O Psicopata - A Próxima Vítima II

Os cortes foram precisos. A cada corte na pele, ficava um traço branco exibindo os nervos, para em seguida abrirem-se os músculos. A lâmina se chocava com os ossos e os riscava. Os golpes era fortes, velozes. tentou lhe atingir a garganta, mas a sua estatura lhe dificultou o intento sanguinário. Rasgou -lhe as mãos e partes dos braços. Os gritos ecoaram pela praça da Mãozinha, com desespero. Uma lâmina feita para matar: abrir o que encontrasse pela frente. A vítima ouvia a sua respiração forte, e o olhar frio - estava concentrado no que fazia.

- Eu não sou uma mulher, eu não sou uma mulher, eu sou um traveco...

Dizia, aos berros a linda mulher ensanguentada-ou, quase mulher. estava vestida com elegância elogiável, perdera os sapatos altos. Os braços e as mãos estavam vermelhos, de sangue. Lágrimas escorriam pela sua face, de desespero. Sentira a aproximação da morte. Inúmero sacizeiros, que ali se concentravam para durante toda a noite fumar o crack foram se aproximando, aos poucos. Alguns fazendo algazarra, outros pensando em roubar-lhe os pertences. O psicopata sentiu não ser àquela a sua noite - atravessou a rua correndo na direção do Moinho Salvador, ali poderia encontrar rotas de fuga: poderia adentrar pelo túnel Américo Simas e seguir para Sete Portas, Barroquinha, ou Barbalho, Santo Antônio. E, assim foi. Talvez, tivesse seguido pela Avenida Frederico Pontes na direção da feira de São Joaquim.

O traveco ficou jogado no chão, agora, sim, poderia descansar, antes, caso tivesse caído lhe seria fatal.

A cena era sinistra, o sangue jorrava dos seus braços e mãos, ela mantinha as mãos estendidas, esticadas, como se procurasse uma providência para a dor que sentia, tendo cortes profundos exibindo os ossos brancos. Gritava sem parar, chamando a atenção dos carros que passavam. Os carros foram parando um a um, até os ônibus. Juntou muita gente á sua volta. Alguém chamou a polícia.

" Desgraça de noite, nunca falhei, sempre escolhi a presa fácil - desgraça, além de não ser mulher, soube se defender."

Dizia para os seus botões, enquanto andava pelas ruas desertas do bairro de Santo Antônio. Não percebeu, mas as suas vestes estavam vermelhas dos respingos do sangue da única vítima que lhe havia escapado, até o momento. Por sorte, o pelourinho estava em franca decadência, o movimento dos turistas estava zerado, com as pousadas, bares e praças jogados às traças. Cães vadios rodeavam uma cadela, um gato miava do alto do parapeito de uma janela. Ele entrou por uma rua curta, escura que iria dar Baixa de Quintas.

O delegado estava no plantão, recebeu a ligação e seguiu para o hospital, enfim, uma vítima, talvez pudesse lhe dar pistas do assassino que estava executando mulheres, em série, mulheres, no geral, lindas, lindas de morrer.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 20/10/2012
Reeditado em 20/10/2012
Código do texto: T3942597
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