CAPITULO FINAL, para entender melhor a historia, leia o primeiro capitulo, a historia é fictícia,(logicamente), porém os textos sobre o equinócio e o solstício, são reais. deixem seus comentários.

CONTINUAÇÃO...
... Do lado de fora, Juarez o chefe do tráfico veio procurar Pablo.
-Pablito, Pablito, estás metido em confusão de novo, mas dessa vez sei que não teve culpa, quando estive em Cuzco alguns de meus homens também desapareceram, pensei que tivesse sido presos ou mortos pelos militares, mas segundo um amigo militar, não foi eles que prenderam ou mataram meus homens, então se descobrir alguma coisa, pode contar com a minha ajuda.
- agradeço pelo apoio, pois como se trata de turistas estrangeiros, temos que ter certa cautela nos comentários, pois com certeza a policia deve estar investigando.
Como a região era grande e perigosa, alguns militares faziam buscas nas redondezas procurando alguma pista, mas nada foi encontrado.

Nas trevas.

Charles protegia Ellen que não parava de chorar.

- querida sei que está com medo, eu também estou, mas temos que tentar manter a calma, respire fundo e tente pensar em alguma coisa ou então não sairemos vivos daqui.
- tudo bem, tudo bem, vou tentar.
Neste instante as criaturas se aproximaram, agora era em mais número, aqueles grunhidos horríveis, tentando falar a palavra “carne” era assustador, uma das criaturas puxou Ellen pela perna e tentou arrastá-la, definitivamente Ellen entrou em pânico, seus gritos ecoaram nas trevas do submundo, Charles rapidamente ligou o flash e disparou freneticamente, o clarão que ia e voltava refletia as caras horripilantes daquelas criaturas, as marcas de suas unhas ficaram marcadas na perna de Ellen, por um instante mantiveram-se afastados, Charles perguntou da filmadora, poderia usar a lanterna, mas Ellen explicou o que havia acontecido depois que ela caiu no chão não acendeu mais, eles tinham que guardar as imagens refletidas pelo flash e ir montando na memória cada imagem que o clarão mostrava, Charles viu que havia vários tuneis nas paredes, cada túnel sempre tinha uma criatura, o resto estavam ao lado deles esperando uma oportunidade para atacar, mas tinha um túnel que era mais largo, como se fosse a passagem principal, Ellen acabou caindo em cima de alguma coisa dura, Charles também estava pisando em algo estranho, parecia... Ossos, ele deu mais um clic no flash e estavam andando sob pilhas de ossos humanos, desesperada Ellen correu para algum lugar sem direção, seu grito poderia ser ouvido até mesmo no mais profundo buraco abaixo deles, quando Charles disparou o flash, ele tentou ajudá-la, mas as criaturas á arrastaram para um dos tuneis, eles subiam as paredes com muita facilidade, alguns até pareciam andar no teto da caverna que mais se identificava com o próprio inferno.
Charles não tinha outra opção a não ser tentar sobreviver, os gritos de Ellen aos poucos sumiu na infinita escuridão, soltando flashes ele correu em direção ao maior túnel, não tinha muita opção, alguma coisa ele tinha que fazer, mãos esqueléticas tentavam agarrá-lo.
Mas se defendia com um pedaço de osso, provavelmente um braço, quando finalmente passou de um lado de onde estava até o outro lado do túnel, sentiu uma pequena corrente de ar e aproveitando aquele raro momento, respirou fundo aproveitando cada segundo de ar, lá na profundeza o ar era abafado e quente, tinha que manter a respiração equilibrada para não desmaiar com falta de ar, escutou um barulho de água corrente.
Quando de repente ele caiu dentro de um canal que descia numa velocidade razoável e foi puxado pela correnteza para mais um lugar mais profundo ainda, caiu de uma altura de uns três metros num pequeno lago subterrâneo, mas não menos escura, aquilo tudo sem visão alguma era algo assustador, sua camisa molhada podia mostrar seu coração pulsando desvairadamente.
Ao cair o barulho despertou mais criaturas ainda, e assim que conseguiu sair do lago as criaturas o cercou, na queda ele acabou perdendo o flash, tudo estava acabado, agora era só esperar pela morte de uma forma terrível de se morrer.

No mundo externo...

Já se passaram três dias e nada, nenhuma pista, nenhuma noticia do casal, amigos que tentavam ligar para eles não conseguiam falar, só dava na fora de área ou caixa postal, desconfiados de que alguma coisa estava errada, resolveram ligar para a agencia de viagens que logo contou o que havia acontecido, as outras pessoas do grupo já haviam retornado para seus países, foi então com a ajuda dos amigos o irmão de Ellen, Julio e um amigo do casal chegaram para ajudar e enviar noticias para os amigos e familiares de Barcelona, Julio e o amigo Raul eram especialistas em esportes radicais, principalmente em rapel e como de costume sempre carregavam os equipamentos por onde fossem.
O tempo estava se preparando para chover, apesar dos dias de estiagem, era época de chuvas.
chuva em macchu picchu.
Para entenderem melhor o local, Julio e Raul estudaram um pouco sobre o local.
Machu Picchu é uma ruína inca localizada na Cordilheira dos Andes, no Peru e um dos destinos mais populares entre os viajantes independentes na América do Sul.
Machu Picchu é o sítio arqueológico mais conhecido da América do Sul. Fica a aproximadamente 150 km de Cuzco no Peru. As ruínas ficam em uma montanha a 2500 metros de altura acima do nível do mar e recebem a visita de aproximadamente 500 mil turistas por ano. A porta de entrada para Machu Picchu é a cidadezinha de Águas Calientes, cujo nome oficial pouco usado internacionalmente é Machu Picchu Pueblo, ponto final da linha de trem turística, e onde ficam quase todos os hotéis e restaurantes.
Machu Picchu é a mais velha conhecida ruína inca, porém pouco se sabe de sua história. Nada é mencionado nas crônicas dos conquistadores espanhóis. Conta-se que a cidade foi poupada porque não sabiam de sua existência. Por isso ela durou ainda uns séculos mais.
O sítio foi descoberto pelo historiador americano Hiram Bringman em 24 de julho de 1911. O sítio diferia muito do que hoje conhecemos. Estava coberto pela floresta.
Machu Picchu foi também um grande centro de estudos, onde se ensinava Astronomia, Agronomia, Medicina e Arquitetura. Por isso, é considerada a primeira Universidade das Américas.
Muitos esqueletos foram encontrados, sendo 80% de mulheres. Uma recente teoria diz que era a cidade das mulheres escolhidas do Inca e que já estava vazia quando os espanhóis chegaram à região. Isto explica porque não foi mencionada pelos conquistadores.
Já em Águas Calientes, Julio e Raul conheceram Pablo, o guia que acompanhou Charles e Ellen, depois que Pablo explicou tudo o que havia acontecido, Julio quis ir até o local onde eles estiveram pela ultima vez, depois de seguir a trilha principal que foi o caminho que eles fizeram.
Depois de muita caminhada chegaram ao topo, a vista era fascinante lá de cima, parecia estar em outro mundo, comentou Raul, mas infelizmente não tinha tempo para apreciar aquela paisagem, com a permissão dos militares, atravessaram a cerca para o lado da reserva militar, Julio e Raul prestavam atenção a cada detalhe, infelizmente o tempo estava virando rapidamente, o vento estava cada vez mais forte e a chuva começou a cair, Pablo distribuiu as capas de chuva e foram se proteger na grande pedra onde Ellen esteve pela ultima vez, entre uma pedra e outra havia uma fenda estreita que com sacrifício passava uma pessoa de cada vez e lá dentro apesar do aperto ficaram protegidos da chuva torrencial, era uma forte chuva, mas era passageira, isso era comum na região, depois que a chuva cessou,saíram e continuar a procurar por indícios que pudessem ajudá-los a encontrar Charles e Ellen, com um olhar clínico, uma coisa despertou a atenção de Raul que logo chamou pelo amigo.
- Julio dá uma olhada naquilo.
- o que Raul? Não estou vendo nada.
- como não, percebe para onde a água da chuva está indo?
- é verdade, eu nunca tinha visto isso, se bem que como guia, não atravesso para estes lados, disse Pablo.
- caramba Raul, você é o cara!
Os três correram até o local e tiraram os galhos, folhas e a terra que fechava o buraco, Raul com uma mini picareta fez um desvio para a água correr para outro lado e desvendou o buraco que certamente engolia uma pessoa adulta, Julio jogou uma pedra e inclinou os ouvidos virados para o buraco para ouvir quando ela batesse, assim teria uma idéia da profundidade, mas a pedra simplesmente não bateu em lugar algum, foi literalmente engolida pelo buraco.
o buraco

- esse buraco não tem fim, se eles caíram aqui com certeza estão mortos, mesmo se tiverem sobrevivido por algum milagre, depois de três, praticamente quatro dias, não sobreviveram, disse Raul.
- se já no primeiro dia encontramos uma pista, isso é bom sinal, vamos acreditar até o ultimo momento.
- Pablo, será que os militares não conhecem esse buraco? Eles andam aqui o tempo todo, perguntou Raul.
- acredito que não, eles usam câmeras de segurança, mas só alcançam certas distancia, é mais para proteger a base, já a guarita é mais eficiente porque os soldados usam binóculos de infravermelho, alem de ver ao longe enxergam no escuro, não fazem ronda pela área, por isso os traficantes usam essa deficiência deles para atravessar de um lado para outro usando camuflagens.
Ainda era de dia, Julio não queria perder tempo, queria descer no buraco, mas Raul disse que era muito perigoso, nem sabia qual era a profundidade e o que iriam encontra lá embaixo, (com certeza ele não sabia mesmo) em mais uma tentativa Raul jogou um sinalizador no buraco, se o final dele estivesse próximo iriam ver onde o sinalizador caído, parado em algum lugar, mesmo se não o visse estariam vendo a claridade dele, mas não foi isso o que aconteceu simplesmente o sinalizador foi devorado pela infinita escuridão sem fim.

De volta ao inferno
parede com ossadas humanas.

Indefeso e cansado Charles entregou seu corpo ás criaturas, mas mesmo no domínio do mal, o bem ainda resistia e um milagre aconteceria, pelo menos por enquanto.
Ellen foi levada pelas criaturas que não a mataram, não se sabia o porquê, estava em uma grande sala mortuária, um ser que mais parecia um corpo de um rato gigante e de corpo ereto, estava sentado em um tipo e trono feito com pilhas de ossos, claro que Ellen não via isso, com o corpo desfalecido, estava deitada em uma mesa que era um monte de barro remodelado para formar uma mesa, as criaturas passavam suas garras sobre o belo corpo despido, as bocas com dentes afiados soltavam uma espécie de saliva, como quem estava esperando o momento certo para o banquete.
Enormes ratazanas corriam por toda parte, se escondiam entre as ossadas e restos mortais de animais que caíram pelo buraco ou simplesmente por azar encontraram aquele lugar.

Lá fora...

Pablo foi pedir ajuda para os militares, que logo prestaram toda ajuda, sobre o buraco fizeram uma espécie de forquilha como àquela usada em poços artesianos e amarraram uma corda, antes amarram outra corda com um peso na ponta para saber onde a pedra ia parar de rolar, para surpresa ou não, foram precisos três rolos de corda, sendo que cada rolo media 200 metros, mesmo assim Julio quis descer primeiro equipado e com radio de comunicação ele desceu, a descida demorou mais ou menos 40 minutos porque ele era um pouco mais forte que os dois que caíram, então teve que usar mascara de oxigênio porque seu corpo ficou muito rente as paredes do buraco, um sinalizador desceu logo abaixo de seus pés preso á corda, seu capacete tinha uma lanterna fixa como as dos mineiros, a luz do capacete e do sinalizador foram sumindo aos poucos, mas ele mantinha contato pelo radio preso ao ombro, na própria corda acima dele descia a mochila amarrada com os equipamentos de rapel e de escaladas, ao topar com os pés no chão firme ele avisou que chegou e avisou que não havia ninguém lá e ainda por cima tinha outro problema.
Buraco onde Charles e Ellen caíram.
- qual é o problema agora Julio? Perguntou Raul.
- aqui é muito sinistro, não tem idéia, espera um pouco, estiveram aqui, tem um monte de cipó ou raízes aqui no chão, provavelmente foram arrancados durante a queda, e tem uma garrafinha vazia de água mineral, uma pedra suja de sangue, provavelmente algum deles bateu a cabeça, estão vivos, mas o problema é que o buraco não acabou aqui é uma espécie de abismo, outro buraco pra baixo e uma passagem para o outro lado, mas pelas marcas alguém tentou pular para o outro lado e acabou caindo, preciso que me mandem mais um rolo de corda e um pino para fixá-la no chão.
Enquanto Julio examinava com a lanterna o buraco abaixo, a ajuda vinha a caminho.

De volta ás profundezas.

Mãos cadavéricas estavam prontas para segurar a presa quando um milagre aconteceu, dois traficantes caíram pelo mesmo buraco, um tentou salvar o outro e acabou caindo junto, isso há três semanas atrás, suas armas e alguns equipamentos e treinamentos de sobrevivência na selva os salvaram até aquele momento, comiam raízes e bebiam a água que corria pelo canal natural, por algum motivo as criaturas não entravam na água e quando se sentiam ameaçados eles entravam dentro do canal, equipados com binóculo especial de visão noturna e sub metralhadoras tinham certa vantagem, mas para economizarem munição, usavam os facões para atacar as criaturas que não eram tão resistentes. Mesmo sem poder ver nada, Charles fechou os olhos por instinto para não ver os animais famigerados o atacarem, quando uma rajada de tiros estraçalhou seus devoradores, por mais que tudo fosse assustador, Charles deitou-se no chão ainda se tremendo e muito assustado quando sentiu alguém o puxando pelos braços, na mente ele tentava se lembrar dos últimos momentos de vida lá fora, a despedida dos amigos e parentes em Barcelona e os momentos de felicidade ao lado de Ellen na viagem, ele só conseguiu falar o nome de Ellen, sentindo que ali era o seu fim, mas o que ouviu foi um dos traficantes dizendo para ele se levantar e ficar calmo que ele estava salvo.
- quem é você, parece ser gringo.
Depois de respirar profundamente e se restabelecer do susto, seu coração ainda estava acelerado, vendo apenas os vultos dos homens, ele se sentia seguro pela primeira vez.
- meu nome é Charles, sou espanhol e vim visitar o sitio arqueológico com minha namorada, desobedecemos as instruções do guia e atravessamos a divisa militar para filmar o por do sol entre as montanha, quando voltamos já estava muito escuro e abamos nos perdendo, minha namorada Ellen ia na frente com a lanterna da filmadora, mas eu acabei caindo nesse buraco dos infernos, fiquei desmaiado por quase dois dias, quando acordei, recuperei minha mochila e com o flash da minha câmera consegui ver mais ou menos onde estava, vi uma passagem para o outro lado e tentei pular mas não consegui e acabei caindo em outro buraco, minutos depois Ellen também caiu á poucos metros de atrás de mim.
- e onde está a sua namorada?
- as criaturas a pegaram, a essa altura ela já deve estar morta.
- acredito que não, não dá pra definir muito bem quem são essas criaturas e como elas permanecem aqui embaixo, parece ser algum tipo de mutação, mas não temos tempo pra descobrir isso, mas pelo tempo que passamos aqui, acho que eles não mataram ainda a sua namorada, eles devem a estar reverenciando como rainha ou alguma coisa parecida, nunca vimos alguma criatura que tivesse algum traço feminino, vamos encontrá-la e trazer ela para este lado, aqui estaremos mais seguros, até quando não sabemos, já tentamos seguir o caminho que a água corre, mas ela desce por um buraco que deve dá lá no inferno, porque aqui já estamos muito abaixo do nível lá de cima.
Ao retornar para o outro lado do canal, Charles passou ao lado das criaturas mortas e uma delas segurou sua perna para seu desespero, mas logo a criatura foi finalmente morta com um tiro na cabeça, escalando barranco acima os traficantes ajudaram Charles a subir, lá em cima um exercito de criaturas os esperavam.
- sei que não deve ter visto, mas por acaso tem idéia para onde eles a levaram? Tem várias entradas de tuneis aqui.
- quando e usei o flash e vi que levaram para um túnel á mina esquerda, isso que dizer que é a nossa direita agora.
- tudo bem, você fica aqui com o Ramirez e com a minha arma para ajudá-lo ele dirá para onde terá que atirar, vou procurar pela moça.
- mas você vai sem arma?
- pelo contrário, estou com a visão noturna e ficamos iguais nisso e ainda tenho a lanterna e sobrou um sinalizador que deve durar o suficiente para ir e voltar, o Ramirez ficou com mais dois, se caso eu não voltar, voltem para o outro lado e rezem.

No buraco...
A ajuda chegou, não só chegou como veio acompanhado, um militar desceu com a corda e armado, ordens do capitão.
- pronto senhor Julio, aqui está a corda e o capitão pediu para acompanhá-lo, eu não queria descer aqui, mas ordens são ordens, o que vamos fazer?
- já bati o pino aqui no chão, agora é só amarrar a corda e jogá-la para baixo, e vamos descer por ela.
- mas e se ela for curta? Como vamos fazer?
- se ela for curta e desço escalando as paredes até por meus pés no chão, agora você terá que correr o risco, se quiser pode ficar aqui, mas a corda tem mais 200 metros, não é possível que seja mais fundo do que isso, mas nada é impossível.
Raul desceu fazendo rapel e logo atrás o soldado.

Neruda, (o outro traficante) correu em direção ao túnel que Ellen provavelmente estaria.
Com seu binóculo e sinalizador numa mão e um facão na outra, pelo caminho ia derrubando as criaturas que tentavam se aproximar, chegando até o local onde Ellen estava cercada de criaturas que a estavam admirando, ao lado o chefe sentado no seu trono de esqueletos, com o facão e avançando com o sinalizador Neruda conseguiu matar vários, até colocar Ellen nas costas e sair correndo de volta, com toda aquela agitação Ellen vai abrindo os olhos na escuridão e com a cabeça voltada para as costas de Neruda ela viu a face das criaturas com a claridade amarelada do sinalizador e começou a gritar de pânico e tentando se soltar das mãos de Neruda pensando que estava sendo carregada por outra criatura.
- calma moça, sou amigo, estou salvando a senhorita.
Ellen não acreditava que aquilo tudo estava acontecendo, que era apenas um pesadelo, mas era tão real que... Uma criatura lhe puxou pelo braço e percebendo que não era pesadelo soltou seu grito que ecoou pela treva de escuridão e chegou até os ouvidos de Charles.
- é Ellen, é a Ellen, gritou Charles.
Ramirez correu até o amigo e deu lhe cobertura metralhando as criaturas que vinham atrás, Ellen histérica gritava e se sacudia nos ombros de Neruda que a colocou no chão, Neruda tirou seu casaco de guerrilheiro e cobriu o corpo nu e branco de Ellen, nesse momento Julio e o soldado chegaram do outro lado da caverna e já ouvindo os tiros, sem entender direito o que estava acontecendo, a visão noturna mostrava criaturas estranhas vindo em sua direção tentando atacá-lo, quando tiveram certeza que não eram humanos, um deles tentou morder o soldado que não pensou muito e atirou, ao ouvir os tiros do outro lado, Ramirez e Neruda correram para o lado do canal levando Ellen e Charles, dessa vez como reféns, achando que eram militares invadindo o inferno, mas de uma forma ou de outra era melhor serem presos lá fora do que ficarem dentro do buraco infernal.
Julio gritou pelos nomes de Ellen e Charles, foi ai que Ellen reconheceu a voz do irmão.
- é o Julio meu irmão, estamos aqui do outro lado do canal.
Várias criaturas cercaram Raul e o soldado, ainda ao lado do canal, Ramirez jogou um sinalizador com a intenção de afastar as criaturas dos dois e ao mesmo tempo ver quem estava com a arma, vendo que era um militar, Ramirez iniciou uma conversa.
- meu nome é Ramirez e meu amigo Neruda somos funcionários do Juarez, se tentar nos matar eu mato os dois primeiro.
Agora Charles e Ellen alem de tudo o que passaram, ainda faltava essa, ser reféns de traficantes.
- calma, não queremos prender vocês, estamos aqui para resgatar os jovens, caso se entreguem pacificamente digo ao meu capitão que vocês os salvaram e ele poderá lhe dar o perdão.
Ramirez e Neruda conversaram e acharam melhor aceitar, afinal era melhor isso do que ficar ali no inferno e a fome os estavam deixando fracos.
- tudo bem, nós aceitamos a proposta, mas só entregamos as armas depois de sair desse inferno, respondeu Ramirez.
- ok, então mande os garotos, para cá enquanto damos cobertura a eles.
Ao chegarem até Julio, Ellen abraçou o irmão agradecendo por salva-la, Ramirez e Neruda também se juntaram ao grupo, o soldado tentou informar o pessoal que ficou lá em cima, mas o rádio não funcionou então o melhor era Julio ajudar os dois a subirem novamente o buraco pela corda, apesar de Ellen e Charles saberem escalar, estavam fracos, Julio resolveu subir na frente e quando chegasse lá em cima os puxariam por vez.
As criaturas pareciam que se multiplicavam e se aglomeravam pelo chão, nas paredes e alguns até no teto da caverna tentando alcançá-los, eram tantos que os tiros não davam conta e alguns chegavam a rasgar suas roupas, enquanto Ramirez, Neruda e o soldado faziam escudo para Charles e Ellen subirem, já lá em cima Julio deu sinal para subirem, primeiro foi Ellen e depois Charles, de onde estava o radio de Julio funcionava, Raul insistentemente dizia – cambio, Julio, cambio!
- cambio, estamos bem Raul, encontramos os dois, aparentemente estão bem, vou amarrar a Ellen quando eu der sinal, pode mandar puxá-la, cambio.
- ok, graças a Deus. Estamos aguardando o sinal, cambio.
Assim aconteceu. Primeiro subiu Ellen e depois Charles, lá embaixo os três lutavam contra as criaturas.
- pode subir soldado, nós vamos logo atrás, disse Ramirez.
- não, vai um de vocês, eu vou ficar por ultimo.
Ramirez subiu na frente, depois foi a vez de Neruda, o soldado não estava dando conta e começou a ser atacado, quando lá de cima ainda pendurado na corda, Neruda jogou o ultimo sinalizador o que salvou o soldado, que em seguida começou a subir com as criaturas tentando pega-lo, algumas criaturas ainda se seguraram nas cordas tentando subir e o soldado sem posição para atirar dava pesadas tentando derrubar a criatura, mas finalmente ele conseguiu chegar ao topo da primeira parte do buraco onde estava Julio que ficou por ultimo para regressar ao mundo da luz, quando finalmente ele puxava a corda para recolher, uma criatura o surpreendeu e o agarrou nas pernas puxando para o buraco novamente, mas ele se segurou nas cordas e com a picaretinha deu uma pancada na cabeça do demônio que despencou buraco abaixo.
Amarrou a mochila com os equipamentos na corda e depois se amarrou também e avisou pelo radio para puxá-lo.
Já do lado de fora, uma equipe médica do exército já estava dando os primeiros atendimentos aos resgatados que foram levados para o hospital militar que ficava ali na base mesmo.
Charles e Ellen ficaram com uma proteção nos olhos até que se acostumassem novamente com a claridade, como os traficantes Ramirez e Neruda foram presos em território militar, caberia ao capitão decidir o que faria com eles, mas depois de ouvir a historia deles e a confirmação do soldado, o capitão os liberou com o alerta de não aparecerem mais dentro da reserva, depois de três dias de observação e com a saúde restabelecida, Charles e Ellen foram liberados, com eles só restaram a câmera fotográfica de Charles, a filmadora de Ellen infelizmente ficou lá com a companhia das criaturas do inferno, Julio disse que poderia resgatá-la, mas Ellen implorou para que ele não fosse mais lá, alem disso os militares iriam descer com uma equipe de cientistas para tentar desvendar esse fenômeno sobrenatural.
Mas o que Ellen e Charles ainda não sabiam é que eles foram resgatados durante a madrugada e na manhã seguinte quando a equipe com os cientistas militares mais o capitão retornou ao local onde ficava o buraco, ele simplesmente havia desaparecido, a alta cúpula do exercito peruano resolveram que o caso ficasse em sigilo, sendo que todos os envolvidos assinaram um documento de não divulgarem o caso.
O soldado que ajudou Julio no resgate, conversou particularmente com Charles e Ellen e contou-lhes uma historia contada pelos seus avôs que eram índios da região:
- meus avos contavam que na época do equinócio, as tribos se reuniam em uma só aldeia onde todos ficavam nesse período sem poderem sair para fazer nada, nem caçar, nem pescar, se preparavam com antecedência guardando comida, lenha e tudo que fosse preciso para não terem que sair da aldeia, fazia festas e dançavam para o deus Iti.
Mas para vocês entenderem ao que estou falando vou falar um pouco disso:
- a palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite dura o mesmo tempo. Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol (alvorada ou dilúculo) é o instante em que metade do círculo solar está acima do horizonte e o pôr do Sol (crepúsculo ou ocaso) o instante em que o círculo solar encontra-se metade abaixo do horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os equinócios têm igualmente 12 horas de duração.
Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro e definem as mudanças de estação. No hemisfério norte a primavera inicia em março e o outono em setembro. No hemisfério sul é o contrário, a primavera inicia em setembro e o outono em março. A cada ciclo de quatro anos os equinócios tendem a atrasar-se. Isto implica que ao longo do mesmo século, as datas dos equinócios tendem a ocorrer cada vez mais cedo. Assim, no século XXI só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21 (2003 e 2007); nos demais, o equinócio tem ocorrido em 20 de março. Prevê-se que, por volta do ano 2040, passe a haver anos em que o equinócio aconteça no dia 19. Esta tendência só irá desfazer-se no fim do século, quando houver uma seqüência de sete anos comuns consecutivos (2097 a 2103), em vez dos habituais três. Em várias culturas nórdicas ancestrais, o equinócio da primavera era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com a Páscoa da religião cristã, então segundo meus avos, eles sabiam exatamente as datas que isso aconteceria, pois era época de felicidade e prosperidade para o povo, mas quando a cidade de Machu Picchu foi descoberta, tudo acabou. Um tipo de maldição caiu sobre seu povo, e sobre a região, as plantações não prosperavam, pessoas foram sacrificadas e jogadas em um buraco que o chefe Inca mandou fazer, diziam que pessoas ainda vivas foram jogadas nesse buraco, por isso essa época do equinócio e uma época tenebrosa pelos descendentes dessas tribos, e depois disso eles começaram a acreditar nas datas do solstício.
Os Solstícios abrem o verão e o inverno. Significa que o dia, quando a estação que começa é o verão, tem a duração mais longa que a noite. Ao contrário, quando começa o inverno, no dia do solstício, a noite tem duração mais longa que o dia. É mais tempo escuro, sem sol. Em Junho, ocorre o Solstício de verão no hemisfério Norte, e o Solstício de inverno no hemisfério sul. Em Dezembro ocorre o contrário, Solstício de verão no hemisfério sul e Solstício de inverno no hemisfério norte.
Comemorando anualmente em 24 de junho, o Inti Ray mi é um festival peruano religioso em homenagem á Inti, o Deus Sol, considerado o principal da civilização inca. A festa marca o solstício de inverno do hemisfério sul dos Andes...
...agora o buraco só será aberto no próximo equinócio, quem sabe as autoridades tomarão alguma providencia antes que mais alguém desapareça.
Agora Charles e Ellen sabiam que se tratava de um ritual macabro e talvez sabendo dessas histórias ou lendas, o exército protegia aquele local, o prefeito de Cuzco ofereceu hospedagem e despesas grátis aos quatro jovens para ficar mais alguns dias e aproveitar a viagem, mas eles disseram que já viram o bastante, mas que aceitavam sobrevoar a cidade com bimotor antes de retornarem á Barcelona.

"INTI", DEUS SOL INCA.