O Lobisomem de Feira de santana

Dizia Eliane Verica, enquanto deitada no quarto de hotel:

- O lobisomem é uma lenda urbana- quer dizer, lenda da roça. Era muito comum ouvir as preta velhas contarem muitas histórias a respeito do homem- lobo. Contava que um filho virava lobisomem por ser desobediente, e ao bater nos pais, principalmente, na mãe - era amaldiçoado, tornando-se um ser dos infernos. Emendavam, com detalhes mais temperados: os que comiam carne de qualquer animal, na Semana Santa, xingavam, eram desobedientes e imorais. Algumas histórias falavam a respeito de uma maldição natural, o sétimo filho de uma família, caso fosse menino, estaria condenado a virar lobisomem.

- Não sei o por quê de me encher o saco com esta história de lobisosmem?

Indagava ele, com preguiça em poder lhe ouvir. estavam deitados nus, na cama.

- Alguns viravam lobisomem, de forma voluntária. Existe uma série de orações demoníacas e um ritual que pode fazer o indivíduo se transformar num lobisomem. Pega-se a camisa e se dá sete nós, depois se espoja, onde qualquer quadrúpede tenha se espojado, ali se faz as orações voltadas para o capeta. Ao longo de sete dias, diante de sete velas negras e vermelhas, pode-se invocar os guardiões do inferno - caso seja do merecimento, o Satanás lhe permitirá ser um lobisomem.

Ele deu uma gargalhada debochada.

- Por quê alguém iria querer ser um lobisomem hoje em dia?

- Não sei, talvez, por...sei lá, rebeldia contra Deus, e pelo prazer de se sentir poderoso - e, até matar os seus inimigos sem ter problemas com a Lei.

-Ta bom, em plena era da revolução tecnológica, você acredita nestas crendices populares...

-É, acredito, e tenho muito motivo justo para tal.

Dormiram - a madrugada raiava, não demoraria a amanhecer.

Inúmeros corpos foram encontados executados com requinte de cueldade pela cidade. Estavam nus - corpos despedaçados. A cidade estava em polvorosa, assustada. A imprensa fazia perguntas - a notícia ganhara o mundo. Para surpresa do delegado, uma câmera de segurança retratava o momento do assassinato dos jovens nas proximidades do posto de gasolina. Uma fera os atacava, mas havia pouco luminosidade, sem resolução.

Antes do amanhecer ela o abandonou. deixou um bilhetes: " Não se preocupe, sei como encontrá-lo."

" Estou no cio, estou no tesão, e sei o que isso significava."

Pensava en quanto andava pelas ruas ,ainda desertas da cidade. Não entenderam algumas poucas pessoas - um jornaleiro, e um leiteiro-, quando a viam andar apressada, ou sair em descabelada carreira. A adrenalina estava no seu sangue, era uma coisa animal que a dominava. Então, retornou. Havia sede de sangue, sede de sexo.

O leiteiro seguia calmo pela estrada de chão cercado por matos dos dois lados. Não percebeu, quando em fração de segundos, algo se jogou contra ele derrubando a bicicleta. Numa velocidade animal lhe rasgava as roupas. Então, percebeu a linda mulher de cabelos curtos sobre o seu tronco. De início, em pânico soltou alguns gritos de pavor, medo. Quando percebeu que era uma linda mulher desnuda, com o olhar de vadia, de louca, até, acalmou-se aos poucos.

- Moça, que...que é isso?

- Por favor, não diga nada, deixe-me fazer, e so.

Então começou a beijá-lo pelo dorso. Foi aumentando a sua excitação e a dominação que exercia naquele momento. A sua fúria foi aumentando, e os sussurros se transformaram em urros. Quando o garoto a penetrou, ali debaixo do cajueiro, cercado pelo matagal, os seus olhos viram algo que parecia ter saído do inferno.

A pele da mulher ganhou, em questão de segundos pelos, o seu corpo aumentou de dimensão. O rosto foi se metaforseando num míster de urso e lobo, ganhando um fucinho avantajado e grandes dentes. O garoto sentiu as unhas poderosas lhe rasgando os músculos e partindos os ossos, enquanto a mulher lobo se deliciava com as estocadas viris do rapaz, que, agora perdia a ereção e a vida.

Os golpes violentos lhe arrancavam pedaços enormes de carne. O sangue jorrava, de fartura. Em poucos segundos, o que antes era um ser humano, não passava de uma massa disforme de carne banhada de vermelho.

A mulher lobo se jogou no pequeno riacho, ali se jogou e se livrou do liquido rubro que lhe cobria o corpo. Seguiu para onde havia deixado as suas roupas. vestiu-se com tranquilidade, enquanto observava a massa disforme sanguinolenta e disse:

- Sinto muito, você era muito bom de cama, quer dizer, de mato.

E saiu dali andando na direção da pista central que a conduziria de volta para a cidade. Sentia entre as suas pernas que o tesão, ainda lhe dominava, e enquanto existisse o tesão, haveria mais mortes.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 21/10/2012
Reeditado em 22/10/2012
Código do texto: T3945134
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