Capitulo 1 -1 de "Meias-Noites"

Esse é um projeto de livro que eu estou escrevendo> Chama-se "Meias Noites". É uma mistura de romance/terror/suspense. Enfim, esta é uma parte inicial e estou colocando aqui para saber a opinião do pessoal do recanto. Caso gostem eu posto mais. Mas que algo fique claro: trata de vampiros, incúbos, súcubos, demonios e elfos e outras coisas mais. E podem esperar por sangue, personalidades incríveis e mistérios.

Capitulo 1-1 - Gari volta para casa

Gari acabava de chegar a seu flat. Demorou um pouco para achar seu molho de chaves no mundo que era aquela enorme bolsa cinzenta que carregava, mas logo estava entrando e jogando tudo em cima da poltrona. Sentiu-se muito mais leve em pensar que não precisaria mais carregar a mochila de rodinhas, nem usar o pesado “moletom de bombeiro” (era assim que costumava chamá-lo, por que era amarelo escandaloso e tão grosso que poderia salvá-la de qualquer incêndio). Depois e despejar tudo o que estava na poltrona no chão, sentou-se nela e suspirou profundamente. Olhava para o teto, a luzinha da lâmpada ameaçava desligar de vez em alguma piscada. Poderia até dizer que ela estava pensando concentradamente, mas Gari não costumava ficar parada refletindo. Estava simplesmente reunindo energias para o próximo ato: arrumar as coisas.

A salinha era abarrotada de lembrança, enfeites estranhos e decorações artísticas peculiares. Um enorme globo ficava pendurado perto da estante, esta cheia de desenhos feitos por ela mesma (bem feitos, porém pintados por tinta ruim e barata, mas não deixavam de ser bonitos). Havia também uma adega condecorada de garrafas caras as quais já foram bebidas ou estavam para ser. Gari levantou-se e pegou um copo sujo e empoeirado (como tudo o mais naquela casa) e abriu um vinho de 1869. Sem muita cerimônia, bebeu o que sobrara dele no copo sujo mesmo e deixou a garrafa e o copo na mesa de centro, junto a capa de doces e ao lado de um prato cheio de formigas.

Depois do gole do vinho tudo parecia bom ou melhor. Ela seguiu ao pequeno corredor até o seu quarto, que não era muito maior que um armário de vassouras. A situação do quarto era ainda mais calamitosa: teias de aranhas decoravam todo o lugar; o armário aberto e muitas roupas jogadas no chão; se a sala era decorada, o quarto parecia um salão de arte: as paredes que não estavam cobertas de apoios de livros eram cheias de pinturas de paisagens; a cama de casal estava com muitas roupas e coisas como perfumes, papeis de conta e canetas jogadas, nela ainda havia um violão descansando elegantemente entre o caos. Ao lado da cama um criado mudo e uma escrivaninha coberta de frascos de tintas e pincéis com tinta azul endurecida. Um desenho não terminado estava sujo por tinta azul de um frasco que havia caído. Quando Gari viu isso correu para socorrer sua obra, mas era tarde demais. Ficou olhando um pouco pra ela, mas depois amassou o papel grosso e jogou fora.

Com a mesma delicadeza que se livrou das coisas na poltrona da sala, ela liberou a cama das roupas e trecos que a recobriam. E deitou-se ali mesmo.

Depois lembrou-se que não conseguiria dormir se não fizesse algo até pegar no sono. Então agarrou algum volume qualquer de algum mangá qualquer e começou a ler esperando o sono. E foi assim, rápido, sem aviso. Um sono sem sonhos.

Acordou-se um pouco desorientada, perguntando que horas são. Pegou o celular: nenhuma mensagem, nenhuma ligação e eram 5 e 20 da manhã. Levantou-se muito preguiçosamente e foi ao banho. Saindo do chuveiro, colocou a primeira roupa que viu pela frente e combinou com o “moletom de bombeiro”, por que aquela manhã estava bem fria. Já que não havia comida (no prazo de validade) pensava em sair pra comprar alguma coisa com o pouco dinheiro de lhe restava.

Não deu bom dia para ninguém e nem olhou para ninguém. Apenas saiu com sua bicicletinha enferrujada pela rua vazia. O sol despontava fracamente entre as casas populares, mas a cor não era escandalosa: era um amarelo calmo que se misturava a um azul fraco da noite passada. Enquanto andava de bicicleta pela cidade, sentiu seu celular vibrar. Resolveu que só veria quando chegasse à lojinha de seu amigo. Enquanto isso aproveitava a paisagem bonita do fundo de kagoshima. O sol estava um pouco mais orgulhoso agora.

Quando pousou com a bicicletinha na calçada de uma loja muito modesta, tirou o celular para ver do que se tratava. Era uma mensagem:

Você sumiu.

Um pouco irritada, ela respondeu:

Vou ficar sumida por um tempo.

E logo uma segunda mensagem apareceu:

Tenho medo de quando você diz “por um tempo”. Da ultima vez eu não te vi por um século e meio.

Gari digitou:

Não vou mais responder, tchau.

Ela ficou chateada consigo mesmo por ter respondido pela primeira vez. É claro que seria somente questão de tempo para ele achá-la. Mas ao menos em algo ele estava certo: ela poderia viver em paz por muitos anos.

Victor Yomika
Enviado por Victor Yomika em 18/10/2012
Reeditado em 18/10/2012
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