GaRoTo De PrOgRaMa
O fato mais absurdo dessa história é que tantas vezes ela pode ser real.
Jimmy era um garoto comum, ou ao menos já foi certo dia.
Quando ainda tinha três anos foi sequestrado em um supermercado da cidade, por um homem que o disse com a voz suave e sedutora.
- Vou te levar para sua mamãe, pequeno. Aposto que está com medo – disse enquanto acariciava os cabelos lisos de Jimmy.
Daquele dia em diante o pequeno Jimmy seria submetido aos piores desprazeres da vida. Passou a ser um desafortunado e aquele terrível homem viu nele algo maior do que poderia enxergar em qualquer outra criança.
Jimmy não era simplesmente um garotinho, ele era bonito, olhos azuis, um cabelo que chegava a iluminar os olhos de quem o visse. Era uma criança tão linda.
...
Dois meses depois...
- Venha, está na hora de você conhecer alguém – A criança já não via seus pais há muito tempo e aquela era a única esperança dela. Sorriu para o homem de olhar quase hipnotizante e ao chegar a porta amaldiçoada daquele quarto obsceno sentiu todo o desprazer da promiscuidade de um ser humano.
...
Os dias se passaram, o trabalho de Jimmy era provocar o êxtase de um bando de pervertidos. Um pobre garoto que encontrara a solidão e maldade de uma só vez.
Perdido no mundo dos homens, ele se viu cercado pelas drogas, pela maldade e de todo ódio que pudesse compreender. Aos dezesseis anos ele mal se recordava do rosto da mãe, sequer o nome do pai.
O maldito homem que o levou até ali era a única lembrança viva de algum laço com sua infância. O trauma de toda sua vida, o vicio por aquele hábito nojento que habitava em seu corpo. Nada mais era normal, porém tudo continuava a ter sentido algum.
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Dezesseis anos...
Jimmy decidiu em fim escolher seu próprio caminho. Estava exausto, precisava fugir dali e lutar para encontrar uma razão para ter nascido.
Entrou naquele maldito quarto e encontrou o homem que o visitava pela segunda vez. O velho que usava aquele traje tão sádico e carregava aquela voz perturbadora o benzeu como se tivesse algum poder ou moral para tal feito.
- Confesse-se garoto! – Disse o homem segurando aquele instrumento que tanto se assemelhava a um chicote enquanto batia em si mesmo.
Jimmy ajoelhou-se enquanto o padre colocava seu órgão para fora da batina e com suas mãos acariciava o próprio pênis.
A repulsa tomou Jimmy de tal forma e aquilo o fez olhar inocentemente para o velho. O jovem ergueu a mão e fez sinal que sim com a cabeça. Recebeu o chicote de três tentos e olhou para o padre. Suas mãos envolveram o membro do velho e abruptamente ele o torceu com toda a força fazendo o pedófilo ajoelhar no chão imerso em absurda dor.
Jimmy encarou-o nos olhos impiedosamente. O tempo o havia tornado algo que ele próprio desconhecia. Ele pegou o chicote e atacou contra o rosto do velho com toda sua força. Os tentos bateram contra a face quase carismática daquele homem e o sangue jorrou imundo pelo rosto pálido do padre.
Jimmy deu a volta pelo homem e parou atrás dele. Segurou o chicote com as duas mãos e pressionou as cordas contra o pescoço do velho sacerdote.
- Deus tenha pena de nossas almas! Pois bem, confesso! Eu confesso que eu preciso tirar sua vida. Confesso que homem algum tocara em meu corpo! Confesso que fugirei daqui e levarei todas essas almas para o inferno e que o diabo me espere de braços abertos e ardendo em chamas, pois nada pode ser pior que esse pandemônio em que vivi encarcerado por toda minha vida – Disse enquanto o padre se entregava a morte num ultimo suspiro.
Jimmy despiu o padre e saiu trajando as roupas do mesmo. Passou pela porta do fétido escritório do homem que o pusera ali. Mas ele sentia algo diferente quanto à ele.
Como os laços entre as pessoas podem aparecer e crescer ainda que enraizados e cultivados pelo ódio.
Jimmy sentiu seus olhos umedecerem, suas mãos tremiam e seu coração batia aturdido, rápido e sem sentido algum. A vontade era de matar aquele homem agora, mas ele não tinha forças, e pensando bem, ainda não era hora de matar o único homem que poderia ter as respostas. Ainda não.
...
Olhando para a foto em cima da estante, ela não podia fazer nada, a não ser rezar pela alma inocente de seu filho. Decidida, Sonia dirigiu-se até a igreja como sempre fazia no aniversário trágico do desaparecimento de seu filho. Era dia de ver o bom padre novamente.
...
Fim!