Mundo Paralelo – Fast-Food
A imensa lanchonete era enfeitada por motivos infantis. Personagens de desenho animado, que aquela marca famosa de fast-food criara, habitavam todas as paredes, o piso e até o teto. O ambiente chegava a ser claustrofóbico e tínhamos as inúmeras telas exibindo trechos de desenhos, repetindo cenas, caretas e trejeitos que as crianças adoravam ver e rever incansavelmente.
Nenhum lanche ali era barato e os pais se esmeravam por atender aos pimpolhos. O funcionamento virava noite-e-dia tendo-se a impressão que era impossível sair dali. Era a primeira vez que levaria meu filho, com seus cabelos ruivos, na idade de oito anos. Sempre relutei em frequentar aquela instituição, visto tornar-se tão importante quanto qualquer poder público.
O estacionamento, monstruoso, deixou-me intrigado, visto alguns veículos pareceram se encontrar ali há anos. Notei algo estranho no olhar dos seguranças, trajando vestes de policiais ingleses dos anos 20.
- Vamos, pai. – Meu filho me puxava pela manga do paletó.
- Que tal pegarmos o lanche no Drive-Thru, disse-lhe.
- Não tem graça pai... O bom é lá dentro.
Fiquei embaraçado e confuso com a correria, com o barulho e com o movimento interminável dos atendentes, todos eles, vestindo trajes coloridos e utilizando máscaras de desenho animado perfeitas. Parecia que as personagens dos desenhos estavam ali, nos atendendo pessoalmente.
Entrei na fila e pedi o lanche do meu filho. Uma personagem, ou melhor, atendente vestida ou em forma de coelhinha, o que seria mais justo dizer, atendeu-nos prestativa. Após dizer-lhe o que queria, perguntou-me:
- E o senhor, não vai querer nada?
- Não, obrigado. Eu já jantei.
- Que peninha... Disse fazendo um beiço encantador.
Ao ver o seu trejeito, fui atingido como que por um raio:
- Acho que vou querer um sorvete daqueles. – Apontei o menu em uma tela.
- Ótimo. – Disse e, quase que instantaneamente, o lanche estava diante de nós.
Confesso que o sorvete estava delicioso e que meu filho comeu até sentir-se completamente saciado. No dia seguinte, durante o trabalho, dava-me uma vontade imensa de pedir novamente o sorvete. Meu filho, através do celular, enviou logo cedo uma mensagem perguntado se poderíamos ir novamente à lanchonete. Sem pensar, respondi-lhe que sim. Precisava imensamente repetir o sorvete.
Minha esposa ficou atônita com minha mudança de postura:
- Você não odiava aquela rede?
- Mudei...
À noite pedi o sorvete e mais um sanduíche. Confesso que fiquei caído. Eram deliciosos. Na manhã seguinte somente pensava em voltar e assim o fizemos. Minha esposa quase foi à loucura:
- De novo? Esses lanches vão te quebrar...
E assim foi durante várias semanas até que ela nos deu um ultimato:
- Ou a lanchonete ou eu...
Tentamos convencê-la, por mais de uma vez, a ir conosco, mas era impossível dobrá-la. Ao final, mão teve jeito. Meu filho e eu, apesar de toda a dor da separação, não abriríamos mão do aterrador encanto daquele fast-food...
A imensa lanchonete era enfeitada por motivos infantis. Personagens de desenho animado, que aquela marca famosa de fast-food criara, habitavam todas as paredes, o piso e até o teto. O ambiente chegava a ser claustrofóbico e tínhamos as inúmeras telas exibindo trechos de desenhos, repetindo cenas, caretas e trejeitos que as crianças adoravam ver e rever incansavelmente.
Nenhum lanche ali era barato e os pais se esmeravam por atender aos pimpolhos. O funcionamento virava noite-e-dia tendo-se a impressão que era impossível sair dali. Era a primeira vez que levaria meu filho, com seus cabelos ruivos, na idade de oito anos. Sempre relutei em frequentar aquela instituição, visto tornar-se tão importante quanto qualquer poder público.
O estacionamento, monstruoso, deixou-me intrigado, visto alguns veículos pareceram se encontrar ali há anos. Notei algo estranho no olhar dos seguranças, trajando vestes de policiais ingleses dos anos 20.
- Vamos, pai. – Meu filho me puxava pela manga do paletó.
- Que tal pegarmos o lanche no Drive-Thru, disse-lhe.
- Não tem graça pai... O bom é lá dentro.
Fiquei embaraçado e confuso com a correria, com o barulho e com o movimento interminável dos atendentes, todos eles, vestindo trajes coloridos e utilizando máscaras de desenho animado perfeitas. Parecia que as personagens dos desenhos estavam ali, nos atendendo pessoalmente.
Entrei na fila e pedi o lanche do meu filho. Uma personagem, ou melhor, atendente vestida ou em forma de coelhinha, o que seria mais justo dizer, atendeu-nos prestativa. Após dizer-lhe o que queria, perguntou-me:
- E o senhor, não vai querer nada?
- Não, obrigado. Eu já jantei.
- Que peninha... Disse fazendo um beiço encantador.
Ao ver o seu trejeito, fui atingido como que por um raio:
- Acho que vou querer um sorvete daqueles. – Apontei o menu em uma tela.
- Ótimo. – Disse e, quase que instantaneamente, o lanche estava diante de nós.
Confesso que o sorvete estava delicioso e que meu filho comeu até sentir-se completamente saciado. No dia seguinte, durante o trabalho, dava-me uma vontade imensa de pedir novamente o sorvete. Meu filho, através do celular, enviou logo cedo uma mensagem perguntado se poderíamos ir novamente à lanchonete. Sem pensar, respondi-lhe que sim. Precisava imensamente repetir o sorvete.
Minha esposa ficou atônita com minha mudança de postura:
- Você não odiava aquela rede?
- Mudei...
À noite pedi o sorvete e mais um sanduíche. Confesso que fiquei caído. Eram deliciosos. Na manhã seguinte somente pensava em voltar e assim o fizemos. Minha esposa quase foi à loucura:
- De novo? Esses lanches vão te quebrar...
E assim foi durante várias semanas até que ela nos deu um ultimato:
- Ou a lanchonete ou eu...
Tentamos convencê-la, por mais de uma vez, a ir conosco, mas era impossível dobrá-la. Ao final, mão teve jeito. Meu filho e eu, apesar de toda a dor da separação, não abriríamos mão do aterrador encanto daquele fast-food...