Contos do Cemitério - Brincadeira Macabra

Aviso aos navegantes das letras:

Caso esteja passando pela porta de um cemitério e ouça vozes vindo do seu interior, com risinhos divertidos, cuidado, você poderá estar participando de uma brincadeia macabra, e poderá ter uma surpresa desagradável. Tenha uma boa leitura.

Um solitário homem ébrio vagando pela noite suja - era ssim que se sentia. Poucas atitudes, ou uma palavra mal colocada o feria - então, era radical na escolha de suas amizades. Abandonava os poucos amigos ou namoradas com certa facilidade. Morava sozinho ao lado do cemitério Quinta dos Lázaros, um cemitério popular dito como mal-asssombrado pela vizinhança. Era mais um domingo de solidão em sua vida. Rodou de boteco em boteco tomando pinga e falando bobagens com estranhos, que não os verá pela segunda vez - nunca frequentava uma rua de bares por duas vezes seguidas - tinha esse estranho comportamento.

Afogava as horas de solidão lendo livros adquiridos em sebos, pois tinham o preço que podia pagar. Olhou para a lua, andando trôpego e recitou uma poesia de Augusto dos Anjos. Enroscou-se em um dos postes, beijando-o como se fosse a sua namorada, um riso caquético se desprendeu do seu rosto. Mais uma poesia recitou, essa de sua autoria. Estava à porta do cemitério. Os portões estavam abertos, viu o desenho dos túmulos com cruzes assustadoras.

Dizia a sua poesia na voz de homem embriagado:

" A noite tem os seus mistérios

A lua cheia é a única testemunha

Um homem solitário e cheio de cana

Pode se apaixonar por uma linda defunta

Quem poderá negar

Que há mais mistérios indecifráveis

Entre a noite e o dia

E um minuto dentro de um cemitério."

havia feito esta poesia, quando certa feita havia passado pela porta do cemitério, e estava embriagado - agora, estava ali, recitando-o para o vazio da noite. Ele se autodenominava como o poeta maldito.

Sentou-se na calçada, de frente para os portões, a luz da lua iluminava o interior do cemitério com explendor. As covas, cruzes, anjos em estátuas, mausoléus - , à semelhança de um set de filmagem de filme de terror viu um casal correndo por entre os túmulos . Ele observava, como se estivesse hipnotizado. Ergueu-se, com dificuldade, apoiando-se na parede do casarão, depois no corpo do poste. Bobeou e trôpego seguiu para dentro do cemitério.

Foi se aproximando, enquanto ouvia a voz da jovem mulher dizer:

- Você é um, comigo é dois...

A voz feminina demonstrando cansaço pela estripulia por entre as covas. Ela dava carreirinhas, enquanto o jovem mancebo, também, rindo tentava pegá-la - pareciam duas crianças, ou um casal de jovens namorados retornando á infância, por breve momento. Ela dizia:

- Com você é um, comigo é dois...

Ele foi se aproximando, trôpego. Apesar de bêbedo, observou as belas formas da jovem. Esta vestia um fino vestido branco, transparente que deixavam os dois pomos bem visíveis - eram lindos, de tamanho medianos apontavam para a frente, os cabelos ruivos. Tinha o rosto bonito e o seu corpo de curvas maravilhosas. Uma farta bunda que se destacava pelo fino tecido do vestido. Não sabia se foi fruto de sua imaginação, ou por conta da bebida, ela estava sem nada por baixo do vestido transparente.

Corriam, rindo, por entre as covas. Ela ás vezes era cercada, mas conseguia se desvencilhar dos braços fortes do jevem mancebo. Em dado momento ele conseguia segurá-la e lhe dava um beijo forçado na boca. Ela fingia não querer, mas logo, se entregava -, para logo em seguida se livrar dele e continuava a brincadeira, e dizia:

- Comigo é um, com você é dois....

Artemis, pasmo com aquela brincadeira. Intrigava-lhe aquela situação - " o que estava fazendo, na madrugada um casal de namorados no cemitério-será que estavam cheio de cana feito ele?"

Aproximou-se mais, de olho na mulher, a sua intenção não era das melhores. Queria, com certeza participar da brincadeira e se pudesse, tirar proveito, assim o faria.

Foi notado, o casal ficou estático, observando-o, a brincadeira havia cessado, por breve momento. A garota não tentou esconder as partes púdicas, que estavam visíveis através do fino tecido do vestido.

- Oi...Boa-noite. Eu estava passando, então, ouvi vocês.

Disse meio sem graça - sem ter como se insinuar, mas era claro a sua intenção. Podia se ver isso nos olhares que eram dirigidos para as formas sedutoras da garota. O jovem esboçou uma carranca em seu rosto, de ciúmes.

- Eu, também quero brincar.

Disse, rindo, talvez, tivesse ali naquela frase a deixa perfeita para participar daquela cena teatral, onde o palco era o cemitério, a platéia: os mortos.

Depois de alguns segundos de silêncio mórbido, a garota soltou um risinho e falou:

- Deixa, Marcelo...deixa,vai.

- Não.

Disse, o jovem pouco amigável.

Ela insistiu:

-Deixa, Marcelo, comigo é um, com você é dois..

E saiu insinuando uma carreirinha por entre os túmulos e uma árvore. Insistiu:

- Deixa, Marcelo, comigo é um, com você é dois, com ele é três.

- Está bem, mas se ele não gostar, não quero problemas outra vez..

Então, ficaram correndo por entre as covas. Artemis, quando a alcançava, tirava proveito e a abraçava por trás, encostando na sua farta bunda. Vez em quando a segurava forte e colava o corpo dela no seu, por duradouros segundos. Ela se soltava, corria dos dois homens e dizia:

- Vem, vem me pagar, eu sou uma, com o Marcelo é dois, e com você é três.

E, corriam pelas covas, túmulos, lápides.

-Qual o seu nome?

Ela lhe perguntou.

- Artemis, disse, rindo, enquanto a perseguia. Estava tirando o máximo de proveito daquela sensual brincadeira. Muitas vezes os dois conseguiam cercá-la, então, ficava entre os dois, presa pelos dois corpos. Ela dava risadinhas, sentia o hálitos de ambos, os corpos dos dois homens imprensando-a, podia sentir o desejo latente em ambos.

Ela se soltou, saiu correndo e falou:

- Eu sou um, Adelle, Marcelo é dois e ...e...e..

Depois de procurar, olhando por entre as lápides, logo avistou e repetiu a frase:

- Eu sou um, Marcelo dois e Artemis o três.

Artemis, assustado, pasmo seguiu o braço dela estendido, o dedo indicador apontando -, Marcelo ria, com deboche.

O seu coração gelou - sem entender muito a brincadeira, indagou:

- Mas, que brincadeira é essa de vocês? Que brincadeira é essa? Respondam...

Adelle, a linda jovem apontava a lápide da cova - teve a certeza de que era realmente uma homenagem, a última homenagem para ele, pois havia ali, o epitáfio que desejaria ter na sua última morada, de sua autoria - poesia conhecida como :

Brincadeira Macabra

"Aqui jaz um poeta

Que brincou com a vida

Escreveu livros

Nunca publicou no papel

Bebia,comia, fazia sexo sem amor

Escrevia poemas

De amores perfeitos

Não teve bons amigos

Tiro a minha existência

Por que ela: A vida

Foi para mim

Uma Brincadeira Macabra."

A brincadeira da vida para ele tinha cessado.

Dias depois.

Alta madrugada - dizem que a meia-noite(12:00h) não é a hora dos mortos, mas sim às 3:00 h da manhã, onde o sobrenatural se manifesta com valor real, palpável. Um jovem casal, após uma noite de farra retornando a pé pelas ruas escuras. Andavam de mãos dadas e despreocupados - como se vivessem num paraíso, e não numa cidade, onde o crime ao lado a lado com o cidadão de bem, Salvador está sendo considerada a segunda cidade mais violenta do mundo, principalmente em número de assassinatos, e o tráfico de drogas domina os bairros populares e até os bairros nobres. Quando se aproximaram do cemitério Quinta dos Lázaros, a mulher estancou, e disse:

- Júlio, escutei algo.

- Não ouvi nada, não.

- Uma voz de mulher, e vem de dentro do cemitério.

E, a voz se pronunciava, seguida do risinho debochado. Ela dizia:

-Comigo é um, com você é dois...

O casal, por breve momento, ficou ali, ouvindo, inseguros. Natália parecia ser mais corajosa. E redarguiu:

- Vamos ver Júlio, vamos entrar no cemitério.

- Eu, não.

- Deixe de ser medroso, homem, vamos ver o que é, do que se trata.

Foram entrando devagar, receosos, Natália mais na frente, o puxava por uma das mãos o namorado medroso. Seguiam por entre as covas. Quando foram avistados. A voz feminina dizia:

- Olha Marcelo, temos visitas, é um comigo e dois com você Marcelo.

- Oi...

Disse Natália, meio sem jeito, Júlio, também os cumprimentou.

- Vocês querem brincar, também? Eu sou o 1, o Marcelo é o 2...

Fim

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 12/10/2012
Reeditado em 03/07/2017
Código do texto: T3928828
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