, incubus.

A outra freira fez o sinal da cruz e se afastou, orando baixinho - era uma das poucas que não aceitava os rituais, apesar de ja ter experimentado a invasão noturna dos demônios dos prazeres em sua alcova rendendo-lhe intermináveis momentos de prazeres.Masturbava-se em plena escuridão,como forma de cultivar assim menos dores morais-acreditando não ser vista pelos santos da igreja,e por Deus.Era de costume esfregar-se de forma ardente na cabeceira da cama prendendo as coxas ali.desmaiava,após o gozo.Amanhecia de mau humor proferindo palavrões,e de foro íntimo agradecia aos demônio por ter sentido tanto prazer. Auto castigava-se extrapolando-se nas jornadas de trabalho na cozinha ou na limpeza do ambiente.Quando se encontrava sem muitas atividades no convento era tomada de arroubo por desejos incontroláveis,então ser trancava no quarto e de la não saia até que tivesse esfregando a xana por longos minutos num dos pés da cabeceira da cama.Soltava urros de prazer.Berrava.Perdia as estribeiras.Caía ao solo,em nervoso frenesi com o corpo aquecido,suando muito e com palpitações descontroladas entre as pernas.Os seios eriçados,de bicos endurecidos.Muitas vezes berrava os nomes dos frades,freires,noviços até, -os que lhes era mais simpático,e belos. Desejáveis,apesar de muito lutarem para se manterem abstêmios dos prazeres do sexo.

Do pequeno pátio a Noiva observava o enterro do cocheiro. Pensava noite e dia em fugir dali, como não estava vendo tal possibilidades, o seu objetivo era outro.

O Abade seria posto numa casa´para loucos em Roma.

- Não representa mais perigo para nós, está fora de si.

Observou a Madre Superiora.

- E o seu pupilo, o escriba?

- É um palerma, tudo o que queria aconteceu, poderá substituir o seu mestre, em breve.Talvez,possamos deixá-lo por algumas noites com as noviças novatas-as mais saidinhas,é claro.Fingiremos que nada notamos.

Em uma área deserta do grande convento, uma freira experimentava mais uma vez os prazeres de um jovem candidato a ser um grande dentro da igreja, pelo seu talento e pela proteção que tinha.

- Ele sempre vai à cidade e retorna com muitos calamaços de papel, parece ser escritor, passa horas a fio escrevendo.

Disse uma das freiras.

-Precisamos ver o que escreve, poderá ser algo que nos comprometa diante da igreja. Quero que uma das freiras, a próxima dele, possa dar uma olhada, e que seja breve.

O pátio era de dimensões extraordinárias. Várias portas se mantinham fechadas. Era uma área abandonada, vivia de piso sujo, empoeirado, as teias de aranha se espalhavam pelos cantos do teto. A pintura era gasta, os azulejos e as pedras encobertas pelo limo. Corredores extensos, teto alto. Morcegos e pombos bailavam pelas dependências. O silêncio era sepulcral. Andando, ali, se ouvia os passos num estalo ensurdecedor. As freiras ficavam amedrontadas, por ali não transitavam-era aquela a área mais antiga do convento, muitas histórias de assombração contavam daquele local. Diziam que ali, muitas freiras viram muitos demônios desfilando pelos corredores. Encurralada num canto por um ou mais demônios, dizem que a freira estaria condenada a se entregar à prostituíção, mudariá o seu estado de pureza-, terá os mais insanos desejos ligados ao sexo, todos os prazeres, até de sapho. Tornar-se-a uma orgíaca, com o caminho certo ao inferno quando morrer. Caso abandone o convento estará condenada à loucura ou a viver uma vida de mendicância.

Este é o objetivo dos demônios ligados ao prazer, tocar numa Noiva de Jesus maculando a sua pureza, a sua virgindade, ou a sua castidade. E, ali, agora estava, uma das freiras com o escriba, era o único local, no momento, onde ela poderia vivenciar o sexo da forma que gostava. Adorava ser penetrada com:

- Gritos, adoro sentir você dentro de mim, e urrar de prazer. O meu sexo é barulhento. E, não quero que me penetre, como fez dentro do seu quarto, com cuidado, não. Quero ouvir estocadas viris, barulhentas.Entrando e saindo de dentro de mim,com força descomunal.

E, assim estava sendo: choc,choc,choc,choc,choc...

E, ela:

- AAHHHHH...mete, mete, meu querido...bota bem fundo...AHHHHRRRR..Mete, vai, querido, fundo, vai,vai...

E, as estocadas reverberando pelas paredes, pelo teto, confundindo-se com os seus gemidos, gritinhos.

- Como pode ser tão vadia irmã? Como pode ser freira, sendo tão vadia?

- Eu adoro ser freira, e...ahhhhh...ahhhhhsssrrhhhh...adoro ser uma vadia...mete, garanhão, mete, mete, mete, garanhão....vai...

As estocadas: choc,choc,choc,choc....

Os corredores, outrora desertos, desenhavam sombras sinistras que se movimentavam na direção do casal, em pleno frenesi erotizante. As energias desprendidas pelo local, onde habita o sinistro, o macabro das coisas do além. O invisível existe, não adianta duvidar. Algumas regiões são mais propensas aos acontecimentos dos fenômenos, certos locais, onde os demônios dão preferência em habitar, pois, sabem que ali, podem tirar mais proveitos da sua guerra santa da luz contra as trevas e das trevas contra a luz. A castidade contra os prazeres da carne, os sexistas do Inferno contra os castos dos conventos - ja diziam grande figuras da igreja que o sexo era o grande obstáculo para a remissão da humanidade. Um dos pilares das trevas é fomentar o sexo entre os homens, pois, quem pensa em prazer, não pensa em se santificar.

A freira, em dado momento olhou para um dos corredores, quando avistou o improvável, mesmo no ambiente em penumbra ecoou um grito dilacerante, os olhos esbugalhados, quase saltando das órbitas.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhh....

O mancebo a soltou, desgrudando-se do seu corpo, assustado. A freira caiu ao solo, desmaiada.

Risadinhas sinistras, fantasmagóricas soaram ás suas costas.

(Continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 22/10/2012
Reeditado em 16/11/2016
Código do texto: T3946030
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